1. — É com satisfação que assinalamos o aparecimento de um novo órgão do Espiritismo em Palermo, † na Sicília, † publicado em língua italiana sob o título de O Espiritismo, jornal de psicologia experimental. A multiplicação de jornais especializados nesta matéria é um sinal inequívoco do terreno que ganham as ideias novas, a despeito, ou, melhor, em razão dos próprios ataques de que são objeto. Essas ideias, que em poucos anos se implantaram em todas as partes do mundo, contam na Itália numerosos e sérios representantes. É que, nessa pátria da inteligência, como em toda parte, quem quer que lhe sonde o alcance compreende que elas encerram todos os elementos do progresso, que são a bandeira sob a qual se abrigarão um dia todos os povos, e que só elas resolvem os temíveis problemas do futuro, de maneira a satisfazer a razão. Nosso concurso simpático se estende naturalmente a todas as publicações dessa natureza, próprias a secundar nossos esforços na grande e laboriosa tarefa que empreendemos.
A carta seguinte, que acompanhou a remessa desse jornal, anuncia, ao mesmo tempo, a constituição de uma Sociedade Espírita em Palermo, sob o título de Società Spiritista di Palermo.
“Senhor,
“Uma nova sociedade espírita acaba de ser constituída aqui em Palermo, sob a presidência do Sr. Joseph Vassallo Paleólogo. Já tem o seu órgão publicitário: O Espiritismo, ou Jornal de psicologia experimental, cujas duas primeiras edições acabam de surgir. Dignai-vos aceitar um exemplar que me permito vos oferecer, como àquele que tão bem mereceu da Humanidade pelo progresso das ideias morais sob o impulso providencial do Espiritismo.
“Aceitai, etc.
Assinado: Paolo Morello.
Professor de História e Filosofia
da Universidade de Palermo.
2. — Cada número do jornal começa pela citação de alguns aforismos, em forma de epígrafe, tirados de O Livro dos Espíritos ou de O Livro dos Médiuns, por exemplo:
“Se o Espiritismo for um erro, cairá por si mesmo; se for uma verdade, nem mesmo todas as diatribes do mundo serão capazes de transformá-lo numa mentira.”
“É um erro acreditar que basta a certas categorias de incrédulos ver fenômenos extraordinários para se convencerem. Os que não admitem a alma ou o Espírito no homem não o podem admitir fora do homem. Daí por que, negando a causa, negam o efeito.”
“As reuniões frívolas têm grave inconveniente para os neófitos que as assistem, por lhes darem uma falsa ideia do Espiritismo.”
Acrescentamos: e que, sem ser frívolas, não são realizadas com a ordem e a dignidade convenientes.
3. — O primeiro número contém uma exposição de princípios, em forma de manifesto, do qual extraímos as seguintes passagens:
“Toda ciência repousa em dois pontos: os fatos e a teoria. Ora, conforme o que temos lido e visto, estamos em condições de afirmar que o Espiritismo possui os materiais e as qualidades de uma ciência; porque, de um lado, ele se afirma por fatos que lhe são peculiares e que resultam da observação e da experiência, absolutamente como qualquer outra Ciência experimental; e, por outro lado, ele se afirma por sua teoria, deduzida logicamente da observação dos fatos.
“Considerado do ponto de vista dos fatos ou da teoria, o Espiritismo não é concepção do cérebro humano, mas decorre da natureza mesma das coisas. Dada a criação das inteligências, assim como a existência espiritual, aquilo que recebeu o nome de Espiritismo apresenta-se como uma necessidade, da qual, nas condições atuais da Ciência e da Humanidade, pode-se ser testemunha antes que juiz; necessidade da qual resulta um fato complexo, que reclama ser estudado seriamente, antes de poder ser julgado. Cada um é livre de não o estudar, se tal estudo não lhe agrada, embora isto não confira a ninguém o direito de zombar dos que o estudam.
“A sociedade fundadora deste jornal nem pretende emitir uma crença, nem uma doutrina sua; como na sua convicção nada pertence menos à invenção humana que o Espiritismo, ela se propõe expor a Doutrina Espírita, e de modo algum impô-la. Aliás, ela se reserva inteira liberdade de exame e a mais completa independência de consciência na apreciação dos fatos, sem se deixar influenciar pela opinião de alguns indivíduos ou do que quer que seja. O que a torna responsável perante sua própria consciência, diante de Deus e dos homens, é a sinceridade dos fatos.”
Extraída do segundo número, a comunicação seguinte [Os médiuns e os Espíritos], assinada por Dante, testemunha a natureza dos ensinos dados a essa Sociedade: