Filho caçula do Dr. André Monteiro Rodrigues e D. Helena (Edna) Monteiro Rodrigues. Os irmãos André, Adilson e Márcia completam-lhe o círculo familiar que cultivou com tanto amor em sua curta existência.
Na ocasião, cursava a Faculdade de Engenharia de Bauru, no interior paulista. Neste livro, publicamos uma das mensagens recebidas pela mediunidade de Chico Xavier, onde extravasa seus sentimentos, colocando-se em privilegiada posição espiritual, que lhe permitiu a participação em importantes socorros promovidos por abnegadas entidades do Plano Maior.
O profundo conteúdo de suas cartas mediúnicas, podemos senti-lo no depoimento do pai, que mostramos a seguir.
DEPOIMENTO
A princípio toda a família não se conformava.
Com o passar do tempo, amigos espíritas que nos visitavam, traziam notícias do Wellington e do Carlinhos. (Amigo também vitimado pelo acidente) Aceitávamos tudo, mas não nos conformávamos.
Por sugestão de um médico amigo, Dr. José Apolinário, fomos a Uberaba procurar Chico Xavier.
Dentro da casa do Chico, tive a felicidade de ouvir que o Wellington estava presente, em companhia do avô, Sr. Oswaldo, meu pai… Neste momento, não me contive, e as lágrimas encharcaram-me a face.
À noite, já na reunião, Chico psicografa a primeira mensagem do meu filho.
Ouvi sua leitura em prantos…
No local, havia cerca de duzentas pessoas. Pedi a palavra, e naquele momento fiz minha profissão de fé. Disse que ao Espiritismo uns vão por amor, e outros pela dor. Tinha ido pela dor, com a perda do filho estimado, mas graças a Deus fui…
À medida que falava e chorava, contagiava a todos, e o choro foi um só. Naquela época pouco conhecedor do Espiritismo, nada sabia explicar.
Passei a partir daí a abraçar a Doutrina Espírita, frequentando reuniões em casas de amigos e em Centros Espíritas.
Hoje tenho condições de dizer que o mérito não era meu e sim do Wellington, que já se encontra na Espiritualidade vinculado a entidades socorristas, praticando o bem, o que sempre fez quando de sua existência terrena.
André Monteiro Rodrigues
MENSAGEM
1 Querida mãezinha, com meu pai, receba o meu pedido de bênção.
2 Ainda me sinto muito desnorteado para escrever, mas o meu avô Oswaldo n insiste para que eu lhes envie algumas notícias e não posso recuar.
3 Peço-lhes não chorarem com tanta expressão de sofrimento — e chamarem por mim.
4 Realmente, o problema foi uma parada difícil de resolver. Tive a ideia de que nos achávamos num pano de bilhar. Os carros eram as nossas bolas para pontos felizes e infelizes.
5 Toquei para determinada direção, mas outro veículo nos acertou em cheio. Desejei socorrer o Oldack, n mas nada consegui. 6 Não sei quanto tempo perdurou aquela minha situação de sono enfermiço, recolhendo as mais estranhas sensações. 7 Queria manter-me aceso, mas nada consegui. Um sono profundo, traçado de sonhos em que tudo me vinha à memória, desde os meus primeiros dias de criança, empolgou-me totalmente.
8 Não tive outra saída, senão cair num torpor esquisito, no qual, se falei alguma coisa, foi claramente sem pensar. Depois de um tempo (que julgo longo) acordei numa tarde agradável. 9 Conheci o lugar. Era o Jardim Melo Peixoto, n propício à meditação e aos bons pensamentos. Quis arrancar-me de lá para casa, mas não consegui. 10 Parecia que eu entrara em outros processos de existência, no campo da gravitação. 11 Reconheci-me preso à terra e, sentado, esperei que alguém me orientasse nos passos de volta ao lar. 12 Muitas pessoas passaram por mim, mas não me viam e nem me ouviam.
13 Estranhando o caso, e com a minha recordação do acidente a me empolgar o pensamento, continuei esperando… até que meu avô Oswaldo surgiu à minha frente, com dois amigos que se identificaram na condição de amigos dele, de nome Cristone e José Fernandes Grillo, n que me convidaram para acompanhá-los. 14 E surpreendi-me, porque entrelaçando o meu braço com o de meu avô, senti-me leve de inesperado, buscando junto deles o refúgio onde me vejo ainda em tratamento.
15 Estou melhor, mas nada sei do Oldack.
16 Tenho tido poucas oportunidades de ausentar-me do Instituto em que me vejo resguardado, mas meu avô Oswaldo me declarou que seria valioso trazer-me para um encontro já pedido, de modo a comunicar-lhes que vou indo bem, porque estou seguindo melhor. 17 Quisera saber muito para falar menos um pouco sobre a morte, mas ainda não tenho recursos para isso. Esperemos que o tempo me prepare com mais esperança. 18 Posso, porém, dizer-lhes que o nosso corpo aqui não está isento dos resultados difíceis que remanescem dos acidentes.
19 Não temos um corpo de impressões, e, sim, um veículo de manifestação com fisiologia maravilhosamente organizada. E a qualquer estrago obtido no mundo, nos casos de impacto, somos obrigados a tratamentos laboriosos, como acontece em qualquer hospital de Ourinhos.
20 É um mundo novo, com faculdades novas a servir-nos, mas não disponho de outro recurso, senão aguardar a passagem do tempo, a fim de fazer as minhas próprias averiguações.
21 Queridos pais, especialmente você, querida mãezinha: não me esqueçam em suas preces. Isso é um empreendimento de imenso valor, porque as recordações construtivas do mundo nos infundem mais esperanças e mais fé no futuro.
22 Não posso escrever mais, por hoje. Meu bisavô Rodrigues n — que está conosco — e meu avô Oswaldo lhes deixam saudades carinhosas. E, de minha parte, peço receberem todo amor e todo o reconhecimento do filho ainda em convalescença e que espera restaurar-se depressa, para ser-lhes útil.
Sempre o filho reconhecido,
Wellington Ramon Monteiro Rodrigues
29.09.1979
ELUCIDAÇÕES
1) Oswaldo Ferreira Rodrigues — avô paterno, desencarnado em Curitiba - PR., a 09.09.1933.
2) Carlos Oldack de Bem — Carlinhos — amigo que desencarnou no mesmo acidente.
3) Praça pública de Ourinhos-SP.
4) Francisco Cristone — Político local e José Fernandes Grillo, antigo morador da cidade, desencarnados há vários anos.
5) Salvador Antônio Rodrigues — Bisavô paterno, desencarnado em Curitiba - PR.
Paulo de Tarso Ramacciotti