O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano X — Março de 1867.

(Idioma francês)

Lincoln e seu assassino.

Extraído do Banner of light, de Boston.  † 

(Análise de uma comunicação de Abraão Lincoln por um médium de Ravenswood.)  † 


“Quando Lincoln voltou de seu atordoamento e despertou no mundo dos Espíritos, ficou muito surpreendido e perturbado, porque não fazia a menor ideia de que estivesse morto. O golpe que o feriu suspendeu instantaneamente toda sensação, e ele não compreendeu o que lhe havia acontecido. Esta confusão e esta perturbação, contudo, não duraram muito. Ele era bastante espiritualista para compreender o que é a morte e, como muitos outros, não ficou admirado da nova existência para a qual fora transportado. Viu-se cercado por muitas pessoas, que sabia mortas há bastante tempo, e logo soube a causa de sua morte. Foi recebido cordialmente por muita gente por quem tinha simpatia. Compreendeu sua afeição por ele e, num olhar, pôde abarcar o mundo ditoso no qual havia entrado.

“No mesmo instante experimentou um sentimento de angústia pela dor por que devia passar sua família, e uma grande ansiedade a propósito das consequências que sua morte poderia acarretar ao país. Esses pensamentos o trouxeram violentamente à Terra.

“Tendo sabido que William Booth n estava mortalmente ferido, veio a ele e curvou-se sobre seu leito de morte. Nesse momento, Lincoln tinha recobrado a perfeita consciência e a tranquilidade de seu Espírito, e esperou com calma o despertar de Booth para a vida espiritual.

“Booth não ficou espantado ao despertar, porque esperava a morte. O primeiro Espírito que encontrou foi Lincoln; olhou-o com muita petulância, como se se glorificasse do ato que havia cometido. O sentimento de Lincoln a seu respeito, entretanto, não respirava nenhuma ideia de vingança, muito ao contrário; este se mostrou suave e bom e sem a mais leve animosidade. Booth não pôde suportar este estado de coisas, e o deixou cheio de emoção.

“O ato que ele cometeu teve vários motivos; primeiro, sua falta de raciocínio, que o fazia considerar esse ato como meritório e, depois, seu amor desregrado aos louvores que o tinham convencido de que seria cumulado de elogios e olhado como um mártir.

“Depois de ter vagado, sentiu-se de novo atraído para Lincoln. Às vezes enchia-se de arrependimento, outras vezes seu orgulho o impedia de emendar-se. Entretanto compreendia quanto seu orgulho era vão, sabendo sobretudo que não podia esconder, como em vida, nenhum dos sentimentos que o agitavam, e que seus pensamentos de orgulho, de vergonha ou de remorso são conhecidos dos que o cercam. Sempre em presença de sua vítima, e dela não recebendo senão marcas de bondade, eis o seu estado atual e a sua punição. Quanto a Lincoln, sua felicidade ultrapassa o que poderia ter esperado.” [v. Ghost of Abraham Lincoln.]  † 


Observação. – A situação desses dois Espíritos é, em todos os pontos, conforme àquela que diariamente vemos exemplos nos relatos de além-túmulo. Ela é perfeitamente racional e em relação com o caráter dos dois indivíduos.



[1] [John Wilkes Booth (10 de maio de 1838 - 26 de abril de 1865) foi um ator de teatro norte-americano que assassinou o presidente Abraham Lincoln no Teatro Ford, em Washington, DC, em 14 de abril de 1865.]  † 


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