O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Assuntos da vida e da morte — Familiares diversos


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Lilian Guadalupe Alves

20.05.1957, Belo Horizonte, MG. — 13.08.1976, Belo Horizonte, MG.

Sua formação religiosa permitiu-lhe que muito cedo incorporasse os ensinamentos de Jesus em sua vida, traduzindo-os por amor e respeito aos seus semelhantes, e uma excessiva preocupação com a Natureza, defendendo-a sem tréguas.

Assim viveu, sempre com um sorriso de bondade.

Em família, tinha nos pais João Alves Batista Jr. e Vilma Guadalupe Alves, e na única irmã Heliane, a segurança, o amor, o carinho, enfim, tudo o que necessitava para cumprir os compromissos da presente encarnação.

Sempre muito estudiosa, não encontrou dificuldades para vencer o vestibular e iniciar seu curso, tão esperado, de odontologia, na Universidade Federal de Minas Gerais.

Relata sua mãe, que uns três meses antes, como que pressentindo a partida, mudou radicalmente o comportamento, tornando-se mais tensa, triste, preocupada, sentindo algo indefinível dentro de si.

Assim, Lilian cumpriu sua encarnação e nos dá notícias confortadoras do Plano Espiritual, ensinando-nos que a individualidade do Espírito é fator de importância para o entendimento do processo de desencarnação e readaptação no Plano Espiritual.


DEPOIMENTO


Naquele 13 de agosto nunca poderia imaginar que passaríamos por prova que mudaria totalmente nossas vidas.

O desespero, a tristeza, porque não a revolta contra tudo e contra todos.

A Uberaba fomos algumas vezes, mesmo contra a vontade do meu marido. A mensagem de Lilian, na nossa terceira ida, veio repleta de respostas a pensamentos íntimos do pai, que não os havia partilhado com ninguém, servindo de bálsamo para o seu coração.

Como as mensagens de Lilian têm ajudado… Todos os que as leem afirmam que recebem conforto, paz interior, e compreendem onde é a “verdadeira vida”.

Mas todo esse conforto, essa ajuda que tivemos, devemos ao nosso abnegado irmão Chico Xavier.

Como agradecer? Palavras? Não as encontramos no vocabulário para expressar nossa gratidão a essa abnegada criatura chamada Chico Xavier.


Vilma Guadalupe Alves


MENSAGEM


1 Meu querido papai, querida mãezinha, rogo me amparem, com a bênção de sempre.

2 Estou aturdida, ignorando como escrever-lhes assim, apressadamente, auxiliada por outras mãos, que me fazem compreender o valor do tempo. Posso, entretanto, dizer que procuro trazer as minhas notícias mais com lágrimas do que com as palavras.

3 Pai querido, sinto-me ligada ao seu coração de tal modo que os seus pensamentos agem e reagem sobre mim de estranha maneira. De repouso a repouso, sinto-me despertar com a sua presença dentro do meu coração, se posso assim exprimir-me.

4 Compreendo quanto auxílio recebemos, ambos, da querida mãezinha, que me procura nas ideias e orações da fé em Deus, mas, em verdade estou em seu pensamento, à maneira da hera, que cobre um tronco forte e maravilhoso, impedindo-o de florir, como de costume. 5 Por isso mesmo, ainda não pude desvencilhar-me das primeiras impressões que eu trouxe da ocorrência dolorosa em que me envolvi, sem saber controlar os meus sentimentos no susto de que me vi tomada, diante da desencarnação violenta.

6 Primeiro foi a pancada que não consigo definir, sem lembrar-me se foi meu corpo que bateu em alguma barreira de ferro ou se foi alguma barreira de aço que desabou sobre mim.

7 Como apaguei não saberia explicar; antes de tudo foi uma sombra grossa que me cobria a razão e depois um espécie de sonoterapia compulsória.

8 Não tenho discernimento ainda para fixar o tempo em que me vi nesse estado. Sei apenas que ouvia as expressões de dor da mamãe e as suas palavras para mim. Eram como se fossem nuvens de pranto me afogando em aflição.

9 Pai querido, não me pergunte mais se estou viva, não indague sobre Deus… sua filha está fatigada, precisando de sua esperança. Você, papai, sempre amoroso e tão dedicado a nós, me auxilie, mentalizando-me viva e não morta.   10 Sei que não é fácil a separação para quem ama. Não creia, porém, que eu também não sofra a dor que se abateu sobre nós. 11 Mãezinha, sabe que meu amor ao seu carinho foi sempre e ainda será sempre a riqueza maior que eu tenho. Não seguirei adiante sem vê-lo mais tranquilo. 12 Estou presa à sua ternura e não desejo outra situação além dessa, enquanto a alvorada de luz, da fé viva de que necessitamos não estiver brilhando em seu peito. 13 Ajude-me, compreendendo que a vida não termina com a petrificação do corpo. Preciso, meu pai, de sua confiança na Divina Providência.

14 Por agora, não saberia esclarecer o porquê de minha vinda para cá, no improviso em que nos vimos, mas já posso dizer ao seu carinho que o corpo estragado num acidente é igual a um vestido que se rasga quando não se espera.

15 Pense, papai, e logo que puder, deixe que a alegria penetre em seu íntimo. Isso me conferirá novas forças.

16 Recebi todos os seus pensamentos no casamento de nossa querida Heliane, n porque a todo instante, você e mãezinha me lastimavam a ausência que realmente não se verificou. 17 Vocês queriam que eu também tivesse o mesmo destino da minha querida irmãzinha, mas isso não constava de minha permanência na Terra.

18 Estou contente ao ver a felicidade da irmã querida, no entanto, pai querido, às vezes, noto-lhe lá no fundo do espírito, nobre e belo, a ideia de que morrer será melhor. Não pense assim. 19 Melhor será sempre cumprir todos os deveres que Deus nos traça pelas circunstâncias da vida.

20 Não quero dizer que o propósito de autodestruição lhe venha aos pensamentos, mas sempre tive medo do desânimo, porque é pelo desânimo que a ideia de uma retirada prematura da experiência humana costuma aparecer.   21 Sei que você, querido papai, relembra mortes voluntárias de seu conhecimento e começa a refletir sobre esse assunto. Rogo, porém, a você e mãezinha, me auxiliarem com a coragem.

22 Temos tanto a fazer, tantos corações precisando de assistência e de amor que é impossível perdermos tempo, julgando que se deva esperar pela morte com a descrença a esfriar-nos a vida e o coração.

23 Querido paizinho, ajude-me. Aqui estou auxiliada pelo amigo que se deu a conhecer como vovô Batista, n abençoando-me por neta.

24 Não me procure nas letras que garatujo na pressa de atender a um esquema de trabalho em que não posso parar, a fim de refletir. Procure-me presa a você mesmo, encarcerada na grade das frases que estou alinhando, na ânsia de me fazer sentida e ouvida. Não posso escrever mais.

25 À medida que sua mente se desanuviar, querido papai, creio que me livrarei da névoa que ainda me obscurece os pensamentos.

26 Rogo para que não culpem e nem se desagradem com ninguém.

27 Estarei feliz ao vê-los felizes. Melhorarei ao reconhecê-los mais fortes.

28 E confiem com mais segurança em mim mesma, no mesmo passo em que se mostrem mais firmes na certeza de que Deus não nos abandona.

29 Reúno os dois num beijo de muito carinho, pedindo à mamãe para que não se aborreça se me inclinar mais fortemente para o pai querido, que tem sofrido tanto por minha causa.

30 Mãezinha querida e meu querido papai, recebam os dois todo o coração repleto de muito amor e gratidão da


Lilian

Lilian Guadalupe Alves

24.02.1978    


ELUCIDAÇÕES


1) Heliane Alves Guimarães — Sua única irmã, casada com Lucas Gontijo Guimarães.


2) João Alves Batista — Avô paterno, desencarnado em 23.05.1968.


Paulo de Tarso Ramacciotti


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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