Recebemos várias cartas que comprovam a excelente aplicação do
remédio indicado na Revista Espírita de novembro de 1862, (ver
também a Errata do mês de dezembro), cuja receita foi dada por um
Espírito. Um oficial de cavalaria nos disse que o farmacêutico de seu
regimento teve o cuidado de prepará-la para os casos muito frequentes
de acidentes causados pelos coices dados pelos cavalos. Sabemos que
outros farmacêuticos fizeram o mesmo em certas cidades.
A propósito da origem do remédio, um de nossos assinantes do Eure-et-Loir † transmite-nos o seguinte fato, de seu conhecimento pessoal.
Autheusel, † 6 de novembro de 1862.
“Um carregador chamado Paquine, que reside numa comuna próxima, veio ver-me, há um mês, andando de muletas. Admirado de o ver assim, indaguei do acidente. Respondeu-me que, desde algum tempo, suas pernas estavam muito inchadas e cobertas de úlceras, e que nenhum remédio fazia efeito. Esse homem é espírita e tem alguma mediunidade. Disse-lhe que era necessário dirigir-se a Espíritos bons e fazê-lo com ardor. No dia de Todos os Santos vi-o na missa, com um simples bastão. No dia seguinte veio ver-me e contou o que se segue:
“Senhor, disse ele, desde que me recomendastes utilizar os bons Espíritos para obter minha cura, não deixei uma noite e, muitas vezes de dia, de invocá-los e lhes mostrar quanto meu mal me prejudicava para ganhar a vida. Havia apenas cinco ou seis dias que assim orava quando uma noite, estando meio adormecido, vi um homem todo de branco aparecer no meio do quarto. Avançou para o meu aparador, tomou um pequeno pote, no qual havia o unguento de que me servia para acalmar as dores das pernas. Mostrou-me o recipiente e depois, tomando fumo que eu guardava num papel, mostrou-mo também. Em seguida foi buscar uma garrafinha com extrato de saturno [nome alquímico do chumbo], depois uma garrafa com essência de terebentina † e, mostrando tudo, gesticulou que era preciso fazer uma mistura. Indicou-me a dose e a despejou no pote. Depois de fazer sinais de amizade, desapareceu. No dia seguinte fiz o que o Espírito havia prescrito e desde então minhas pernas entraram em franco processo de cura. Hoje só me resta uma inflamação no pé, que, graças à eficiência da medicação, vai aos poucos desaparecendo. Em breve espero estar livre de todo o mal.
“Eis, senhores, um fato que quase poderia ser classificado no número das curas milagrosas, e creio que seria levar longe demais o espírito de partido para aí ver apenas um fato demoníaco.
“Examinando a vulgaridade e, quase sempre, a simplicidade dos remédios indicados pelos Espíritos em geral, eu me pergunto se daí não se poderia concluir que o remédio em si não passa de simples fórmula e que é a influência fluídica do Espírito que opera a cura. Penso que esta questão poderia ser estudada.”
“L. de Tarragon.
A última questão não nos parece duvidosa, sobretudo quando se conhecem as propriedades que a ação magnética pode dar às substâncias mais benignas, à água, por exemplo. Ora, como os Espíritos também magnetizam, certamente podem dar, conforme as circunstâncias, propriedades curativas a certas substâncias. Se o Espiritismo nos revela todo um mundo de seres que pensam e agem, revela-nos também forças materiais desconhecidas, que a Ciência um dia aproveitará.