Um dos nossos correspondentes de Londres nos transmite a seguinte notícia:
“O jornal inglês The Builder (O Construtor), órgão dos arquitetos, muito estimado por seu caráter prático e retidão de seus julgamentos, tratou casualmente, várias vezes seguidas, de questões relativas ao Espiritismo. Nesses artigos ele cuida das manifestações da atualidade, fazendo o autor uma apreciação do seu ponto de vista.
“O Espiritismo também foi abordado em algumas das últimas notícias da Revista Antropológica de Londres; † aí se declara que o fato da intervenção ostensiva dos Espíritos, em certos fenômenos, está muito bem provado para ser posto em dúvida. Aí se fala do invólucro corporal do homem como de uma grosseira vestimenta apropriada ao seu estado atual, que se considera como o mais baixo escalão do reino hominal; esse reino, embora o coroamento da animalidade do planeta, não passa de um esboço do corpo glorioso, leve, purificado e luminoso que a alma deve revestir no futuro, à medida que a raça humana se desenvolve e se aperfeiçoa.
“Ainda não é, acrescenta o nosso correspondente, a doutrina homogênea e coerente da escola espírita francesa, mas dela se aproxima muito, e me pareceu interessante como indício do movimento das ideias no sentido espírita deste lado do estreito. Mas lhes falta direção; flutua-se à aventura nesse mundo novo que se abre perante a Humanidade, e não é de admirar que nele a gente se perca por falta de um guia. Não é de duvidar que, se as obras da Doutrina fossem traduzidas para o inglês, congregariam numerosos partidários, fixando as ideias ainda incertas.”
A. Blackwell. n
[1] N. do T.: Trata-se de Anna Blackwell, primeira tradutora para o inglês de O Livro dos Espíritos e de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.