O Sr. Luiz Gonzaga Pezzini, em conversa, dissera-nos das noites mal dormidas, saudades sem fim, busca inconsolável do rosto do filho, o seu sorriso de alegria, os trejeitos de jovem ágil, esperto, energia juvenil.
Adilson Gonzaga Pezzini, aproximando-se dos dezoito anos, vivia com todo ardor. A flor da juventude brotava em sua juvenialidade, fazendo-o crescer entre os que conviviam consigo no contato diário de suas atribuições.
Ambicioso em seus objetivos, cursara com muita facilidade nos Colégios Nossa Senhora da Paz e Escola Estadual Presidente Roosevelt, o primeiro grau. No Colégio Sul Americano o segundo grau, iniciando logo depois no Objetivo, cursinho através do qual pretendia alcançar melhor condição para completar os sonhos futuros.
Estudou ativamente o inglês no English Center. Sonhava conhecer os Estados Unidos sem saber explicar sua simpatia àquele país. No Colégio Dante Alighieri estudou o italiano para aproveitar a viagem e visitar os parentes de seu pai na Itália. Os pais facilitaram-lhe a aquisição da passagem para completar seu desejo. Regressou entusiasmado, pedindo aos pais para fixar residência nos EUA a fim de fazer um curso de Energia Nuclear.
Em 16.04.1982, a fatalidade toma-lhe a dianteira e o leva de volta às Regiões Espirituais, onde iria criar novos planos, agora na sua vida de origem. Fora atropelado próximo ao Shopping Center Ibirapuera.
Os pais não se conformaram. Difícil foi aceitarem a situação. Criavam em si imagens, destruíam as possibilidades de reerguimento. O Sr. Luiz adoecera, perdera a vontade de viver. O único filho partira de maneira brusca, rapaz que tantas alegrias trouxera aos familiares. Não entendia a mudança radical que lhes acontecera.
D. Maria Domingas Pezzini, esposa e mãe de Adilson, preocupava-se muito, pois seu marido definhava. Rogara a Deus, algo pudesse acontecer que mudasse a situação angustiante que estavam passando. A luz se fez em seu caminho quando a família Mazzeo, compadecida, convida-os para uma viagem a Uberaba.
A Misericórdia Divina envia o socorro para esta família triste. Francisco Cândido Xavier em sua bênção mediúnica, recebe a carta do jovem. Relata com minudências os projetos que só os pais conheciam. Lembra na fase de sua recuperação os ensinamentos do pai que o ajudaram muito. O Sr. Luiz o alertara: “em qualquer situação difícil que encontrasse na vida, nada o devia apavorar”.
Concita os pais a se motivarem no trabalho aos órfãos de mães espirituais que rogam auxílio aos filhos na Crosta Terrena. Demonstra a falta de amparo a essas crianças. Premidos por esse alerta, o casal Pezzini dedica-se ao socorro às muitas casas de caridade, ora no trabalho manual, ora na assistência financeira, ora na confecção de roupas e agasalhos. Conquanto seus corações orvalhados pelas saudades, a saúde e a alegria são a tônica que torna a edificar o lar dos Pezzini, estruturado agora com base no trabalho de amor ao próximo.
ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS DE PESSOAS OU FATOS CONSTANTES NA MENSAGEM
Pais: Luiz Gonzaga Pezzini e Maria Domingas Pezzini.
Avós: Mariana Custódia Trindade, materna, nascida em 1888, desencarnada em 1975; Prudente Barbosa, materno; Ida Scatema, paterna desencarnada em 1963.
Tia: Oliva Rosa Martins. Fora em ajuda a Adilson quando internado.
Hospital Santa Paula: casa de socorro em São Paulo.
Paulo: amigo de Adilson no curso Objetivo, estava em sua companhia no shopping center Ibirapuera.
NOTA: Antecipamos os nomes de pessoas ou fatos, para melhor identificação por ocasião da leitura da mensagem do Espírito.
MENSAGEM
1 Querida mãezinha e papai Luiz.
2 Estou presente em companhia do meu avô Prudente Barbosa, que me trouxe, informando que os pais queridos esperavam informações a meu respeito.
3 Mãezinha querida e querido papai, compreendo que as nossas dificuldades não foram pequenas. Tantos sonhos se desfizeram de uma só vez, qual se fôssemos atingidos por uma bomba de destruição.
4 Lembro-me de tudo. Aquelas nossas esperanças de um diploma na Engenharia Nuclear, aqueles planos de volta aos Estados Unidos, afim de aperfeiçoar-me nos estudos, tudo aquilo que eu desejaria ter sido para meu pai, no companheiro que ele sempre aguardou de minha presença e todos aqueles projetos de amor e família que eu e mamãe arquitetávamos, caíram de imprevisto, à frente de um carro em disparada.
5 Saíra com o Paulo e conversávamos sobre as nossas atividades no Objetivo, quando falei ao colega da necessidade de regresso à casa.
6 Preparei-me. Eu que tanto me preservava contra acidentes que chegavam a me preocupar especialmente com a mamãe, aconselhando-a a tornar-se mais atenta e vigilante quando nas vias públicas, acreditei que a Avenida estivesse com o movimento reduzido e quase ao tomar o ônibus para a nossa casa na Conde de Sarzedas, um carro bege se precipitou sobre mim.
7 Nada mais me ficou na memória, senão a cor do veículo, porque me senti cortado de vários modos com uma sensação de sofrimento impossível de descrever.
8 Escutei gritos, petições de socorro…
9 Imaginei como seria reconfortante para mim voltar aos pais queridos, a fim de me tranquilizar. 10 Achava-me consciente, no entanto, não mais controlava os meus impulsos.
11 Colocaram-me dentro de um veículo que suponho fosse uma ambulância, porque não dispunha de forças para verificar o que me ocorria. Escutei vozes, afirmando que seria conduzido a um Pronto-Socorro e nada podia opor ao que desejassem fazer de mim…
12 Lembrei-me da oração e recordei as preces da mamãe Domingas, quando me acalentava de pequenino. 13 Concentrei-me em Deus e lembrei as imagens de Jesus que a mãezinha me apresentava para que eu tivesse confiança no Céu, e confesso-lhes que chorei, não de revolta, mas porque a impossibilidade de voltar à casa era ali manifesta.
14 Passei de maca para outra maca, na qual me conduziram ao Hospital Santa Paula, segundo ouvia dizer em torno de mim. 15 Pensei que Jesus estaria satisfeito com a minha conformação, lembrando os ensinamentos da mamãe, em nosso recinto doméstico, e esperei, reconhecendo que continuava a perder sangue.
16 Mais de um médico me observava com bondade, iniciando tamponagens aqui e ali, quando vi que as paredes se transformavam…
17 O ambiente desaparecia, mas expressei em oração um pedido a Deus, no qual rogava não permitisse me retirar dali, enquanto não soubesse de meus pais perto de mim…
18 Uma força vigorosa me sustentava… Escutei um médico sensibilizado a dizer para outro que as minhas possibilidades de sobrevivência haviam terminado…
19 Realmente, procurei movimentar as pálpebras e não consegui. Tentei levantar algum dedo das mãos, entretanto, isso também não me foi possível.
20 Por alguns minutos estive assim, atirado a uma inércia, que não sei definir, quando ouvi um tanto longe, a voz da mamãe a chamar-me: Meu filho, meu filho!
21 Bastou ouvir essas palavras e quero contar ao papai Luiz que uma paz enorme veio a mim…
22 De pensamento firme na atenção, notei que uma névoa me envolvia todo o corpo. 23 Não mais ouvi alguém e nem senti mais qualquer dor.
24 Do seio daquele lençol, fluído e movente se destacou um rosto com expressão de bondade e entendimento. 25 Depois daquela face amiga, duas mãos me acariciaram e eu, então, dormi…
26 Só mais tarde vim a saber que o vovô Prudente me viera buscar para o novo lugar de saúde, em que despertei, crendo que seria objeto de tratamento cirúrgico especial, num Instituto da Terra mesmo…
27 No entanto, com paciência e carinho, meu avô me apresentou as duas senhoras que me auxiliaram. Devia chamá-las por vovó Mariana Custódia e por vovó Ida…
28 Porque ainda indagasse por esclarecimentos mais explícitos, o vovô, com um sorriso permanente, me deu a conta de minha situação. 29 Perdera o corpo transitório e estava ali no corpo verdadeiro…
30 Devia conformar-me… Qualquer impaciência de minha parte doeria em meus pais, aumentando-lhes a dor. 31 Foi o momento em que me detive nas instruções de meu pai. Não devia apavorar-me em circunstância alguma. 32 Nascera homem e na condição de homem deveria viver forte e em calma, fossem quais fossem os acontecimentos.
33 O meu tratamento de recuperação foi breve e, em companhia de vovó Mariana, pude regressar ao nosso ninho doméstico. Vi os pais queridos chorando, desolados…
34 Tudo tristeza onde reinaram tantas alegrias! Quantos dias haviam decorrido até a data em que os revia? Ainda não sei dizer…
35 Venho, porém, agora até aqui pedir-lhes aceitação das Leis de Deus. 36 Pai querido, a sua bondade não me perdeu. Estaremos mais juntos. 37 E a mamãe e a tia Olívia terão em mim um companheiro mais constante. 38 Ainda estou em fase de transição, mas estou bem. 39 Saudade é o único empecilho que me experimenta a capacidade de suportar…
40 Entretanto, rogo aos pais queridos não perderem a esperança e a alegria. Deus nos ofertará outros meios de agir e servir.
41 Mãezinha, recorde os filhos de outras mães que não puderam ficar na Terra. Eles são muitos. Sentem vontade de tomar refeições em horas certas e precisam se agasalhar.
42 Essas mães que vieram para cá igualmente não morreram e saberão ser agradecidas ao esforço que meus queridos pais consigam desenvolver, em favor de alguma criança desvalida.
43 Não precisam refletir em obras gigantes. Um menino que se veja amparado é uma viga de trabalho para o futuro. Digo isso, Mamãe porque não a desejamos chorando tanto…
44 Reconheço que a saudade nos obriga a chorar, mas espero que as nossas lágrimas incluam agradecimentos a Deus, porque se as Leis de Deus me afastaram do corpo, quando mais sonhávamos com o futuro, isso quer dizer que Deus nos enviou o melhor. Se não devia sair futuramente do Brasil, é porque isso talvez não fosse útil para nós.
45 Presentemente disponho de tempo e decisão para estarmos mais unidos, tanto quanto nos seja possível. 46 Mãe querida e querido papai Luiz, o tempo escorre de nossos dedos. Não devo tomar mais tempo, a fim de relatar-lhes pormenores que não interessam. Dei o meu recado. Falei de mim e pude abraçá-los. Diz o vovô Prudente que devo estar satisfeito. E estou, porque preciso aprender a ser calmo e útil.
47 Papai Luiz e querida mãezinha, desejo que saibam da continuidade do meu amor e do meu carinho. Amo aos dois cada vez mais e como sempre, serei o traço de união a reuni-los comigo para sempre.
48 Não estou sabendo finalizar esta carta. Tenho o gosto de lágrimas na garganta. 49 Creiam que é saudade, uma saudade muito grande dos pais que amo tanto, mas Deus tudo remediará e continuaremos a ser felizes.
50 Querido papai Luiz e querida mãezinha, pedindo-lhes para que me abençoem, beija-lhes as mãos queridas, o filho que lhes pertence,
Adilson
DEPOIMENTO
A dor nos faz compreender quanto ausente se está de Deus, e foi por ela que procuramos o abençoado Francisco Cândido Xavier, que nos restituiu a confiança e a fé no futuro de nossas vidas.
Adilson continua conosco sempre vivo.
O agradecimento da
Família Pezzini.
Rubens S. Germinhasi