O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Antologia dos Imortais — Autores diversos — 2ª Parte — Waldo Vieira


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Bruno Seabra n

PRIMAVERAS DA AMPLIDÃO

1 Escuta, amigo, o meu canto
Enamorado do encanto
De um rincão que me seduz.
Brilham páramos de sonho
Além, no espaço risonho,
Vestidos de paz e luz!…


2 Lá, seres alvinitentes
São como vivas nascentes
De indefinível fulgor.
Jorram bênçãos, lado a lado,
Quais estrelas no relvado
Florindo bondade e amor.


3 Em toda a parte fulgura
Clarão de doce ternura
Nas almas que vão e vêm.
Há canções e melodias
Por mensagens e alegrias
Nas vozes do Eterno Bem.


4 E por mais o homem na Terra
Pense e sonhe, não descerra
Os amplos e espessos véus
Que envolvem as maravilhas
Desses ninhos, dessas ilhas, n
No azul imenso dos céus.


5 Há perenes primaveras
Pelos edens sem quimeras,
Refulgentes na amplidão.
Formosos e ternos lares
Guardam anjos tutelares
Dos perdidos na aflição.


6 Lábios puros, cristalinos,
Dizem preces, cantam hinos,
Bendizendo Nosso Pai.
A musa que enleva e chora,
Em louvores vibra e ora, n
E exclama: — “Regozijai!…”


7 Quem andeja pelo mundo
Repartindo o bem fecundo
Por ali vai residir,
Esperando vidas novas
De prazeres e de provas,
Ao sol do Grande Porvir.


8 Escuta, amigo, o meu canto
Enamorado do encanto
De um rincão que me seduz.
Brilham páramos de sonho
Além, no espaço risonho,
Vestidos de paz e luz! n



[1] BRUNO Henrique de Almeida SEABRA — Poeta lírico por excelência, “gostava de escrever sobre assuntos pátrios e foi exímio pintor de cenas, costumes e tipos nacionais”, notabilizando-se também como romancista, comediógrafo e folhetinista. Exerceu o cargo de secretário da Presidência das antigas Províncias do Paraná, Alagoas e Bahia. Membro de várias Sociedades cultas do Rio, da Bahia e de Lisboa. J. Eustachio de Azevedo chamou-lhe “o João de Deus paraense”, “o poeta do coração”, acrescentando: “O sentimento que as suas poesias exprimem é espontâneo, pelo simples motivo de ser a linguagem pura do coração.” (Pará, a bordo de um barco ancorado nas proximidades da ilha Tatuoca, 6 de Outubro de 1837 — Salvador, Bahia, 8 de Abril de 1876.)
BIBLIOGRAFIA: Tipos Burlescos; Flores e Frutos; etc.


[2] Verso 23 - Cf. nota nº 13, pág. 40.


[3] Verso 35 - Ler com hiato: vibra e/ ora. Atente-se, ainda, no polissíndeto: “e ora,/ E exclama”.


[4] Verso 48 - “Primaveras da Amplidão” responde definitivamente às dúvidas do próprio autor, por ele externadas, quando no Plano físico, na sua poesia — ?, cujo fim transcrevemos:

   “Sondar procuro este mistério
       — A morte —
É mera transição da incerta vida
Para a segura e eterna ou a passagem
De incerta vida para o nada eterno?”
(Apud Biocrítica, de C. Chiacchio, pág. 32.)


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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