1 Escuta a voz do amor por onde fores,
Guarda contigo as láureas da ventura,
E esparze por mil gestos redentores
A luz da paz à senda mais obscura.
2 Contempla a Vida em bênçãos multicores
No roteiro da anônima criatura,
A flor, o orvalho, a brisa e os resplendores n
Do céu azul na fonte d’água pura…
3 Descobre em tudo as dádivas celestes
Sustendo docemente os passos, prestes n
A cair nos abismos da jornada.
4 Fala, sorri, estuda, canta e ora, n
Mas entende a Jesus que espera e chora
No triste olhar da infância abandonada!
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[1] ADELAIDE Augusta CÂMARA (AURA CELESTE) — Poetisa, conferencista, contista e educadora, deixou belas páginas lítero-doutrinárias, em prosa e verso, subscrevendo-as geralmente com o pseudônimo de Aura Celeste. Levada ao Espiritismo pelo Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, trabalhou em diversas instituições espíritas do Rio de Janeiro, a elas dedicando o melhor de suas energias. Fundadora e diretora do Asilo Espírita “João Evangelista”, lar para crianças desprotegidas, onde realizou a tarefa máxima de educadora competente e extremosa. Entre as várias faculdades mediúnicas de que era dotada, sobressaíram a receitista e a psicofônica. Prefaciando-lhe o livro Vozes d’Alma, Leal de Souza chamou-lhe “a grande Musa moderna, a Musa espiritualista”. (Natal, Rio Grande do Norte, 11 de Janeiro de 1874 — Rio de Janeiro, Gb, 24 de Outubro de 1944.)
BIBLIOGRAFIA: Vozes d’Alma, versos; Sentimentais, versos; Aspectos da Alma, contos; Palavras Espíritas, palestras; etc.
Obras de sua mediunidade: Orvalhos do Céu; Do Além; etc.
[2] Verso 7 - Observe-se a enumeração.
[3] Verso 10 - Note-se o gosto da poetisa para o uso do “enjambement”.
[4] Verso 12 - Leia-se com hiato: can/ta e/ o/ra.