Pergunta. — A comunicação há dias dada faz presumir, ao que parece, acontecimentos muito graves. Poderás dar-nos algumas explicações a respeito?
Resposta. — Não podemos precisar os fatos. O que podemos dizer é que haverá muitas ruínas e desolações, pois são chegados os tempos preditos de uma renovação da Humanidade.
P. — Quem causará essas ruínas? Será um cataclismo?
R. — Nenhum cataclismo de ordem material haverá, como o entendeis, mas flagelos de toda espécie assolarão as nações; a guerra dizimará os povos; as instituições vetustas se abismarão em ondas de sangue. Faz-se mister que o velho mundo se esboroe, para que uma nova era se abra ao progresso.
P. — A guerra não se circunscreverá então a uma região?
R. — Não, abrangerá a Terra.
P. — Nada, entretanto, neste momento, parece pressagiar uma tempestade próxima.
R. — As coisas estão por fio de teia de aranha, meio partido.
P. — Poder-se-á, sem indiscrição, perguntar donde partirá a primeira centelha?
R. — Da Itália.
12 de maio de 1856. — (Sessão pessoal em casa do Sr. Baudin.)
ACONTECIMENTOS. 2
Pergunta (à Verdade.) — Que pensas de M…? É homem que venha
a influir nos acontecimentos?
Resposta. — Muito ruído. Ele tem boas ideias; é homem de ação, mas não é uma cabeça.
P. — Dever-se-á tomar ao pé da letra o que foi dito, isto é, que lhe cabe o papel de destruir o que existe?
R. — Não; pretendeu-se apenas personificar nele o partido cujas ideias ele representa.
P. — Posso manter com ele relações de amizade?
R. — Por enquanto, não; correrias perigos inúteis.
P. — Dispondo de um médium, diz M… que lhe determinaram a marcha dos acontecimentos, para, por assim dizer, uma data fixa. Será verdade?
R. — Sim, determinaram-lhe épocas, mas foram Espíritos levianos que lhe responderam, Espíritos que não sabem mais do que ele e que lhe exploram a exaltação. Sabes que não devemos precisar as coisas futuras. Os acontecimentos pressentidos certamente se darão em tempo próximo, mas que não pode ser determinado.
P. — Disseram os Espíritos que os tempos são chegados em que tais coisas têm de acontecer: em que sentido se devem tomar essas palavras?
R. — Em se tratando de coisas de tanta gravidade, que são alguns anos a mais ou a menos? Elas nunca ocorrem bruscamente, como o chispar de um raio; são longamente preparadas por acontecimentos parciais que lhes servem como que de precursores, quais os rumores surdos que precedem a erupção de um vulcão. Pode-se, pois, dizer que os tempos são chegados, sem que isso signifique que as coisas sucederão amanhã. Significa unicamente que vos achais no período em que se verificarão.
P. — Confirmas o que foi dito, isto é, que não haverá cataclismos?
R. — Sem dúvida, não tendes que temer nem um dilúvio, nem o abrasamento do vosso planeta, nem outros fatos desse gênero, porquanto não se pode denominar cataclismos a perturbações locais que se têm produzido em todas as épocas. Apenas haverá um cataclismo de natureza moral, de que os homens serão os instrumentos.