O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano XII — Outubro de 1869.

(Idioma francês)

Correspondência.

Aos numerosos testemunhos de simpatia pela Sra. Allan Kardec e de garantias de adesão que temos recebido dos nossos correspondentes da França e dos países vizinhos, a propósito da morte do Sr. Allan Kardec, vêm juntar-se hoje as homenagens prestadas à memória do nosso venerado mestre pelos espíritas dos centros de além-mar.

Julgamos um dever pôr sob os olhos dos nossos leitores alguns extratos dessas cartas, bem como as adesões das sociedades de Rouen  †  e de Saint-Aignan  †  à constituição da Sociedade Anônima.

Um dos nossos correspondentes de São Petersburgo  †  (Rússia), o Sr. Henri Stecki, autor do Espiritismo na Bíblia (Revista Espírita, novembro de 1868), adere igualmente, e da mais absoluta maneira, à nova organização. Desejoso de concorrer pessoalmente para a vulgarização universal de nossos princípios, o Sr. Henri Stecki quer consagrar o produto integral da venda de sua interessante obra à alimentação do fundo de reserva da caixa geral. Pedimos-lhe aceitar, em nome do Espiritismo e dos espíritas do mundo inteiro, nossas calorosas felicitações e vivos agradecimentos. n

Todos esses testemunhos provam de sobra que, segundo nossas mais íntimas convicções, o Espiritismo reunirá num futuro próximo, sem distinção de casta, nem de nacionalidade, os homens sinceramente devotados aos verdadeiros interesses e à regeneração da Humanidade.


Saint-Denis  †  (Réunion), 30 de julho de 1869.

Sr. Presidente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Senhor,

É dos confins do mundo que chega esta carta. Mas, por mais afastado que eu esteja dos meus irmãos em doutrina e da subscrição que abristes tão fraternalmente para permitir aos espíritas do mundo inteiro cumprir um dever de reconhecimento para com o nosso bom e saudoso mestre Allan Kardec, guardo a esperança de que não chegarei muito tarde para depositar minha oferta entre vossas mãos e ser incluído no número dos que têm a honra e a glória de erigir um monumento fúnebre à memória do homem de bem que devotou toda a sua existência à felicidade da Humanidade, e que triunfou de modo tão completo em levar a esperança e o amor a tantos corações.

Para este efeito, encarrego meu correspondente de Paris a vos entregar a soma de 50 francos.

Recebei, etc.

A. M.




Port-Louis,  †  1º de julho de 1869.

Ao Sr. Presidente da Sociedade Espírita de Paris.

Senhor,

É com sentimento de penosa surpresa que recebemos vossa circular de 1º de abril de 1869, participando-nos a morte súbita de nosso bem-amado mestre e venerado instrutor, o Sr. Allan Kardec.

A primeira impressão, dando lugar à reflexão, levou-nos a constatar que nada se faz inutilmente no mundo, e que tudo deve seguir a lei do progresso.

Nosso bem-amado mestre há muito nos ensinou a compreender isto, pois que nos disse, pela epígrafe da Revista “Todo efeito tem uma causa; todo efeito inteligente tem uma causa inteligente; o poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.” Sua morte, nas circunstâncias que a precederam e seguiram, contribuirá, estamos certos, para impor silêncio aos caluniadores, surpreender os ignorantes e levar os retardatários do mundo civilizado a estudar, ver, compreender e progredir.

Se estamos bem convictos dos sólidos princípios da doutrina que o Sr. Allan Kardec implantou nos nossos corações e nos nossos espíritos, devemos compreender, melhor que os outros, que o movimento transitório que se opera neste momento é o prelúdio da era nova que deve regenerar o mundo num futuro próximo; e todos os grandes Espíritos que emigram agora, devem ser, em nossa opinião, os messias que virão conduzir a Humanidade à sua mais bela transformação.

Que Espírito, melhor do que o do Sr. Allan Kardec, poderá tomar parte mais ativa nesse belo resultado? Que homem, durante sua existência corporal, desde 1869 se consagrou a instruir de maneira mais sólida maior número de irmãos nos princípios humanitários?

Que conquistador em nosso globo, que poeta, que autor de invenção útil contribuiu para o sucesso de suas conquistas, pelo encanto de sua poesia ou pela potência de sua invenção para fazer mais pessoas felizes na Terra, em doze anos de trabalhos contínuos, do que fez o Sr. Allan Kardec?

Que homem empreendeu, perseguiu e completou um trabalho mais progressivo e mais moralizador do que o legado pelo Sr. Allan Kardec, fazendo-nos compreender por seu exemplo que sempre se deve deixar a porta aberta, a qualquer hora, em qualquer época, ao progresso transitório, que tende para a perfeição relativa?

Hoje, para todos nós, é um dever absoluto acolher com zelo vosso fraternal apelo e trazer, de todos os pontos do globo terrestre, o frágil contributo que, isoladamente, é devido por todo irmão espírita ao centro que é o cadinho no qual todas as harmonias espíritas virão depurar-se.

Tenho a honra, etc.

Ch. L. L.




Saint-Aignan,  †  16 de setembro de 1869.

Senhores membros do comitê da Caixa Geral e Central do Espiritismo, em Paris.

Senhores,

Os membros do grupo espírita de Saint-Aignan, perto de Rouen, depois de tomarem conhecimento dos estatutos da Sociedade Anônima do Espiritismo, têm a honra de felicitar os fundadores de uma organização que assegura definitivamente a estabilidade de nossos princípios no porvir.

Os espíritas de Saint-Aignan são pouco numerosos e pouco afortunados, mas são dos que mais ganharam pelo estudo da Doutrina, pois nela encontraram a força para suportar as provas muitas vezes cruéis da vida, bem como a esperança de conquistar a felicidade futura, por sua paciência e submissão à vontade de Deus.

Tendo recebido muito, não temem dar pouco, lembrados que estão de que o óbolo da viúva vale mais diante de Deus do que a prodigalidade do rico; mas, se os seus recursos materiais são módicos, mesmo assim esperam concorrer ativa e efetivamente para a vulgarização de suas crenças, fazendo apreciar a sua justiça e a sua lógica àqueles que os cercam, transmitindo-lhes a coragem e a confiança que nelas hauriram.

Nossa modesta subscrição totaliza 27 francos.

Quereis aceitar, senhores, a segurança de nossa fraterna simpatia.

Por todos os membros do grupo.

J. Cheualier – Presidente.

Tisserand à Saint-Aignan, perto de Rouen (Seine-Inférieure).




Rouen,  †  29 de agosto de 1869.

Aos senhores membros do comitê da Caixa Geral e Central do Espiritismo, em Paris

Senhores,

Os membros da Sociedade Espírita de Rouen, reunidos em sessão no dia 29 de agosto de 1869 (domingo), depois de ter estudado com o maior cuidado os extratos dos estatutos da Sociedade Anônima do Espiritismo, publicados no número de agosto da Revista Espírita, tendo reconhecido a utilidade dessa organização e apreciando a estabilidade que a Doutrina conquistará em consequência das disposições que lhe asseguram uma existência legal e independente, decidiram o seguinte:

1º – Enviar felicitações aos membros fundadores da nova Sociedade, cujo devotamento e desinteresse apreciam;

2º – Aprovar os artigos dos estatutos concernentes à maneira de alimentar o fundo de reserva e aderir da mais absoluta maneira à transferência feita à Caixa Geral dos 1.000 francos provenientes da subscrição da Sociedade de Rouen, para o desenvolvimento progressivo dos princípios de nossa consoladora filosofia.

A Sociedade de Rouen deve, antes de tudo, prover à sua existência; seus meios de ação são limitados, mas toda vez que as circunstâncias e recursos lho permitirem, dará seu apoio material e seu assentimento moral às disposições tomadas pela Sociedade Anônima, para assegurar a vitalidade e a expansão do Espiritismo no futuro.


(Extrato do registro da ata da sessão de 29 de agosto de 1869.)

(Seguem as assinaturas dos principais membros.)


[A. DESLIENS.]



[1] No momento de levar ao prelo, recebemos do Grupo de Montauban  †  (Tarn-et-Garonne) uma carta de adesão, da qual falaremos em nosso próximo número. [Le spiritisme dans la Bible: essai sur la psychologie des anciens … - Google books.]


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