1 Em êxtase, contemplo os sóis em bando,
Arcturo, Aldebarã, Sírius, Antares,
E o caminho onde os anjos tutelares
Passam ébrios de júbilo, cantando…
2 Bebo a vida imortal em que me expando,
Nos perfumes e cores de outros ares.
Surgem novos impérios estelares,
Na glória do Universo, fulgurando?…
3 Mas ouve, Mãe, em pleno Lar Celeste,
Recordo o berço humilde que me deste,
Ao pranto de alegria em que me inundo…
4 Muito mais que na luz do imenso Espaço
Pulsa, no imenso amor de teu regaço,
O próprio coração de Deus no mundo…
|
Antônio Francisco DA COSTA E SILVA — Depois de fazer o curso primário e os preparatórios em Teresina, transferiu-se Da Costa e Silva para o Recife, onde, somente em 1913, veio a bacharelar-se em Direito. Foi funcionário público do Ministério da Fazenda, ascendendo a altos postos. Durante quase dez anos viveu o poeta em Belo Horizonte, mudando-se, posteriormente, para o Rio, onde desencarnou. “A sua poesia” — escreveu Andrade Muricy — “trazia uma exaltação luminosa, um inebriamento comunicativo. Era alguém que cantava, mas com uma virtuosidade harmoniosa e forte, um belo ímpeto arrebatado.” (Amarante, Piauí, 28 * de Novembro de 1885 — Rio de Janeiro, Gb, 29 de Junho de 1950.) — (*) Andrade Muricy (Pan. Mov. Simb. Bras., III, pág. 27) dá 23 como o dia de nascimento.
BIBLIOGRAFIA: Sangue; Zodíaco; Verhaeren; Verônica; etc.
[1] As poesias de números ímpares foram recebidas pelo médium Francisco Cândido Xavier e as de números pares pelo médium Waldo Vieira. Dispomo-las assim, por sugestão dos Amigos Espirituais.
[2] Note-se a apóstrofe.
[3] Falando sobre a poesia de Da Costa e Silva, afirmou Fernando Góes (Pan. V, pág. 146): “Foi bem o cantor da saudade ele confessava ter vindo ao mundo para ter saudade.” E como não poderia deixar de ser, o artista de “Saudade” continua sendo o cantor da saudade, ansioso, agora, por ver novamente paisagens terrestres em novo corpo de carne…
[4] Leia-se ca-na-vial, com sinérese.