1 volume in-12, de 220 páginas. Preço: 2 fr. 50 c.; pelo correio, 2 fr. 75 c. No editor, 70, rue Bonaparte, † Paris. †
Estando este número no prelo quando nos chegou o livro do Sr. Jacob, adiamos o seu comentário para o próximo número.
[Revista
de março.]
OS PENSAMENTOS DO ZUAVO JACOB.
Precedidos de sua prece e da maneira de curar os que sofrem. n
As citações são a melhor maneira de dar a conhecer o espírito de um livro. Para começar, tomamos do anúncio e do prefácio do editor as passagens seguintes do que acaba de publicar o Sr. Jacob. Os fatos aos quais ele deve a sua notoriedade são muito conhecidos para que seja preciso relembrá-los. Aliás, nós os expusemos suficientemente na Revista de outubro e novembro de 1866, após o acampamento de Chalons, † e nos números de outubro e novembro de 1867.
“Henri Jacob, hoje músico no regimento dos zuavos da guarda imperial, nasceu no dia 6 de março de 1828, em Saint-Martin-des-Champs † (Saône-et-Loire). Todos os seus estudos consistem em um ano de classe na escola comunal; assim, não recebeu outra educação senão a que o pai lhe pôde dar; ela não ultrapassa a da simples leitura e escrita e, no entanto, foi ele quem, sem o auxílio de ninguém, redigiu este escrito, que entregamos à publicidade.
“Jacob não é um escritor profissional; é um homem de aspirações religiosas, que só se decidiu a entregar este volume à publicidade em virtude de insistentes solicitações. Para ele está obra é a sua profissão de fé no Deus criador; uma prece, a bem dizer um hino, que dirige ao Todo-Poderoso. É escrito num bom espírito, sem paixão, e aí não faz alusão a nenhum culto nem a nenhum espírito de partido político.
“Jacob é um ser dotado de alguma imaginação, nada mais. O leitor se enganaria muito se visse nos seus sentimentos outra coisa senão Deus e a Humanidade. Toda a sua ambição é trazer algum lenitivo a esta última.
“Nestas páginas vemos uma espécie de heroísmo e de grandeza, refletindo-se nos atos de filantropia, tão maravilhosamente realizados por Jacob, crente firme, que sabe que pode muito, porque Deus vem em seu auxílio em seus trabalhos tão difíceis, e que só Deus o leva a bom termo.”
Antes de mais, o Sr. Jacob dá conta, em termos simples e sem ênfase, de um sonho ou visão, que contribuiu para a elevação de seus pensamentos para Deus, e para fixar suas ideias sobre o futuro.
Vem, a seguir, uma profissão de fé, em forma de epístola, intitulada: “Aos meus irmãos em Espiritismo”; e da qual extraímos as seguintes passagens:
“Antes de minha iniciação na ciência espírita, eu vivia nas trevas; meu coração jamais havia sentido as doçuras da paz! minha alma jamais tinha conhecido a alegria; eu vivia amarrado à Terra, com os tormentos que ela suscita aos homens materiais, sem pensar que há mundos melhores, que Deus, nosso pai de todos, criou para que gozassem de uma felicidade inefável os que praticam o bem neste mundo.
“Por minha iniciação na Doutrina Espírita, adquiri a convicção de que Deus, em sua misericórdia, nos envia bons Espíritos para nos aconselhar e nos encorajar na prática do bem, e nos deu o poder de nos comunicarmos com eles e com os que deixaram esta Terra e são caros aos nossos corações. Esta convicção iluminou a minha alma! vi a luz! Pouco a pouco, fortaleci-me em minha convicção e, por este meio, atingi a faculdade de médium escrevente.
“Minhas conversas com os Espíritos e seus bons conselhos encheram-me de uma fé viva, confirmando-me as verdades da ciência espírita, que fortificaram minha fé, e pela fé a faculdade de curar me foi dada.
“Assim, pois, meus caros amigos, que uma fé viva esteja sempre em vós, pela prática das máximas espíritas, que são: o amor de Deus, a fraternidade e a caridade. Amemo-nos uns aos outros, e todos possuiremos a faculdade de nos aliviarmos mutuamente e muitos poderão chegar a curar, de que estou plenamente convencido.
“Sejamos, pois, sempre caridosos e generosos e sempre seremos assistidos pelos bons Espíritos Vós todos, que sois iniciados na Doutrina Espírita, ensinai-a aos que ainda estão nas trevas da matéria; abri suas almas à luz e eles gozarão, por antecipação, da felicidade que aguarda, nos mundos superiores, os que praticam o bem entre nós.
“Sede firmes em vossas boas resoluções; vivei sempre numa grande pureza de alma, e Deus vos dará o poder de curar os vossos semelhantes. Eis a minha prece:
“Meu Deus, tende a bondade de permitir aos bons e benevolentes Espíritos que me venham assistir, de intenção e de fato, na obra de caridade que desejo realizar, aliviando os infelizes que sofrem. É em vosso nome e em vosso louvor, meu Deus, que esses benefícios se espalham sobre nós.”
“Crede, tende fé! e quando quiserdes aliviar um doente, depois de vossa prece, ponde vossa mão sobre o seu coração, e pedi calorosamente a Deus o socorro de que necessitais; e, estou convicto, o eflúvio divino se infiltrará em vós para aliviar ou curar vosso irmão que sofre. Minha primeira cura consciente foi fazer sair de seu leito de dor um colérico, operando desta maneira. Por que queríeis que eu fosse mais privilegiado do que vós, por Deus, que é sabedoria e justiça?
“Por vossas cartas, pedis-me que me corresponda convosco e vos ajude com os meus conselhos. Vou comunicar-vos os que os Espíritos me inspiraram, e responder ao vosso apelo, cheio de boa vontade de ser útil à vossa felicidade. A minha seria grande se eu pudesse cooperar para o triunfo do grau de perfeição em que desejo ver-vos chegar.”
Segue-se uma série de 217 cartas que, a bem dizer, constituem o corpo do volume. São comunicações obtidas pelo Sr. Jacob, como médium escrevente, em diferentes grupos ou reuniões espíritas. São excelentes conselhos de moral, em estilo mais ou menos escorreito; estímulos à prática da caridade, da fraternidade, da humildade, da doçura, da benevolência, do devotamento pela Doutrina Espírita, do desinteresse moral e material; exortações à reforma de si mesmo. O mais severo moralista aí não encontrará nenhum defeito, e seria desejável que todos os médiuns, curadores e outros, e todos os espíritas em geral, pusessem em prática esses sábios conselhos. Não se pode senão felicitar o Sr. Jacob pelos sentimentos que ele expressa; e lendo esse livro, não virá ao pensamento de ninguém que é obra de um charlatão; é, pois, um desmentido dado às acusações que a malevolência interessada se deleitou em lançar contra ele; e aos que, por irrisão, o apresentaram como um taumaturgo ou fazedor de milagres.
Embora essas numerosas comunicações sejam todas concebidas num excelente espírito, é de lamentar que a uniformidade dos assuntos tratados lancem um pouco de monotonia sobre essa leitura. Elas não encerram explicações, nem instruções especiais sobre a mediunidade curadora, que é apenas a parte acessória do livro. O relato de alguns fatos autênticos de curas e das circunstâncias que as acompanharam, teria juntado interesse e utilidade prática a esta obra.
Aliás, eis como o Sr. Jacob descreve o que se passa nas sessões onde se reúnem os doentes:
“No momento da sessão, depois de ter dirigido a Deus minha curta mas fervorosa prece, sinto meus dedos se contraírem e, ao tocar o doente, reconheço a força do fluido pela umidade das mãos; às vezes elas são inundadas de transpiração; e o calor que ganha as partes inferiores é também um complemento de indício do alívio quase instantâneo que ele experimenta.
“Entretanto, não é por minha própria inspiração que os doentes devem ver desaparecerem os males que os acabrunham, mas antes pela vontade de Deus; vejo, também, errando em volta de mim, em meio a uma brilhante luz, um grande número de Espíritos benevolentes, que aparecem associar-se à minha penosa missão. Há sobretudo um que me deixa perceber muito distintamente a auréola que deve cingir sua cabeça venerável. Ao seu lado se acham duas pessoas muito radiosas, cercadas de inúmeros Espíritos. O primeiro parece guiar-me e inspirar-me em minhas operações, se assim me posso exprimir; enfim, a sala onde dou as consultas está sempre cheia de uma viva luz, que vejo continuamente refletir-se sobre os doentes.
“Depois da sessão não me resta qualquer lembrança do que se passou; é por isto que recomendo com muita insistência às pessoas presentes que prestem a maior atenção às palavras que dirijo aos doentes que se me oferecem para ser curados, se, todavia, isto é possível.”
A obra termina por alguns conselhos sobre o regime higiênico que devem seguir os doentes de que ele cuida.
[1] Um vol. in-12, de 220 páginas. Preço: 2 fr. 50 c. No editor, rue Bonaparte, † 70. [Les pensées du Zouave Jacob: précédées de sa prière et de la manière de guérir soi-même ceux qui souffrent - Google Books.]