1 Fui trazido ao teu colo e sussurro, baixinho:
— “Mãe, eu serei na carne o sonho de teu sonho!…”
Depois, em prece ardente, em ti meus olhos ponho,
Pássaro fatigado ante a úsnea do ninho.
2 Abraço-te. És comigo a esperança e o caminho…
Em seguida — oh! irrisão! —, eis que, num caos medonho,
Expulsas-me a veneno, e, bruto, me empeçonho,
Serpe oculta a ferir-te em silêncio escarninho.
3 Já me dispunha a dar o golpe extremo, quando
Surge alguém que me obriga a deixar-te dançando
Em formoso salão onde o prazer fulgura.
4 Passa o tempo. Hoje volto… É o amor que em mim arde.
Mas encontro-te, oh! mãe, a gemer, triste e tarde,
Sombra que foi mulher, enjaulada à loucura…
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