O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Brilhantes no caminho — Autores diversos


11

Na inquietação dos tempos modernos n

(A tarefa da Doutrina)

1 Na inquietação dos tempos que correm, os próprios Espíritos, cuja elevada missão devia ser levada a efeito dentro da maior simplicidade, sofrem a influência dos fortes antagonismos da atualidade do mundo.

2 A falsa acusação de que os seus núcleos se constituam em redutos de conspiração contra a ordem social veio encarecer aos olhos de todos a necessidade de sentimentos cristãos no setor da serenidade e da temperança, dentro dos quais possam manter os compromissos em que se acham empenhados.

3 O Espiritismo vem justamente coordenar os elementos dispersos pela desorganização das ciências sociais, conduzindo as criaturas em suas atividades para o equilíbrio e para a ordem. 4 Nenhuma doutrina oferece dados mais exatos para a construção da harmonia social que aquela formada dos seus ensinamentos consoladores. 5 Dentro das suas atividades, conhece cada um o absurdo das teorias igualitárias absolutas, considerada, no seu justo sentido, a necessidade do esforço individual para a catalogação dos valores de cada personalidade, no instituto das provas purificadoras. 6 A própria reencarnação, com as suas confortadoras verdades, demonstra o impositivo da igualdade irrestrita no plano das aquisições de cada um na edificação de si mesmo.

7 Solidariedade e tolerância, a caminho da paz e da fraternidade universais, não constituem elementos de subversão ou de desordem, mesmo porque somente no Cristianismo Redivivo, tal qual no-lo apresenta o Espiritismo, em sua feição pura e simples, pode orientar as novas filosofias sociais dentro das organizações coletivas que hoje sofrem as mais amplas renovações, filhas das intenções generosas e puras, conhecendo, desse modo, a necessidade de caminharmos, assim mesmo, vagarosamente, para a uniformidade das interpretações, na observância d’Aquele que é a luz da humanidade.

8 Requisitar o apoio da justiça do mundo para a garantia da verdade? Bem reconhecemos quão precária é essa mesma justiça da Terra. 9 Mirem-se, os espiritistas, em Jesus. A grandeza do Mestre na condenação do pretório e nas humilhações do Calvário não reside tão somente na fortaleza da divina Vítima. 10 Reside muito mais na sua humildade que, confiando no Pai celestial, prescindiu de todo o socorro das organizações meramente humanas dos aparelhos estatais.

11 Entretanto, examinado o problema, é justo que os espiritistas, gratuitamente acusados, venham a campo, na estrada das reivindicações? Sob o ponto de vista humano, nas expressões sociais e políticas do mundo, semelhante iniciativa estaria certa, mas sob o ponto de vista espiritual consideramos que os cristãos sinceros não podem esperar a compreensão das horas que passam.   12 Entreguem-se ao Senhor de todos os tempos, purificando-lhes os ambientes, sem permitir que os corações se contaminem ao toque das organizações e concepções viciosas da atualidade. 13 Não é lícito que a verdade peça socorro às convenções transitórias. De posse dela, a criatura sabe sofrer, aprender, consolar e esperar. Com ela guardamos uma concepção mais justa, com respeito aos dois infinitos que constituem o espaço e o tempo.

14 A principal função do Espiritismo está adstrita à grande obra de educação e de consolação no plano da reforma de cada qual com o divino Modelo. 15 Atravessa o orbe os períodos mais dolorosos e mais críticos. Organizam-se os estados mais fortes. 16 A sua missão e o seu primeiro objetivo é a transformação de todas as coisas e de todos os indivíduos para o bem e temos, todavia, de reconhecer que dentro da feição liberal da sua doutrina pode parecer que os seus prosélitos experimentam uma certa hipertrofia da liberdade, mas como não ser assim se essa mesma doutrina é a liberdade ampla na busca do conhecimento superior? 17 Daí o reconhecimento, igualmente, que dentro dela há lugar para todas as vozes e para todas as opiniões, desde que, muito embora respeitando a justiça dos homens, sigam a Jesus que, na epopeia gloriosa dos seus sofrimentos, poderia ter solicitado a garantia dos direitos humanos, provocando a organização de um processo, onde fosse especificada a procedência da calúnia que o conduziu aos julgamentos cegos da justiça do mundo.   18 Entretanto, os seus lábios estiveram mudos. E foi nessa certeza de que a Justiça em si mesma não se encontrava na Terra, no desprendimento das glórias humanas no reino da iniquidade, na renúncia de tudo, que residiu a luz misteriosa e infinita que iluminou o Calvário, atravessando os séculos até os nossos dias.


Emmanuel

(22/12/1937) 



[1] O título da mensagem original é o que se encontra (entre parêntesis), foi publicada na íntegra em 2007 pela editora VL, e é a 400ª lição do livro: “Deus conosco”. — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir