1 Fui átomo, vibrando entre as forças do Espaço,
Devorando amplidões, em longa e ansiosa espera… n
Partícula, pousei… Encarcerado, eu era
Infusório do mar em montões de sargaço.
2 Por séculos fui planta em movimento escasso,
Sofri no inverno rude e amei na primavera;
Depois, fui animal, e no instinto da fera
Achei a inteligência e avancei passo a passo…
3 Guardei por muito tempo a expressão dos gorilas,
Pondo mais fé nas mãos e mais luz nas pupilas,
A lutar e chorar para, então, compreendê-las!…
4 Agora, homem que sou, pelo Foro Divino,
Vivo de corpo em corpo a forjar o destino
Que me leve a transpor o clarão das estrelas!…
|
[1] ADELINO da FONTOURA Chaves — Poeta, contista, teatrólogo. Transferindo-se da Atenas Brasileira para o Rio de Janeiro, cedo percebeu A. Fontoura que nascera para o jornalismo. Trabalhou com Artur Azevedo na Gazetinha e com Lopes Trovão no Combate, e foi agente, em Paris, da Gazeta da Tarde. Patrono da cadeira n.º 1 da Academia Brasileira de Letras e da cadeira n.º 38 da Academia Maranhense de Letras. Autor de “Beatriz”, “Celeste”, “Atração e Repulsão” e tantos outros sonetos famosos, “é ele” — assinala Múcio Leão (in Dispersos, pág. 12) — “o caso único de um patrono de Academia que não tem nenhum livro publicado”. (Axixá, Maranhão, 30 de Março de 1855 n — Lisboa, Portugal, 2 de Maio de 1884.)
[2] Verso 2 - Leia-se an/sio/sa, em três sílabas.
[3] Sobre o ano do seu nascimento existe dúvida. Fernão Neves, em sua Academia Brasileira de Letras, Notas e Documentos para a sua História, e Velho Sobrinho, em Dicionário Biobibliográfico Brasileiro, indicam o ano de 1855. Artur Mota, em seus Vultos e Livros (1ª Série. Monteiro Lobato. S. Paulo, 1921), indica o de 1859.” (Múcio Leão, op. cit. pág. 7.)
Registamos a data conforme a Antologia da Academia Maranhense de Letras, pág. 78.