“A oração é o milagroso poder do silêncio.”
1 Mamãe querida. Pedindo-lhe me abençoe, rogo a Jesus não nos falte com a sua proteção e arrimo.
2 Sei quanta dor lhe convulsiona o espírito nestes dias nublados de expectação. Suas preces caem sobre as minhas lembrando gotas de fel, tão grande é a tempestade que lhe agita o espírito valoroso.
3 Mamãe, estas horas são aquelas de aflitivo calvário em que nossas almas encontram os primeiros albores da ressurreição.
4 Se pudesse, lavaria seus pensamentos, dele expulsando todas as mágoas, se me fosse possível, tomar-lhe-ia o lugar para lutar e sofrer… Entretanto, a lei me constrange a identificar-lhe os padecimentos sem a possibilidade de remediá-los.
5 Ainda assim, acompanho-a, passo a passo, na certeza de que a cruz dividida será sempre menos pesada. Nossos problemas continuam, quais gigantes constrangedores, em cujos braços nos contorcemos. Mas Jesus, sempre compassivo, não nos relega ao abandono.
6 A questão de “W…” é, sem dúvida, muito dolorosa, contudo, não nos esqueçamos da prece. A oração é o milagroso poder do silêncio.
7 Se pudesse opinar nos acontecimentos que se desenrolam, creio que a senhora, nosso anjo guardião, deve acompanhá-lo no transe que se aproxima. Isso se for possível e se pudermos contar com o apoio dos nossos companheiros em família, pois sei que as lutas trazidas no 1953 que findou, são ainda enormes, no setor dos compromissos que o seu devotamento foi obrigado a abraçar.
8 Creia, porém, que o nosso esforço por afastá-lo do suicídio tem sido grande. O pobre irmão não sabe concatenar as próprias forças para a resistência moral indispensável e, por isso, facilmente se torna aprisionado da influência dos desafetos do passado que ressurgem no presente tormentoso. n
9 Não o vejo, há alguns dias, entretanto, somos vários companheiros a segui-lo de perto, na tentativa de soerguer-lhe a esperança. Indo a senhora observar as fases finais do assunto, guarde a certeza de que estaremos juntos.
10 O tesouro das mães será sempre o amor aliado ao sacrifício. E com essa riqueza de carinho e sentimento, admito que ainda podemos fazer algo, ainda mesmo quando este algo seja um bálsamo de socorro que atenue as penas e as aflições suscetíveis de maior amplitude, com a nossa ausência.
11 Recordemos nossa Mãe do Céu e roguemos a Ela forças…
12 Por enquanto, nada posso prever, mas mantenho a convicção de que Jesus não nos deixará sem o apoio preciso. Confiemos. Ainda que a subida nos sangre os pés, não desfaleçamos.
13 O Senhor que é o Senhor encontrou a ressurreição depois da Cruz. Assim entendendo aceitemos o madeiro de nossos pesados testemunhos e conservemos a fé por nossa mais alta advogada nos dias escuros que vamos atravessando.
14 Quanto à nossa “I.”, auxiliemo-la com o nosso pensamento alçado a Deus. Ela está entregue ao Nosso Pai de Infinita Bondade. Que as dívidas de ontem sejam resgatadas nas lágrimas de hoje. Tudo o que nos é possível fazer, estamos providenciando em seu favor.
15 No momento, “W…” é a nossa preocupação maior. Centralizemos nossas almas no auxílio a ele. Receio não saiba o querido irmão suportar a prova redentora. Apesar de tudo, mamãe, não estou desanimado. Temos vencido outras batalhas e curado outros amargores.
16 Jesus é o nosso Companheiro Divino na jornada. Ainda uma vez, peço-lhe para que as nossas mãos permaneçam seguras nas Dele, nosso Guia Infalível, que, muitas vezes, nos conduz à alegria por intermédio do sofrimento, assim como nos impele à luz do dia, através das sombras da noite.
17 Papai vai indo muito bem. n Espero possa ele, em breve, trazer à senhora uma carta. Vovó Georgina n e Tia Margarida n estão presentes. Rogam-lhe confiança, coragem, bom ânimo.
18 E repetindo meus votos ardentes no Nosso Eterno Benfeitor para que a luz do Alto nos esclareça e nos oriente o caminho a seguir, com lembranças carinhosas para Nonô e as meninas, beija o seu coração amoroso, com muito reconhecimento, com muito afeto e com muita ternura o seu filho, sempre seu e sempre ao seu lado.
William
[42] Mensagem recebida em Pedro Leopoldo no dia 11/01/1954.
[43] É do conhecimento espírita que todos aqueles que se dedicam no mundo aos pensamentos de autodestruição e desânimo se veem presos a influenciações menos edificantes e menos felizes do Plano Espiritual, que se lhes afinizam com a ideia mórbida. Muitas vezes, desafetos do passado disso se aproveitam para solaparem as energias dos tristes comparsas encarnados, dilapidando-lhes a paz espiritual. Nestes casos torna-se imprescindível a vigilância e a oração como normas de assepsia mental e saúde orgânica. Já nos afirmava Jesus convincente, pelo Evangelho de Mateus, capítulo 17, versículo 21: “Mas esta casta de Espíritos não se expulsa senão por meio de oração e jejum!” Jejum este dos pensamentos e atos negativos e oração como meio de ligação com as Forças de Mais Alto. Eis a fórmula da paz espiritual que todos nós almejamos.
[44] Referência ao pai já desencarnado.