1 Há na crença uma luz radiosa e pura,
Que transfigura os prantos em prazeres,
Que transforma os amargos padeceres
Em momentos de mística ventura.
2 Confia, espera e crê. Quando sofreres,
Sob os guantes da ríspida amargura,
Nas tormentas acerbas dos deveres
Esquecerás a dor e a desventura.
3 É que, em meio das mágoas mais atrozes,
Sentirás dentro em ti estranhas vozes
Repletas de doçura indefinida:
4 São os seres ditosos, superiores,
Que nos impelem a nós, os sofredores,
Aos luminosos Planos da outra vida.
Anthero de Quental
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