O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano X — Fevereiro de 1867.

(Idioma francês)

POESIAS ESPÍRITAS.


Lembrança.

(Sociedade de Paris,  †  20 de julho de 1866. – Médium: Sr. Vavasseur.)

Dois jovens são: irmã e irmão,

Juntos em noite de verão,

Entram na choça. E a noite avança

A passo lento, sem palrança,

Por detrás deles, vaporosa

Como uma sombra misteriosa.

Já dorme o pássaro na mata,

E o vento norte se recata;

Tudo sonhava em doce arcano.

E diz a irmã, baixinho, ao mano:

Estou com medo; ouves, irmão

Chorar um sino ao longe, então?

É um dobre lúgubre a finados,

A um morto, pois. Não assustados,

Irmã, fiquemos, é uma alma

Que sai da Terra e que com calma

Reclama prece pra pagar

No eterno além o seu lugar.

Vamos, irmã, orar na igreja

De laje cinza e poenta, seja

Local em que de luto, um dia,

Por trás do esquife em que dormia,

A pobre mãe nós vimos pois.

Vamos orar também, irmã;

Bênçãos teremos amanhã.

Vamos já, vamos! – Logo, os dois,

De olhos em lágrimas, depois,

Deram-se as mãos e, com carinho,

Tomam, assim, logo o caminho

Que ambos conduz à velha igreja.

Segunda vez o sino harpeja

E lhes oferta o triste adeus

Do morto em busca de seu Deus,

Cessando o sino o seu lamento;

Mudos de medo e em desalento

Caminham as duas crianças

Co'olhar nos céus, têm esperanças.

Da igreja, então, já quase à entrada

Uma mulher viram sentada

À sombra da pilastra triste

Que a pia benta erguer lhe assiste.

Tendo os pés nus, face velada,

Pálida, louca e desgrenhada,

Ela exclamava alto: Ó meu Deus!

Vós que se adora aqui, nos céus,

Em todo o tempo, em toda a Terra,

E, no céu, pobre mãe se encerra

Tremendo aos pés de vosso altar,

Ante o amor vosso singular,

Diante de vós, ouse a aflição

De lamentar-se a estar então.

Senhor! Não tinha eu mais que um filho,

Um só; de um róseo e de um brilho

Qual branco raio que colora

Uma manhã de fresca aurora.

O terno azul dos olhos seus

Lembrava o azul dos vossos céus,

E em sua boca um riso doce

Fulgia assim como se fosse

Dizer: Não chores em teu lar;

É Deus que vem de me enviar.

Vê, a tormenta, mãe, cessou;

Espera! o céu limpo ficou;

E eu esperava. Mas, infante,

Tu te enganavas, inconstante.

Do vento o sopro sobre a praia

Tudo destrói e se desmaia,

Senão caniços que deixando

Ao pé das águas vão chorando.

E quando a morte bate à porta

De um lar, ela entra e então transporta

Consigo tudo! E por reduto

Só deixa a marca atroz do luto.

Sabia eu pois que um belo sonho

De uma manhã, finda tristonho,

À tarde aqui; que a noite, entanto,

Do sol inveja o brilho santo

Que empalidece a sua sombra,

Lançando um véu por toda a alfombra

A escurecer seus mil fulgores,

Fechando aos olhos esplendores.

Sim, eu sabia; a mãe, porém,

Ignora tudo; e não lhe vem

O que ela espera crente em tudo;

Bem para o filho, sobretudo.

Toda uma vida de ventura,

Eu não podia sem loucura

Um dia ter felicidade?

E outra é, Senhor, vossa vontade!

Seja ela feita, assim suspiro,

Só, neste humilde e atroz retiro,

Onde eu já vi morrer-me o esposo,

Onde, sem cor no ermo espinhoso,

Eu recebi de um pai o adeus,

Onde tirais da mãe os seus

Últimos sonhos de esperança

Diante do algoz de uma criança.

Morte, que a vítima vigia

Com cruel riso de alegria,

Senhor! Eu lhe suplico a mão

Que fere os meus, um dia, então,

Da própria mãe não lhe poupar

De o filho à terra reclamar.

E o sino última vez badala,

A estas palavras a voz fala

Da alma do filho sobre a terra

Consolo à pobre mãe encerra,

Ao lhe dizer: Nos céus estou!

Quando o casal de irmãos deixou

A velha igreja logo à entrada,

Veem a mulher inda sentada.


Jean.


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