1 Átila, meu filho.
Deus te ilumine.
Mediunidade é espelho vivo da alma para refletir a luz divina.
2 É diamante do espírito destinado a fixar os raios celestes.
3 Por vezes, o espelho jaz sob as trevas, incapaz de exibir a face cristalina.
4 Em muitas ocasiões, o brilhante dorme nos seixos da serra, esperando os atritos da evolução e a passagem do tempo, a fim de surgir, sublime e belo, a pleno sol.
5 A experiência terrestre é processo de limpeza e burilamento.
6 A instrumentalidade humana caminha para o ministério da angelitude.
Não te aflijas, assim, se a iluminação parece tardia.
7 A sede de luz no viajor que ainda atravessa as regiões da sombra é fatalidade.
8 Os filhos da noite gozam a tranquilidade aparente dos ângulos obscuros do Universo, como os batráquios se rejubilam na paz ilusória do charco.
9 Dia virá, contudo, em que a caridade vitoriosa expulsará a escuridão das furnas, como chegará um momento em que o monte curará as feridas barrentas do solo.
10 A consciência que recebeu o silencioso convite à ascensão, entretanto, nunca se contentará com a fantasia.
Regozija-te, assim, com o serviço de iluminação a que foste conduzido.
11 O sofrimento interior, incompreensível e inacessível aos mais amados no mundo, é arado do Senhor, na terra do coração.
12 E bem sabes que a semente, em germinando sem preparo do meio, é quase sempre sufocada pela resistência da crosta planetária ou exterminada por vermes cruéis, inevitáveis na leira que o zelo não visita.
13 Guarda a tua perseverança no bem, nos alicerces da serenidade, antes de tudo.
14 Os mensageiros da paz não prescindem da calma e porque os emissários do amor somente poderão ser entendidos pelos que amam, não desprezes a ciência de perdoar e amparar sempre.
15 A estrada é longa.
Os problemas são imensos.
O objetivo é supremo.
16 Enche-te de fortaleza para marchar.
17 Penetra a escola do conhecimento para solucionar as questões redentoras.
18 Reveste-te de paciência para atingirmos a meta.
19 De alma desperta, agora, no santuário da fé, mantém acesa a lâmpada viva da prece para que a sintonia com o Plano Superior te favoreça com o esclarecimento mais amplo, nos instantes difíceis.
20 A oração é o único sistema de intercâmbio positivo entre os servos e o Senhor, através das linhas hierárquicas do Reino Eterno.
21 Lembra-te de que cada dia tem o seu trabalho e não te esqueças de que nos encontramos ainda longe do êxtase santificador, ante o altar das revelações imperecíveis.
22 Até lá, sofre na purificação, aprende na luta edificante e serve a todos indistintamente para que outros te sirvam, junto às fontes gloriosas do suprimento espiritual.
23 E convence-te, meu filho, de que o nosso progresso efetivo somente é medido pela nossa capacidade de refletir a Vontade, o Amor e a Sabedoria do Pai Celestial, onde estivermos.
24 Todos os patrimônios da matéria, ainda mesmo em nos referindo à substância sublimada, são suscetíveis de transformação nos variados e infinitos Planos do Ilimitado.
25 Só a herança divina torna divinos os herdeiros do Universo.
26 Nas forças vivas da Criação, somos cooperadores da Inteligência Suprema.
27 Dignifica a hora, pelo serviço no bem, para que o século te engrandeça.
28 Soldados do Cristo, n não esmoreçamos na batalha pela vitória do superior nos círculos de nossa personalidade.
29 Aperfeiçoemo-nos, de raciocínio e sentimentos voltados para Ele, o Modelo Celeste.
30 Edifiquemos em nós o Templo da Humanidade a fim de que Ele nos confie o Altar Divino. E, de espírito centralizado no Imortal Amor, trabalha e confia em nós, amparado pela certeza de que o Divino Mestre permanecerá conosco até o fim.
Agostinho
(Santo Agostinho)
(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em Leopoldina, Minas, na noite de 1.º de julho de 1947, no Centro Espírita “Amor ao Próximo”, destinada ao amigo Átila.)
[1] No original: “de Cristo” — Vide explicação de Allan Kardec sobre a anteposição do artigo à palavra Cristo.