O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Augusto vive — Augusto Cezar Netto


17

Retrato

1 Companheiro, você pergunta se acaso conheço na Vida Espiritual algum modelo de homem moço, cujo comportamento nos sirva de padrão para a vida.

2 Pessoalmente posso dar notícia de muitos, entretanto, por sugestão de mentores e amigos, lembro-me de um deles que preenche todos os requisitos: generoso e forte, valente e sensível, lúcido e inconformado.

3 Claro que não o conheço em pessoa, mas ouço dizer que ele não teve nascimento fidalgo. Aliás, os pais que o trouxeram ao mundo eram gente simples, sem fortuna ou brasão.

4 Menino ainda, cresceu aprendendo a ler com a própria mãe que fiava na roca, enquanto lhe mostrava o sentido das letras.

5 Brincava com outras crianças, mas revelava inteligência tamanha que chegava a questionar com os adultos sobre os mais elevados assuntos do espírito.

6 Não era, porém, um adolescente voluntarioso ou desocupado. Compreendia os encargos do pai na marcenaria singela e trabalhava com ele, desempenhando as funções de eficiente cooperador.

7 Via amigos embriagados ou entretidos em maus costumes, e no entanto trazia o pensamento voltado para o socorro aos irmãos ignorantes e necessitados do mundo.

8 Apreciava os exercícios físicos, entregando-se as longas jornadas a pé e estimava seguir o serviço estafante de pescadores, entre os quais conquistou amigos diletos.

9 Observou as dificuldades e incompreensões do povo em que nascera e, por amor, abraçou a tarefa de auxiliá-lo. Sentia os ímpetos da renovação que lhe afogavam o peito, no entanto, o devotamento aos valores humanos era nele tão grande que nunca abrigou a intenção de ferir a ninguém.

10 Dialogando com os homens simples que lhe davam ouvidos, sempre desaconselhou a violência e converteu-se, em professor gratuito da vida comunitária.

11 Reconhecia a importância de cada criatura e, por isso, os doentes e os marginalizados, os idosos e as crianças, constituíam o segmento mais importante de seu público.

12 Mostrava perfeita confiança em Deus, e, pela fé, aliviava ou curava os enfermos que se lhe faziam acompanhantes.

13 Ensinava que o amor deve unir em paz todos os homens.

14 Traçava caminhos de libertação espiritual para as criaturas, sem apelar para sacrifícios. Pedia aos concidadãos unicamente compreensão e paciência, tolerância e humildade de uns para com os outros.

15 Amava a natureza com tanto enternecimento que baseou profundas lições numa semente de mostarda e nos lírios do campo.
Lançou a maior plataforma de suas ideias no cimo de um monte a céu aberto, reunindo grande multidão de cegos e aleijados, homens tristes e mulheres sofredoras.

16 Nunca promoveu conflitos entre as classes, semelhantes aos protestos ameaçadores da atualidade, mas foi um modelo de firmeza na exemplificação de seus princípios.

17 Divulgou o bem sem atirar pessoa alguma ao desequilíbrio. E porque mostrasse vigorosa coragem na devoção com que defendia a paz e o bem, foi visado por autoridades de sua época, à feição de revolucionário e malfeitor.

18 Foi preso e torturado sem culpa.
Porque amasse sem esperar qualquer recompensa, confiou-se à suprema renúncia e, ainda jovem, com apenas trinta e três primaveras, foi assassinado sem defesa, num lenho de escárnio.

19 Até o sacrifício dele, aceitando a morte sem resistência, ninguém sofreu por suas ideias, mas o seu exemplo acendeu tamanha luz que até hoje milhões de pessoas buscam-no sem vacilar perante qualquer tipo de sofrimento.

20 Creio que você conhece a existência desse homem maravilhoso, tanto quanto eu mesmo, porque qualquer pessoa na Terra, nestes vinte séculos últimos, sabe, desde a infância, que ele se chama Jesus Cristo.


Augusto Cezar


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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