1 … E o comentarista do Natal rematou a formosa alocução, com esse apontamento significativo:
— Pois é, meus amigos!… Entre os homens e Jesus existem correlações que não será lícito olvidar…
2 E prosseguiu, sereno:
— Quando se mostram ainda ignorantes de qualquer ensinamento dele, é evidente que a animalidade primitivista lhes prepondera na formação…
3 — Quando dizem que a história do Senhor é simples balela, conquanto lhe conheçam os fundamentos, desejam tão só rechaçá-lo de suas existências, a fim de que não se vejam incomodados na viciação a que se afeiçoam…
4 — Quando afirmam que a intimidade do Eterno Benfeitor é privilégio da organização religiosa a que pertençam, querem segregá-lo no círculo de seus caprichos estreitos…
5 — Quando perdem a veneração pelo Arauto das Verdades Eternas, é porque fogem de conservar o respeito a si mesmos, nos compromissos que assumem…
6 — Quando asseveram que o Cristo é uma criatura vulgar, à feição de qualquer outra que haja passado pelo crivo da Terra, pretendem apresentar a si próprios na suposta condição de pessoas iguais ao Cristo…
7 — Quando propalam que o Senhor está superado, em suas instruções para a vida espiritual, é que aspiram a inclinar os corações que os ouvem a partilhar-lhes a irresponsabilidade ou a rebeldia…
8 — Quando se queixam de que o Divino Mestre não lhes atende as petições, é que anseiam quebrar as leis que nos regem, na estulta presunção de se imporem a ele…
9 — Quando sabem quem é Jesus e lhe negam autoridade para comandar-lhes a vida, são menores de espírito, transitoriamente acomodados no distrito dos preconceitos…
10 Ante a pausa que se fez natural, abeirou-se um companheiro e inquiriu:
— Caro mentor, podemos conhecer os homens que estejam em caminho certo?
11 O venerando amigo replicou, sem pestanejar:
— Recordemos as palavras do próprio Mensageiro Angélico, ao dizer-nos, imperturbável: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me…” ( † )
12 Os que transitam na estrada real da redenção revelam-se por semelhante atitude, sem embargo da seita a que pertençam…
13 Observando que a comemoração natalina estava prestes a terminar, foi, então, a minha vez de consultar o admirável expositor de doutrina, sobre quem desfechei a derradeira pergunta:
— Professor, como saber, do ponto de vista espiritual, qual é a posição de cada inteligência humana, diante do Enviado de Deus?
14 O interpelado fixou em mim os olhos sublimes, que pareciam traspassados de raios estelares, e pronunciou a última resposta, que transmito aos que porventura me leiam, à guisa de meditação para o Natal:
— Meu amigo, pergunte a cada homem e a cada mulher do seu caminho o que pensam do Cristo de Deus, e, pelas afirmações pessoais que lhe derem, você reconhecerá, de pronto, em que situação íntima se encontra cada um deles, porquanto a nossa opinião individual sobre Nosso Senhor Jesus-Cristo denota imediatamente a posição em que nos achamos, no território infinito da Vida Eterna.
Irmão X
(Humberto de Campos)