Paris é o terminal de passageiros do mundo. Todos aí aportam à cata de uma impressão, de uma ideia.
Quando me achava entre vós, muitas vezes me perguntava por que essa grande cidade, ponto de encontro do mundo inteiro, não possuía uma reunião espírita numerosa, tão numerosa quanto pudessem conter os mais vastos anfiteatros.
Algumas vezes cheguei a pensar que os espíritas parisienses se entregavam muito aos prazeres; até pensei que, para muitos, a fé espírita era um prazer de amador, uma distração entre as muitas que Paris oferece continuamente.
Mas longe de vós e, no entanto, tão perto, vejo e compreendo melhor. Embora assentada às margens do Sena, Paris está em toda parte; e, todos os dias, sua cabeça poderosa agita o mundo inteiro. Como ela, a Sociedade central espírita faz jorrar seu pensamento no Universo. Sua força não está no círculo onde se realizam suas sessões, mas em todos os países onde são seguidas as suas dissertações, em toda parte onde ela faz lei, no que respeita aos seus ensinos inteligentes. É um sol, cujos raios benfazejos se refletem ao infinito.
Por isso mesmo a Sociedade não pode ser um grupo comum; seus pontos de vista são predestinados e seu apostolado maior. Não pode ela limitar-se a um pequeno espaço, porquanto o mundo lhe é necessário, invasora que é, por natureza. E, de fato, hoje ela conquista pacificamente grandes cidades; amanhã conquistará reinos e mais tarde o mundo inteiro.
Quando um estrangeiro vos faz uma visita de cortesia, recebei-o dignamente, generosamente, para que leve uma grande ideia do Espiritismo, esta poderosa arma da civilização, que deve aplanar todos os caminhos, vencer todas as divergências e até todas as dúvidas. Dai com prodigalidade, a fim de que cada um receba esse alimento do Espírito, que tudo transforma em sua passagem misteriosa, porque a crença nova é forte como Deus, grande como Ele, caridosa como tudo quanto emana do poder superior, que fere para consolar, oferecendo à Humanidade laboriosa a prece e a dor como meios de progredir.
Bendita sejas, Sociedade que amo, tu que dás sempre com benevolência; tu que realizas uma tarefa árdua sem olhar as pedras que obstruem a passagem. Muito mereceste de Deus. Não serás e não poderás ser um centro ordinário, mas, repito, a fonte benfazeja onde o sofrimento encontrará sempre o bálsamo reparador.
Sanson.
(Antigo Membro da Sociedade
de Paris.)