| 1 — “Que pode um desencarnado
Dizer sobre educação?”
Eis aqui sua pergunta
Caro amigo Viamão.
2 Educação — velho tema
Que se estuda por dever,
Tão fácil de se explicar,
Tão difícil de entender!…
3 A Terra é uma grande escola
Do bem suprimindo o mal,
Como agora a reconheço
Da Vida Espiritual.
4 Para que tempo no mundo,
Entre passado e porvir?
Para que se nasce e morre
Senão para se instruir?
5 A pessoa ganha o berço
Para a conquista do bem,
Se aprende, trabalha e serve,
Vai seguindo Mais Além…
6 O Espírito, em qualquer parte,
Pode o que pensa que pode,
Mas, em se achando na Terra,
Aí é que a luta explode.
7 Raro o Espírito encarnado
Que aceita o que deve ser,
A maioria, entre os homens,
Sofre o medo de sofrer.
8 E receando ferir-se,
Intenta fuga ou disfarce,
Recusando o próprio ensejo
De educar e de educar se.
9 Agora, depois da morte,
Bastante tempo depois,
É que entendo os casos tristes
Que passaram por nós dois.
10 Tim renasceu com problemas
Para obter disciplina,
Tendo o sexo lesado
Suicidou-se com morfina.
11 Tânia pediu casa em provas,
A fim de aprender a amar,
Ligada a um marido enfermo,
Largou-se do próprio lar.
12 Querendo aprender perdão,
Tomé pediu outra vida,
Achando pais exigentes,
Deslanchou para a bebida.
13 Ao tentar conformação,
Nosso Alarico Machado,
Internado na penúria,
Suicidou-se revoltado.
14 Buscando olvidar paixões
Gil nasceu de Ana Noronha,
Mais tarde, tendo conflitos,
Abandonou-se à maconha.
15 Tônio querendo mais fé
Pediu luta e tentação,
Na Terra, falava em Deus
Trazendo um porrete à mão.
16 Rogou missão de educar
Dona Jurana Junquilhos,
Mas podava as pimenteiras,
Desprezando os próprios filhos.
17 Para ajudar entes caros
Noé nasceu na Água Branca,
Hoje, pai, só mostra em casa
Tristeza, grito e carranca.
18 É isso aí… Educar
É serviço dos serviços,
Mas quão difícil honrar
Nossos próprios compromissos!…
19 Para mim mesmo essa bênção,
É luz de Deus a brilhar,
Mas tenho, para obtê-la,
Muitos séculos que andar…
Cornélio Pires
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