VOZ DOS SERVIDORES
1 Senhor Jesus!
Por nossa própria imprevidência,
Embora a evolução que nos reveste,
O sofrimento áspero, profundo,
Invade, canto a canto, os distritos do mundo
E espalha o pranto e sombra ante o esplendor celeste.
2 Avança a Terra pelo espaço afora,
Carregando conquistas
Que lhe garantem plena exaltação.
3 Máquinas jamais vistas
Efetuam serviços colossais:
Satélites, além, na rota em que se vão,
Oferecem notícias e sinais.
4 Computadores poupam energias
Ou se fazem vigias
De caminhos e forças siderais.
5 E o homem, desde os céus ao subsolo,
Leva o próprio domínio pólo a pólo.
6 Entretanto, Senhor! Em todos os lugares,
Há quem se desconforte,
No imenso festival de riqueza e cultura,
Transportando consigo a vocação da morte,
De coração cansado, ante a vida insegura.
7 Destacamos, Jesus, os que caem de tédio,
Que gastaram o tempo e o corpo sem proveito,
E são hoje doentes quase sem remédio
Na angústia sem razão que lhes oprime o peito.
8 Falamos dos que morrem na saudade,
Dos corações queridos que partiram
Para a imortalidade,
E tateiam chorando, ante a Vida Maior,
Vasos de cinza e pedra em derredor
Das lágrimas que vertem…
9 Falamos dos drogados,
Dos que largaram de servir,
Dos que se dizem desesperançados
Ante a luz do porvir;
10 Dos que afirmam que a fé
Hoje se guarda apenas em museus,
E proclamam, gritando desenfreados,
Que a ciência na Terra é a derrota de Deus.
11 É por isto, Senhor, que nós Te suplicamos:
Não nos deixes temer o vozeirão das trevas;
12 Da Infinita Bondade a que Te elevas,
Concede-nos a força da humildade
De modo a trabalharmos, dia a dia,
Em Teu reino de luz e de verdade.
13 Ajuda-nos, Senhor.
A esquecer-nos, a fim de acompanhar-Te,
Cooperando Contigo em qualquer parte.
14 Acolhe-nos no amor com que nos guardas,
Na condição de servos teus.
15 Porque, apesar de sermos pequeninos,
Encontramos, Senhor, em Teus ensinos,
A presença de Deus.
Maria Dolores
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