O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Adeus solidão — Familiares diversos


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Douglas Labate

Douglas Labate, filho de Dionísio e Ignez Telle Labate, nasceu em São Paulo, a 2 de setembro de 1960, aí falecendo no dia 25 de março de 1980, com vinte anos incompletos, vitimado por acidente de moto.

O pai, no rápido contato que manteve com Chico Xavier, antes do recebimento da mensagem, apenas disse o nome do filho, o seu e o da esposa, sem quaisquer outros detalhamentos.

Qual não foi a surpresa do Sr. Dionísio, ao receber naquela inesquecível noite, em Uberaba, MG, a página do saudoso filho, com citações desconcertantes, quais os apelidos dos amigos de Douglas que Dionísio e D. Ignez ignoravam e vieram a comprovar a posteriori.

Sobre o texto mediúnico, diz o Sr. Dionísio:


DEPOIMENTO


“A significação para mim do recebimento da mensagem do meu filho Douglas foi de muita alegria, pois pude saber que meu filho continua vivo.

“Apesar da dor e da saudade, também minha esposa e meu filho Ivan muito se consolaram com as palavras autênticas do Douglas.”


MENSAGEM


1 Querido papai Dionísio, aqui estou eu a imaginar-me abraçado ao seu coração e ao colo da mãezinha Ignez, para comunicar-lhes que estou melhorando… 2 Estaria numa boa se não fosse essa ferida de saudade que a gente carrega por aqui, onde as surpresas são muitas. 3 Não quero manifestar-lhes a minha sobrevivência com lamentações. 4 Especialmente, preciso dizer que sou advogado da moto, a minha condução preferida. 5 Penso que montar um cavalo puro sangue e ganhar assento no animal de aço, que me proporcionou tanta alegria, é a mesma coisa. 6 Não se preocupem com a ideia de que o acidente não viria, caso estivesse no chamado processo “de a pé”. 7 De qualquer modo a bruxa me descobriria. Quem passou por este mundo, sem perceber-lhe a presença? Pois saibam que se ela faz chorar a muita gente, não lhe darei bola.   8 Sou o mesmo companheiro das boas velocidades e das aventuras que nos melhoram a capacidade de ser gente. 9 Estou com pessoal nosso, como acontecia aí no mundo. Vovó Maria Luíza e vovô Afonso. Vovó Ana e vovó Francisco e ainda Tio Eugênio, n são amigos do peito e se alegram com o meu modo de ser. 10 Guardo a certeza de que me obterão um novo monstro de corrida serena para que me movimente, no lado em que resido presentemente, porque asas não tenho e nem conheço, por enquanto, ninguém de nosso grupo que consiga planar no espaço.

11 Estou bem, mas transportando reconforto, com a saudade de quebra.

12 Sei que minhas maneiras serão reeducadas. Percebo isso nas sugestões de nossa gente, mas, por enquanto, papai Dionísio, não há outro jeito de ser, senão este com que compareço diante de sua bondade para repetir o meu “muito obrigado”.

13 Pai, rogo à mamãe Ignez para que entenda comigo esta necessidade de conservar a nossa fortaleza na alegria com que a própria vida se manifesta.

14 Nunca vi árvores sustentando folhas mortas e nem águas paradas que possam ajudar a terra. Tudo é movimento e tudo é esperança.

15 Rogo ao seu coração amigo transmitir aos colegas o meu abraço, conquanto ainda me veja um tanto baratinado para assumir posição de morto solene que não sou.

16 Continuo a sentir muita falta do Mão, do Gordo, do Tunas, do Bolomba, da Patricinha, da Fabi n e de tantos companheiros do Rancho Feliz. Abraços à Rosana e à Ângela. n

17 É engraçada a existência no mundo físico. Saí da Terra conhecida amando a Rosana, e só aqui pude saber que a Ângela me queria tanto bem. Não me refiro a isso para renovar comunicados. Reporto-me a situação em que me reconheci, porque desejo ser autêntico.

18 Suponho que muitas pessoas liberadas do campo físico sentirão problemas afetivos semelhantes ao meu, entretanto, penso que não falam nisso, deixam o tempo moer as ocorrências, até que a memória apague as recordações que nos agitam por aqui.

19 Não me creio diferente dos muitos corações que conheço, embora não esteja envolvendo a todos no mesmo lado em que descolo minhas lembranças.

20 Saibam, acima de tudo isso, que eu digo que os amo muito e que os pais queridos me possuem a vida inteira. Se fui de alguém, sem a posse de Deus sobre nós todos, pertenci e continuo pertencendo a ambos.

21 Recebam, desse modo, muitos beijos do filho que acabará um dia tão perfeito como desejam, com moto ou sem moto.

22 Um abraço de muitas saudades, com os agradecimentos do filho que tudo lhes deve para desejar ser o filho útil e bom que ainda não sou e preciso ser.


Douglas

Douglas Labate

27.06.1981.


Caio Ramacciotti



[26] Avós: Maria Luíza Nami Damatto e Afonso Damatto — Francisco Telle e Ana Ferraiolli Telle, já falecidos — Eugênio Fardin, tio materno, também desencarnado.

[27] Apelido dos amigos: Vanderlei Pires — Mão; José Wilson Padilha Filho — Gordo; Antônio Malandrino — Tunas; Wagner Rodrigues Vieira — Bolomba; Patrícia Lopes Crispino — Patricinha; Fabiana Haddad — Fabi.

[28] Colegas: Ângela Magalhães e Rosana Bernardo.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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