Pergunta (ao Espírito Ch.) — Foste embaixador em Roma e a esse
tempo predisseste a queda do governo papal. Que pensas hoje a esse respeito?
Resposta. — Creio que se aproxima o tempo em que a minha profecia se cumprirá, porém, não sem grandes dores. Tudo se complica; exacerbam-se as paixões e uma coisa que se poderia fazer sem comoção, empolgou a todos, e de tal maneira que a cristandade inteira será abalada.
P. — Consentirias em dar-nos a tua opinião sobre o poder temporal do Papa?
R. — Penso que o poder temporal do Papa não é necessário à sua grandeza, nem ao seu poder moral ao contrário, quanto menos súditos ele contar, mais venerado será. Aquele que é o representante de Deus na Terra está colocado muito alto para não precisar do realce do poder terreno. Dirigir a Terra espiritualmente, tal a missão do pai dos cristãos.
P. — Achas que o Papa e o Sacro Colégio, mais bem esclarecidos, farão tudo por evitar o cisma e a guerra intestina, embora seja apenas moral?
R. — Não o creio; todos esses homens são obstinados, ignorantes, habituados a todos os gozos profanos necessitam de dinheiro para satisfaze-los e recearão que a nova ordem de coisas não permita que o ganhem suficientemente. Por isso levam tudo ao extremo, pouco se incomodando com o que venha a acontecer, por demasiadamente cegos para compreenderem as consequências da sua maneira de proceder.
P. — Nesse conflito não será de temer-se que a infeliz Itália sucumba e seja posta sob o cetro da Áustria?
R. — Não, é impossível. A Itália sairá vitoriosa da luta e a liberdade raiará para essa terra gloriosa. Ela nos salvou da barbárie, foi nossa mestra em tudo o que a inteligência tem de mais nobre e de mais elevado. Não recairá absolutamente sob o jugo dos que a rebaixaram.