O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VI — Outubro de 1863.

(Idioma francês)

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS.


O Espiritualismo Racional.

Pelo Sr. G.-H. Love, engenheiro. n

Este trabalho notável e consciencioso é obra de um distinto cientista, que se propôs tirar da própria Ciência e da observação dos fatos a demonstração da realidade das ideias espiritualistas. É uma peça adicional em apoio da tese que sustentamos acima. [Reação das ideias espiritualistas.] Mais ainda, porque é um primeiro passo, quase oficial, da Ciência, na via espírita; aliás, logo será seguido, e disto temos certeza, por outras adesões ainda mais retumbantes, que levarão os negadores e os adversários de todas as escolas a refletirem seriamente. Bastará citar o trecho seguinte para mostrar em que espírito é a obra concebida. Acha-se à página 331.


“Vê-se — e é indubitavelmente um sinal dos tempos — a seita espiritista, que já tive ocasião de mencionar, no § 15, tomar uma rápida expansão entre pessoas de todas as classes e das mais esclarecidas, sem contar o lamentável e saudoso Jobard, de Bruxelas,  †  que se havia tornado um dos mais atentos campeões da nova doutrina.

“É fato que, examinando esta doutrina, seja mesmo na pequena brochura do Sr. Allan Kardec, O que é o Espiritismo? impossível é não notar o quanto é clara sua moral, homogênea, consequente consigo mesma, quanta satisfação dá ao espírito e ao coração. Ainda que lhe tirassem a realidade das comunicações com

o mundo invisível, restar-lhe-ia sempre isto, e é muito, é o bastante para provocar numerosas adesões e explicar seu sucesso sempre crescente. Quanto às comunicações com o mundo invisível, creio ter demonstrado cientificamente que não só eram possíveis, mas deveriam ocorrer todos os dias durante o sono. A inspiração em vigília, cuja autenticidade ou natureza, de acordo com o que eu disse, é impossível pôr em dúvida, é, aliás, uma comunicação deste gênero, embora possa haver casos em que não seja senão o resultado de um maior grau de atividade do Espírito. Agora, que se constata que a comunicação se traduz por noções estranhas ao médium que as recebe, nada vejo aí que não seja eminentemente provável; em todo o caso, é uma questão que pode ser resolvida na ausência dos sábios, que cada médium, que tem a medida de seus conhecimentos no estado normal, e as pessoas de sua família e de seu convívio podem julgar melhor que ninguém, de tal sorte que se o Espiritismo todos os dias faz prosélitos fora da questão moral, é que aparentemente produz bastante médiuns para fornecer a prova de seu estado particular a quem quer que os deseje examinar sem ideias preconcebidas.

“A moral, tal qual a compreendo e a deduzi de noções científicas — não temo reconhecê-lo — tem numerosos pontos de contato com aquela transmitida pelos médiuns do Sr. Allan Kardec; também não estou longe de admitir que se nas páginas por eles escritas muitas há que não ultrapassam o alcance ordinário do espírito humano, inclusive o deles, deve havê-las, e as há, de um alcance tal que lhes seria impossível escrever outras idênticas nos seus momentos ordinários. Tudo isto não me leva menos a desejar que uma doutrina, que não oferece o menor perigo, mas, ao contrário, eleva o espírito e o coração tanto quanto é possível desejá-lo, no interesse da sociedade, se expanda diariamente cada vez mais. Porque, segundo o que tenho lido, calculo que é impossível ser espírita sem ser homem de bem e bom cidadão. Conheço poucas religiões das quais se possa dizer o mesmo.”


Allan Kardec.



[1] Um volume in-12. 3 fr. 50 c., livraria Didier. Le spiritualisme rationnel - Google Books.


Paris. — Typ. de Cosson et Ce rue du Four-St-Germain, 43.  † 


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