O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano II — Dezembro de 1859.

(Idioma francês)

Comunicações estrangeiras lidas na Sociedade.

(Comunicação obtida pela Srta. de P…)

1. — A bondade do Senhor é eterna. Ele não quer a morte de seus filhos queridos. Mas, ó homens! refleti que depende de vós apressar o Reino de Deus na Terra ou de retardar o seu advento; que sois responsáveis uns pelos outros; que, melhorando-vos, trabalhais pela regeneração da Humanidade. A tarefa é grande, a responsabilidade pesa sobre cada um e ninguém pode eximir-se. Abraçai com fervor a gloriosa tarefa que o Senhor vos impõe, mas pedi-lhe que envie trabalhadores para os seus campos, porque, como vos disse o Cristo, a seara é grande, mas os trabalhadores são escassos.

Mas eis que somos enviados como trabalhadores dos vossos corações. Nele semeamos o bom grão. Tende cuidado de não o abafar; regai-o com as lágrimas do arrependimento e da alegria. Do arrependimento, por terdes vivido tanto tempo sobre uma terra maldita pelos pecados do gênero humano, afastados do único Deus verdadeiro, adorando os falsos prazeres do mundo, que não deixam no fundo da taça senão desgostos e tristezas. Chorai de alegria, porque o Senhor vos concedeu graça; porque quer apressar a chegada dos filhos bem-amados ao seio paternal; porque deseja que todos vos revestis da inocência dos anjos, como se jamais vos tivésseis afastado dele.

O único que vos mostrou o caminho pelo qual remontareis a esta glória primitiva; o único ao qual não podeis censurar, por não ter jamais se enganado em seus ensinamentos; o único justo perante Deus; o único, finalmente, que devereis seguir para serdes agradáveis a Deus, é o Cristo. Sim, o Cristo, vosso divino mestre que, durante séculos, esquecestes e desconhecestes. Amai-o, porque ele pede incessantemente por vós; quer vir em vosso socorro. Como! A incredulidade ainda resiste! As maravilhas do Cristo não podem abatê-la! As maravilhas de toda a Criação ficam impotentes diante desses Espíritos zombadores; sobre esta poeira que não pode prolongar de um só minuto a sua miserável existência! Esses sábios, que imaginam ser os únicos a possuir todos os segredos da Criação, não sabem de onde vêm, nem para onde vão e, no entanto, tudo negam, tudo desafiam. Porque conhecem algumas das leis mais vulgares do mundo material, pensam poder julgar o mundo imaterial, ou melhor, dizem que nada existe de imaterial, que tudo deve obedecer a essas mesmas leis materiais que chegaram a descobrir.

Mas vós, cristãos! sabeis que não podeis negar a nossa intervenção sem que, ao mesmo tempo, negueis o Cristo e negueis toda a Bíblia, porquanto não há uma única página onde não possais encontrar vestígios do mundo visível em relação com o mundo invisível. Dizei, então: sois ou não sois cristãos?

Rembrand. n


2. (OUTRA, OBTIDA PELO SR. PÊC…)


Cada homem tem em si aquilo a que chamais de uma voz interior. É o que o Espírito chama consciência, juiz severo que preside a todas as ações da vossa vida. Quando o homem está só, ouve essa consciência e pesa as coisas em seu justo valor; frequentemente se envergonha de si mesmo. Nesse momento, reconhece a Deus; mas a ignorância, conselheira fatal, o impele e lhe põe a máscara do orgulho. Apresenta-se a vós repleto de vacuidade, procurando enganar-vos pelo aparente equilíbrio que afeta. Mas o homem de coração reto não tem altiva a cabeça. Ouve com proveito as palavras do sábio, sente que nada é e que Deus é tudo; procura instruir-se no livro da Natureza, escrito pela mão do Criador. Eleva o seu Espírito, expulsa de seu envoltório as paixões materiais que muito frequentemente vos transviam. Uma paixão que vos domina é um guia perigoso. Lembra-te disso, amigo; deixa rir o céptico: seu riso se extinguirá. Em sua hora verdadeira o homem torna-se crente. Assim, pensa sempre em Deus, pois somente ele não se engana. Lembra-te de que existe apenas um caminho que a ele conduz: a fé, o amor aos semelhantes.

Um membro da família.



[1] [v. Rembrandt.]


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