O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VI — Julho de 1863.

(Idioma francês)

Os médiuns e os Espíritos.

Ninguém poderá tornar-se bom médium se não conseguir despojar-se dos vícios que degradam a Humanidade. Todos esses vícios têm sua origem no egoísmo; e como a negação do egoísmo é o amor, toda virtude se resume nesta palavra: caridade.

A caridade ensinada por este preceito: Quod tibi non vis, etc. n Deus não só a gravou de modo indelével no coração do homem, como a sancionou por seu próprio fato, dando-nos o seu Filho por modelo de caridade e de abnegação. Se ela deve ser o guia de cada um, seja qual for a sua condição social, é, sobretudo, a condição sine qua non de todo bom médium.

Qualquer homem pode tornar-se médium. Mas a questão não é ser médium; trata-se de ser bom médium, o que depende das qualidades morais. É verdade que os Espíritos se comunicam com os homens em todas as condições, mas com a missão de os aperfeiçoar, se suas qualidades forem boas. Eles operam esse aperfeiçoamento submetendo-os às mais duras provas para os purificar, provas que o homem de bem suporta sem desmentir o sentimento moral de sua consciência e sem se deixar desviar do bom caminho pela tentação. Àqueles cujas qualidades são más, os Espíritos se comunicam para os guiar pela mão e os levar a uma conduta mais conforme à razão e mais em harmonia com o objetivo para o qual deve tender todo homem persuadido de que sua existência neste mundo não passa de uma expiação. Quando há uma mistura do bem e do mal, os Espíritos provocam a melhora por processos intermediários.

Muitos serão abandonados por seus Espíritos, por não quererem compreender que a caridade é o único meio de progredir. E então, infeliz daquele que não tiver querido ouvir a voz da verdade! Deus perdoa ao ignorante, mas não ao que faz o mal conscientemente. O objetivo de nossa missão é o vosso melhoramento moral e o vosso dever é igualmente de vos melhorardes. Mas não espereis melhora de qualquer sorte sem a caridade.

O Dante. n



[1] [Quod tibi non vis, alteri ne facias. “Não faças a outrem o que não quererias que te fizessem” — sine qua non “sem a qual não”.]


[2] [v. Dante Alighieri.]


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