O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano II — Dezembro de 1859.

(Idioma francês)

Conversas familiares de além-túmulo.


Michel François.

(Sociedade – 11 de novembro de 1859.)

O ferrador Michel François, que vivia no fim do século XVII, dirigiu-se ao intendente de Provence  †  e lhe anunciou que um espectro lhe aparecera e havia ordenado que fosse revelar ao rei Luís XIV certas coisas secretas de grande importância. Fizeram-no partir para a corte em abril de 1697. Garantem alguns que ele falou com o rei; outros, que o rei se recusou a vê-lo. O que é certo, acrescenta-se, é que em lugar de o enviarem à prisão, obteve dinheiro para a viagem e isenção de talha e de outros impostos reais.


1. Evocação

Resposta. – Eis-me aqui.


2. Como soubestes que desejávamos falar convosco?

Resposta. – Por que fazeis esta pergunta? Não sabeis que estais cercados de Espíritos que advertem aqueles com os quais desejais falar?


3. Onde estáveis quando vos chamamos?

Resposta. – No espaço, já que ainda estou errante.


4. Estais surpreso de vos achar em meio a pessoas vivas?

Resposta. – De forma alguma; encontro-me muitas vezes.


5. Lembrai-vos de vossa existência, quando, em 1697, sob o reinado de Luís XIV, éreis ferrador?

Resposta. – Muito confusamente.


6. Lembrais da revelação que íeis fazer ao rei?

Resposta. – Lembro-me de que devia fazer-lhe uma revelação.


7. Fizestes tal revelação?

Resposta. – Sim.


8. Dissestes que um espectro vos tinha aparecido e ordenado que fôsseis revelar certas coisas ao rei. Quem era o espectro?

Resposta. – Era o seu irmão.


9. Poderíeis identificá-lo?

Resposta. – Não; não me compreenderíeis.


10. Era um homem designado pela alcunha de Máscara de Ferro?  † 

Resposta. – Sim.


11. Agora que longe nos encontramos daquele tempo, poderíeis dizer-nos qual o objetivo daquela revelação?

Resposta. – Era exatamente informá-lo de sua morte.


12. A morte de quem? De seu irmão?

Resposta. – Mas evidentemente!


13. Que impressão causou ao rei essa revelação?

Resposta. – Um misto de tristeza e satisfação. Aliás, isto ficou provado pela maneira por que me tratou.


14. Como ele vos tratou?

Resposta. – Com bondade e afabilidade.


15. Dizem que um fato semelhante aconteceu com Luís XVIIIn Sabeis se isso é verdade?

Resposta. – Creio ter havido alguma coisa parecida, mas não estou bem informado.


16. Por que aquele Espírito vos escolheu para tal missão, logo vós, um homem obscuro, em vez de escolher um personagem da corte, que mais facilmente se acercasse do rei?

Resposta. – Fui encontrado em seu caminho, dotado da faculdade que ele queria encontrar e que era necessária e, também, porque um personagem da corte não seria aceito como revelador: pensariam que tivesse sido informado por outros meios.


17. Qual era o objetivo dessa revelação, desde que o rei estaria necessariamente informado da morte do irmão, mesmo antes de sabê-la por vosso intermédio?

Resposta. – Era para fazê-lo refletir sobre a vida futura e sobre a sorte a que se expunha e que de fato se expôs. Seu fim foi maculado por ações com as quais julgava garantir um futuro que aquela revelação poderia tornar melhor.



[1] [v. O lavrador Thomas Martin e Luís XVIII.]


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