À maneira do sangue, em gotas pequeninas
Que sai do coração por nossas veias finas,
Nossa vida a emanar da luz da Divindade
Gravita ao infinito em busca à Eternidade
Nosso globo é local de prova e sofrimento;
É aí que estão o choro, os rangeres de dentes;
O inferno está aí, sim, e dele o livramento
Está na proporção dos males precedentes.
É assim que cada ser que deixa um mundo umbroso,
Mais ou menos se eleva a um outro mais etéreo.
Conforme puro então ou menos maculoso,
Seu ser se desenvolva ou ache outro critério. n
Dos eleitos ninguém pode ao posto chegar
Sem que tenha expiado enfim seus malefícios,
Se com remorso, prece e constante pesar,
Seus males não cobrir um véu de benefícios.
O Espírito imperfeito ou alma em punição
Vem tomar novo corpo, aqui, para sofrer,
Renascer em família a cujo exemplo então
Depurar-se no bem, e de novo morrer.
Sua santa missão uma vez terminada,
Logo Deus o transporta a celeste esplendor,
E, progressivamente, é sua alma elevada
Ao infinito lar do oceano do amor.
Se em nossa marcha ocorre o término da prova,
Elevados com amor às santas regiões,
Iremos com triunfo, em harmonia nova,
Dos eleitos fazer crescer as legiões.
Para maior ventura e cúmulo de graça,
Aos que caros nos são Deus, lá, nos reunirá;
E unidos na afeição que santifica e enlaça,
No seu tão puro céu nos abençoará.
No bem, no belo, o modo enfim de ser mudando,
Alçar-nos-emos nós à sagrada cidade,
Onde veremos mais bem-estar alcançando,
Um tesouro sem fim de alta felicidade.
Desses mundos de luz galgando a escada imensa,
Mais depurados sempre e transpondo os confins,
Iremos terminar no ponto de nascença,
A renascer do amor radiosos serafins.
E de uma nova raça os primeiros seremos,
Os anjos guardiães dos homens que hão de vir,
Mensageiros de Deus dos ensinos que iremos
Enriquecer então os mundos do porvir.
De Deus tal é, eu creio, o seu real querer,
No imenso caminhar de nossa Humanidade,
Curvemo-nos, irmãos, sua ordem é poder;
Cantemos: “Glória a Deus por toda a Eternidade!”,
B. Joly, ervanário de Lyon. † |