1 Em tudo, em tudo, pelo mundo afora, n
Intensa vibração pulsa escondida;
Da noite espessa ao dia que esplendora,
No silêncio da morte há sons da vida.
2 No mar, em mutação constante embora,
Na montanha, no vale, na avenida,
Vibra o Tempo integral na luz de agora,
Fulge a História latente, inesquecida.
3 Quem ausculta a matéria, em todo estado,
Exuma o livro imenso do passado,
Nos múltiplos cenários do presente.
4 A Natureza morta ressuscita
Ideal, emoção, sonho e desdita…
A alma das coisas vive eternamente. n
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[1] MÁRIO Ribeiro TOTTA — Prosador, conferencista, poeta, jornalista, desportista, Mário Totta foi membro da extinta Academia Riograndense de Letras, fundador da cadeira nº 25. Escreveu em vários jornais e revistas do seu Estado natal, tendo sido co-fundador do Correio do Povo, jornal em que manteve a seção poética “Diário de dois líricos”, em colaboração com Souza Lobo. Diplomou-se em Farmácia e, depois, em Medicina. “Professor emérito” da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, ocupou, ainda, vários cargos na Santa Casa de Misericórdia daquela capital, inclusive o de diretor. Exerceu a presidência da Sociedade de Medicina do Rio Grande do Sul. (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 5 de Janeiro de 1874 — Porto Alegre, 17 de Novembro de 1947.)
BIBLIOGRAFIA: Meu Canteiro de Saudades, versos ; Medicina em Pílulas; Breviário da Saúde; etc.
[2] Verso 1 - Epizeuxe: “Em tudo, em tudo…”
[3] Verso 14 - Importante anotar que no soneto “Pedra” (apud Os Mais…, pág. 141), escrito por ele, antes da desencarnação, já o poeta dava mostras de conhecer a psicometria, pelo menos intuitivamente. Vejamos o seu primeiro quarteto:
“Pedra talhada ou bruta, és tu a história eterna
Das coisas do universo, a alma do que não morre.
Foste os deuses de outrora e és Deus ainda na torre,
O mistério da esfinge e a primeira caverna.”