O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Assuntos da vida e da morte — Familiares diversos


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Elizabete Aluotto Scalzo Palhares

03.05.1944, Belo Horizonte, MG. — 16.04.1976, Belo Horizonte, MG.

Sua presença tinha o poder de encantar o ambiente, mercê de sua simpatia, vivacidade e da alegria que irradiava.

Sempre ligada à Doutrina, desde a infância frequentava o movimento espírita, acompanhando a mãe, avó e tias, alicerçando sólidos conhecimentos doutrinários.

Casou-se aos 18 anos com o Sr. José Maria Palhares Filho. Esposa dedicada, mãe exemplar, formando com as três filhas, Alcione, Luciana e Juliana, um ninho de amor, inspirado nos ensinamentos cristãos, o que lhe possibilitou um despertar lúcido e equilibrado, na Vida Espiritual.

A mensagem que publicamos foi dirigida à sua tia Nenem, cujo depoimento segue adiante.


DEPOIMENTO


Logo após o desenlace de Bete, recebemos a bênção das primeiras notícias pelo nosso amado Chico Xavier, que nos reconfortou em encontro pessoal, aliviando-nos da pressão de mil comentários surgidos, como sói acontecer em circunstâncias como as desses dias.

Graças a Deus, aquietaram-se nossos corações, aceitando tudo como desígnio de nosso Pai.

Outras generosas palavras continuaram acalentando nossas almas.

A primeira mensagem psicografada por nosso querido Chico Xavier, recebemos após quatro anos, em 1980, em reunião pública, no Grupo Espírita da Prece, Uberaba-MG.

Momentos inesquecíveis de alegria, banhada pela bênção das lágrimas, desafogando-nos a alma…

Bendito seja, Chico Xavier querido!


Maria Philomena Aluotto Berutto

(Nenem)


MENSAGEM


1 Querida Nenem, n Deus nos abençoe. Vejo a nossa Ana com o Horvânio n ao nosso lado e peço a Jesus nos ampare a todos, a lembrar-nos dos nossos corações queridos, ausentes dos nossos momentos de intercâmbio.

2 Creiam vocês que não é fácil manejar o lápis, como quem telegrafa. Tudo vertiginoso, como se devêssemos gravar os próprios pensamentos numa fita magnética, sem muitas possibilidades de pausa para pensar.

3 Que me encontro sequiosa de contato com vocês, isso é inegável. Principalmente com a mamãe que me aguarda as palavras, com aquele carinho que lhe conhecemos… Entretanto, condensemos os assuntos para que o tempo não nos acuse de desperdício.

4 O 16 de abril de 1976 foi um marco inesquecível. n Lutei para ficar, e vocês sabem disso. Não me conformava, a princípio, com a ideia de me afastar da casa por imposição da morte que, afinal, era uma intrusa em nossa felicidade.

5 Acompanhei com a maior lucidez todos os tratamentos do remate que se indicava ao meu corpo exausto, embora a minha vontade de permanecer preponderasse em todas as providências. Por fim, já não se fazia possível a resistência. 6 Procurei apegar-me às orações dos amigos, da mamãe, e dos parentes. Às vezes, resignada, de outras vezes, contrafeita.

7 Chegou, porém, o instante em que no sono pesado pelo qual tanta gente atravessa, quando de regresso à Vida Nova, enxerguei com clareza a vovó Carmela n que me pedia aceitar os Desígnios de Deus. Aquela ternura da mãe-anjo a envolver-me, com aquelas recordações dos primeiros dias da vida, aquele amor…

8 Ah! Nenem, como opor qualquer corrente contrária à bênção que me envolvia?… Admiti, por fim, render-me à evidência… Era muito o que se exigia de mim, no entanto, não me restava senão deixar vocês todos — a família querida — o esposo e os filhos do coração…

9 Vovó Carmela abraçou-me, como quando me embalava em criança, acariciando-me para que lhe aceitasse o colo para dormir. Dormi soluçando, mas confortada, diante do socorro que se me estendia…

10 Depois, foi o despertar… O leito alvo e o ar puro. Respirava de novo sem a ideia de que remédios me cercavam…

11 Lembrei-me de nossas conversações em torno da transferência de uma vida para a outra vida e procurei na prece o meu refúgio para errar menos no primeiro contato com a verdade.

12 Foi ainda vovó Carmela quem me preparou os conhecimentos novos. Achava-me na Vida Espiritual e devia estar corajosa para concordar com os fatos havidos. 13 Naturalmente que não ouvi as explicações sem muitas lágrimas. O corpo doía bastante e reconheci que todo o meu tratamento se fizera muito mais no chamado corpo espiritual do que no veículo físico.

14 Depois vieram muitos dos nossos que me haviam precedido. A tia Paulina n não podia deixar de ser aquela que igualmente me proporcionaria novas forças. Abraçou-me, mas se eu supunha naquela hora que iria ela reviver todo o drama da partida em que a vimos acidentada com as meninas e os netos no desastre que nos fizera sofrer tanto, estava eu muito enganada…

15 Falou-me de paz e otimismo, de esperança e resignação. Abriu-me ao entendimento horizontes novos. Era preciso ser forte, para auxiliar ao nosso querido José Maria, n tanto quanto ela própria se esmerava em assegurar a melhor posição à saúde de Chafir e do Maurício. n

16 Aquela coragem me impressionou. Pensei em mamãe Hilda, com tantos encargos e nas crianças que eu deixava. A força começou a renascer por dentro de mim…

17 Contatos com Márcia Maria e com Maria Helena não foram diferentes. Ambas se preocupavam em auxiliar aos que haviam ficado, sem qualquer laço de egoísmo a lhes prender os corações.

18 Outros amigos, com o papai n à frente, vieram ao meu encontro; e os dias, a se sucederem uns aos outros…

19 Conquanto recebesse o pranto oculto de mamãe e das meninas em meu próprio coração, entreguei-me efetivamente àquela afirmativa, do Pai Nosso — “seja feita a vossa vontade” e mergulhei na certeza de que todos pertencemos a Deus e que no Amparo Divino é preciso esperar o suprimento de nossas necessidades e não de nós. Desde esse instante de rendição, encontrei as energias precisas para o retorno a casa.

20 Comecei o meu trabalho de cooperação com a família, tentando erguer o ânimo da mamãe, de quem me habituara a receber tranquilidade e renovação. 21 Comecei a perceber quão difícil se faz para os Espíritos libertos a tarefa de auxiliar aos que permanecem na retaguarda, porque não é fácil retirar a mente da criatura dos condicionamentos em que a pessoa intimamente se refugia; mas encontrei em nosso Chico n o irmão querido, o meu São Francisco de casa, um excelente apoio que me recolhesse e transmitisse o apoio às filhas queridas.

22 O querido irmão, sob as instruções da mamãe Hilda, passou a ser um pedaço de mim própria junto de Alcione, da Juliana e da Luciana e fomos para a frente…

23 Agora, querida Nenem, com o casamento da filhinha, peço a você dizer à mamãe Hilda que estou mais aliviada e partindo para outra realização — aquela de colaborar com o esposo que deve restaurar-se na situação precisa. Meu pai me amparou muito em meu novo entendimento. 24 O segundo matrimônio é um lar mais firme pela experiência dos fundamentos edificados no primeiro. Ele me fez ver os benefícios da presença do nosso estimado amigo Ary, n protetor generoso de nosso grupo doméstico e passei a entender que o José precisa de se realizar em novo estado que lhe restitua a tranquilidade de homem moço, necessitando da segurança doméstica, a fim de se achar propriamente mais senhor de si.

25 Aqui, se aceitamos Jesus, as afeições possessivas desaparecem, dando lugar a uma compreensão que se nos afigura verdadeira bênção de Deus. De muito pouco nos valeria uma dedicação agressiva, pronta a se prender nos entes amados, sem liberá-los para que possam viver por si mesmos. Graças a Deus entrei nessa embarcação do amor espiritual e tenho a felicidade de verificar que o lar vai se reajustando, como é preciso.

26 Peço a você dizer à mamãe que tenho estado, quanto possível em companhia dela, do Roberto, do Renato, do Chiquinho e do Sérgio Ricardo n e peço-lhe se mantenha na calma, firmeza da qual lhe recolhemos sempre tantos exemplos de devotamento e fé, paz e segurança de espírito.

27 A Mamãe Rita n foi para mim aquela enfermeira que me indicava remédios na infância; o nosso amigo Badiºn foi um benfeitor e ainda está sendo nos passes e nos diálogos com os quais me auxiliou a me levantar por dentro de mim própria; o Berutto n é o amigo de sempre e toda uma equipe de afeições queridas me sustenta o reerguimento para as tarefas a que me vejo empenhada.

28 Vejo a nossa querida Ana Carmela e rogo-lhe prosseguir sendo a mesma.

29 Aparecem tantas alterações no mundo em que nos achamos que nos conturbamos a pensar que as criaturas queridas são capazes de perder a paz que desfrutam. O Horvânio, como sucede a qualquer homem jovem, é obrigado a facear muitas lutas e se não encontrar em nossa Ana a força necessária para superar-se, naturalmente que as dificuldades dele se ampliarão.

30 Acompanho todas as ocorrências com os nossos, e peço a Deus abençoe o José Olímpio e o Giacomo. n Tanta gente nos vem à lembrança, mas é preciso terminar esta carta.

31 A nossa Jandira n está bem. Peço transmitir a notícia ao tio Francisco e dizer a ele que o Chafirzinho está um grande rapaz, sem qualquer trauma, porquanto ele se liberou, na desencarnação, ao mesmo tempo que os nossos.

32 Querida Nenem, agradeça ao Chico por todas as bênçãos da colaboração dele junto às meninas.

33 Espero que o nosso caro José Maria seja muito amparado e muito feliz. Ele sempre fez por merecer o melhor que nos possa vir de Deus.

34 Agradeço na pessoa do amigo Peralva n o auxilio que recebi dos amigos nossos, e aqui encerro. Com mamãe Hilda os meus pensamentos de paz e amor.

35 Muitas lembranças à tia Lina e a todos. Muita gente não comparece em minha lista, mas estão todos os nossos afetos em meu coração.

36 Por último, rogo a você solicitar de mamãe a certeza de que voltei para cá em tempo certo.

37 Não houve ocorrência anormal alguma em meu tratamento que suscitou tantas opiniões das quais não partilhei e, nem a realidade tomou conhecimento quanto aos pareceres contraditórios que nos cercavam.

38 Você, querida Nenem, desejava a nossa palavra. Aí estão! Quantas, nem sei.

39 Muito amor às filhinhas, e para você e mamãe Hilda, todo o coração de sua


Bete

23.08.1980    


ELUCIDAÇÕES


1) Maria Philomena Aluotto Berutto, notável educadora, destacada militante espírita, particularmente respeitada pela sólida cultura, aliada ao acendrado amor à causa de Jesus que, pessoalmente podemos testemunhar, vivencia a cada minuto de suas lides na Terra. Presidente da União Espírita Mineira, diretora do jornal “O Espírita Mineiro” e do Colégio “O Precursor”.


2) Ana Carmela Aluotto Aleixo — Prima de D. Elizabete, casada com o Sr. Horvânio Brant Aleixo, presentes na reunião em que a mensagem foi psicografada.


3) 16 de abril de 1976 — Data do seu falecimento.


4) Carmela Caruso Aluotto — Avó materna. Espírita praticante, desencarnou em Belo Horizonte no dia 29.03.1948.


5) Paulina Aluotto Ferreira — Tia materna, casada com Chaffir Ferreira, teve três filhos: Temer Maurício Ferreira, Maria Helena Ferreira Meniconi e Márcia Ferreira Augusto. Faleceu em acidente aéreo ocorrido no Pico do Caparaó, em 1968, quando retornava de Guarapari, ES, acidente onde faleceram nove pessoas da família: D. Paulina, suas filhas Maria Helena e Márcia Maria com seus respectivos filhos Marcos Jr., Andrea, Paula Maria, Paulo Márcio, e mais dois netos, Chafir Neto e Denise, filhos de Temer Maurício Ferreira. José Maria Palhares Filho — Marido de D. Elisabete.


6) Francisco Scalzo — Pai de D. Elizabete, desencarnado em Belo Horizonte.


7) Francisco Scalzo Filho — Seu irmão que se dedicou com muito amor na criação e formação de suas filhas. Alcione — Juliana — Luciana — As filhas de D. Elisabete.


8) Ary Machado — Padrasto de D. Elisabete.


9) Roberto Aluotto Scalzo, Renato Aluotto Scalzo, Francisco Scalzo Filho e Sérgio Ricardo Aluotto Scalzo — Seus irmãos do primeiro matrimônio.


10) Mamãe Rita — Guia Espiritual que vela pela família, orientando-a nas frequentes reuniões promovidas na intimidade do lar.


11) Badi Elias Curi — Grande trabalhador da causa espírita. A família deve a ele a iniciação no Espiritismo. Foi presidente da União Espírita Mineira e do Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, de Belo Horizonte. Participou ativamente das reuniões do Cenáculo Espírita Tiago Maior e Cenáculo Espírita Antônio de Pádua, dedicados ao culto domiciliar. Desencarnou em Belo Horizonte no dia 30.03.1962 no exercício da presidência da União Espírita Mineira.


12) Adriano Berutto — Esposo de D. Nenem. Sempre ligado ao movimento espírita, foi quem levou a família a conhecer a Doutrina. Membro do Conselho Deliberativo da União Espírita Mineira, desencarnou em Belo Horizonte no dia 27.07.1964.


13) José Olímpio de Carvalho Aluotto e Giacomo Aluotto Neto — Primos de D. Elisabete, filhos de D. Jandira Carvalho Aluotto e Sr. Francisco Aluotto, também citados na mensagem.


14) Jandira Carvalho Aluotto — Casada com o Sr. Francisco Aluotto, tio materno de D. Elisabete, desencarnada em Belo Horizonte a 07.05.1979. Esta citação é muito importante. Refere-se ao acidente aéreo. O Sr. Francisco trazia em seu íntimo excessiva preocupação, desconhecida dos familiares, com a desencarnação do Chafirzinho, imaginando-o só em meio àquela tragédia. O esclarecimento sobre o seu despertar para a Vida Espiritual trouxe o conforto que buscava ao longo destes anos…


15) José Martins Peralva Filho — Natural de Buquim, SE, amigo da família, radicado em Belo Horizonte desde 1949. Jornalista, escritor e orador espírita, Diretor da União Espírita Mineira. Lídimo representante da geração que impulsionou o Espiritismo no Brasil, a quem o movimento de hoje deve o mais profundo preito de gratidão.


Paulo de Tarso Ramacciotti


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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