Natural de Cruzeiro, SP, filho de Dulce Bueno Weishaar e de Charles Jean Weishaar, o jovem Charles Jean Bueno Weishaar nasceu a 30 de setembro de 1950, falecendo aos 24 anos na capital paulista, em 12 de janeiro de 1975, vitimado por acidente rodoviário na Via Anchieta.
Filho único, amoroso, terno, a redação que Charles fez na infância sobre a genitora, e que reproduzimos a seguir, melhor lhe retrata a grandeza de coração:
MINHA MÃE
“Minha mãe chama-se Dulce Bueno. É tudo o que tenho na vida.
É ela que logo cedo me chama para ir à escola, arrumando a marmita, fazendo um delicioso cafezinho.
Ao chegar em casa, encontro a casa bem arrumada e a comida deliciosa que só a mãe da gente sabe fazer.
Procura me educar, fazer de mim uma pessoa honesta, trabalhadora e me incentivar nos estudos para que mais tarde possa ser um grande homem, como toda mãe espera de seu filho.
Por isso, coopero com ela, escutando atentamente o que ela diz, que vai só servir de bem para mim no futuro.
Bem, acho que disse tudo de minha mãe e, com essas palavras, a mãe merece o título de Rainha do Lar.”
Da mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier em outubro de 1981, diz D. Dulce:
DEPOIMENTO
“A mensagem foi, para mim, o verdadeiro “Prêmio do Céu”. Tive a certeza da sobrevivência de meu filho e hoje, mais do que nunca, tenho a convicção de que meu filho vive, que está morando num país distante, que eu não sei onde é, nem como é; mas que existe, e eu espero encontrá-lo um dia.”
MENSAGEM
1 Querida mãezinha Dulce, dê-me a sua bênção e conserve a certeza de que nunca nos separamos.
2 Desde aquele janeiro de mais de seis anos atrás, recebo os pensamentos e lembranças que lhe fogem do coração à minha procura e creia que foi com a sua fortaleza de fé viva em Deus que me refiz, de certo modo, tentando facear os meus novos problemas com a bênção de coragem que encontro em sua maravilhosa vida de mãe.
3 Admito, mesmo agora, que o tempo me abateu as emoções mais pesadas de aguentar, que os filhos de minha condição, quando são liberados da vida física, através da ocorrência que conhecemos por desencarnação, continuam por algum tempo, incrustados psicologicamente nos sentimentos maternos, qual acontece com a gente, antes de nos retirarmos do claustro iluminado de amor de nossas mães para o corte daquele cordão umbilical que nos faz chorar pela primeira vez, no início de cada existência no mundo.
4 Assim penso, porque foi preciso que a vovó Ana n me viesse separar da sua presença incessante, formada por mim mesmo, conquanto estivéssemos separados do ponto de vista do espaço.
5 Fitava-lhe a imagem comigo, imagem que eu próprio alimentava com a minha ansiedade de permanecer em seu carinho. 6 Tempo de lágrimas recíprocas e sofrimentos que nós ambos não saberíamos agora minudenciar.
7 Querida mãezinha Dulce, sei que hoje estão completando vinte e uma vezes que o seu coração querido vem até aqui, na perseverança da ternura que nunca se apaga. 8 Ouvi as suas preces na passagem de meu pobre aniversário nesta semana e muni-me de força para solicitar o apoio dos amigos, a fim de que lhe repita quanto amo. Vinte e uma vezes! n
9 Mas a omissão não partiu de seu filho. É que precisamos preparação suficiente para saber manejar os recursos mediúnicos e demorei-me aprendendo…
10 Hoje, creio que escrevo com algum desembaraço, de modo a dizer-lhe que as suas orações por meu aproveitamento não foram vazias. Tenho adquirido mais experiência e consegui esquecer a ocorrência infeliz do dia 12 que nos custou tantas aflições.
11 A vovó Ana me colocou em contato com um amigo da Barra, Claudino Dias, n cuja bondade me ofereceu lugar e oportunidade na escola de bênçãos que ele mesmo dirige e, com o amparo dos Mensageiros do Bem, vou experimentando a alegria de me desvencilhar de todas as ideias sem validade real e me fixo no caminho do pequeno discípulo que precisa da escola, a fim de conquistar a própria renovação.
12 Querida mãezinha, muito grato por tudo o que recebo constantemente de seu carinho. 13 Tenho a felicidade de continuar a saber-me seu filho, guiado por suas vibrações de paciência e renúncia, ao lado da vovó Zilda n e de outros corações queridos nossos.
14 Graças a Deus vou melhorando sempre, afastando-me do homem velho que trazia comigo, em forma de ideias cristalizadas a me vestirem a mocidade com farpas de incompreensão e de exigência e sinto que a transformação para melhor significa hoje a minha felicidade.
15 Querida mamãe, sobre o papai, recordemo-lo com as nossas preces. Ele é credor dessas nossas lembranças, nas quais rogamos a Jesus o faça feliz onde estiver.
16 Estou feliz e reconhecido aos nossos Maiores pelo ensejo com que me favorecem, de maneira a que lhe desse minhas notícias, o que faço com a segurança daqueles que já choraram o suficiente para saber que necessitam converter o pranto em fonte de esperança e de alegria.
17 Querida mãezinha, isto é o que ansiava transmitir ao seu carinho, pedindo-lhe continue a tutelar-me em seus pensamentos repletos de compreensão e de amor.
18 Muito amor à vovó Zilda e com os afagos da vovó Ana que lhe abraça o coração querido, deixo em suas mãos inesquecíveis a alma toda de seu filho, sempre seu filho e seu coração,
Charles
Charles Jean Bueno Weishaar
02.10.1981.
Caio Ramacciotti
[22] Ana Ferraz Bueno, bisavó materna, falecida em 1946.
[23] Realmente, pela 21ª vez D. Dulce ia a Uberaba, aguardando notícia do filho.
[24] Claudino Dias, grande lidador espírita de Barra do Piraí, cidade fluminense onde D. Dulce nasceu e atualmente reside.
[25] Avó materna, Zilda Jóras Bueno, residente em Cruzeiro, SP.