1 Ao pé de templo enorme, a praça tumultua.
Ansiosa expectação na calçada poeirenta…
A massa encontra o Cristo e, trágica, apresenta
Consternada mulher a chorar seminua…
2 — “Adúltera, Senhor!” — velho escriba insinua.
— “Que dizes, Mestre?” — insiste a multidão violenta —
“Somos o tribunal que a tradição sustenta,
A lei é apedrejar nos libelos da rua!”
3 Fita o Mestre a infeliz que a miséria alanceia;
Inclina-se, em seguida, e escreve sobre a areia,
Como quem grava o sonho onde a vida não medra.
4 Depois, contempla em torno a malícia, o veneno,
E exclama para a turba, entre nobre e sereno:
— “Quem for puro entre vós, lance a primeira pedra!”
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