1 Perguntas, coração,
Como sanar as dores sem medida,
De que modo enxugar a lágrima incontida
Sob nuvens de fel e de pesar!…
Recordemos o chão…
Quando o lodo ameaça uma estrada indefesa,
Em cada canto roga a Natureza:
Trabalhar, trabalhar.
2 Fita o aguaceiro que se fez tormenta.
Ao granizo que estala, o vento insulta;
Seio de mágoas que se desoculta,
A terra, em torno, geme a desvairar…
Mas, finda a longa crise turbulenta,
Sobre teto quebrado, pedra e lama.
Renasce a paz do céu que vibra e chama:
Trabalhar, trabalhar.
3 Ressurge, inalterado, o sol risonho,
Não pergunta se o mal ganhou no mundo,
A tudo abraça em seu amor profundo,
A criar e a brilhar!
Recebe cada flor um novo sonho,
Cada tronco uma bênção, cada ninho
Canta para quem passa no caminho:
Trabalhar, trabalhar.
4 Assim também, nas horas de amargura,
Enquanto a sombra ruge ou desgoverna,
Pensa na glória da Bondade Eterna,
Acende a luz da prece tutelar!
E vencerás tristeza e desventura,
Obedecendo à voz de Deus na vida
Que te pede em silêncio, à alma ferida:
Trabalhar, trabalhar.
Maria Dolores
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