1 — Senhor, — disse Tadeu a Jesus, após o dia de trabalho estafante, — qual é o nosso dever maior, na execução do Evangelho para a redenção das criaturas?
2 O Mestre fitou o céu azul em que nuvens pequeninas semelhavam estrigas de linho alvo.
E falou em seguida:
— Em meio de grande tempestade, inúmeros viajantes se recolheram a enorme casarão que se assemelhava a um labirinto. Porque sentissem medo uns dos outros, cada qual se escondeu nos quartos mais internos e, vindo a noite, em vão procuraram o lugar de saída. 3 Começou, então, enorme conflito. Lamentos. Pragas. Assaltos. Correrias. Pancadas. Crimes nas trevas. 4 Um homem, que por ali passava, ouviu os rogos de socorro que partiam do infortunado reduto e, longe de gritar ou discutir, acendeu a sua candeia e passou entre os amotinados, em profundo silêncio. 5 Bastou a luz dele para que todos percebessem os disparates que vinham fazendo, ao mesmo tempo que encontravam, por si mesmos, a porta libertadora.
6 O Mestre fez grande intervalo e voltou a dizer:
— Se a luz do bom exemplo estiver em nós, os outros perceberão, com facilidade, o caminho.
7 — E que fazer, Senhor, para semelhante conquista?
8 Jesus, continuando em sua contemplação do céu, como exilado buscando alguma visão da pátria longínqua, aclarou docemente:
— Procuremos o Reino de Deus e a sua justiça, ( † ) isto é, vivamos no amor puro e na consciência tranquila… E tudo o mais ser-nos-á acrescentado.
Hilário Silva
FIM