O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O Livro dos Médiuns — 2ª Parte.

(Idioma francês)

Capítulo X.


NATUREZA DAS COMUNICAÇÕES.  † 

Comunicações grosseiras. (134.) — Frívolas. (135.) — Sérias. (136.) — Instrutivas. (137.) — Meios de comunicação. (138.)

133. Dissemos que todo efeito, que revela, na sua causalidade, um ato, ainda que insignificantíssimo, de livre vontade, atesta, por essa circunstância, a existência de uma causa inteligente. 2 Assim, um simples movimento de mesa, que responda ao nosso pensamento, ou manifeste caráter intencional, pode ser considerado uma manifestação inteligente. 3 Se a isso houvesse de ficar circunscrito o resultado, só muito secundário interesse nos despertaria. Contudo, já seria alguma coisa o dar-nos a prova de que, em tais fenômenos, há mais do que uma ação puramente material. 4 Nula, ou, pelo menos, muito restrita seria a utilidade prática que daí decorreria. O caso, porém, muda inteiramente de figura, quando essa inteligência ganha um desenvolvimento tal, que permite regular a contínua troca de ideias. 5 Já não há então simples manifestações inteligentes, mas verdadeiras comunicações. Os meios de que hoje dispomos permitem que as obtenhamos tão extensas, tão explícitas e tão rápidas, como as que mantemos com os homens.

6 Quem estiver bem compenetrado, segundo a escala espírita (O Livro dos Espíritos, n.º 100), da variedade infinita que apresentam os Espíritos, sob o duplo aspecto da inteligência e da moralidade, facilmente se convencerá de que há de haver diferença entre as suas comunicações; 7 que estas hão de refletir a elevação, ou a baixeza de suas ideias, o saber e a ignorância deles, seus vícios e suas virtudes; que, numa palavra, elas não se hão de assemelhar mais do que as dos homens, desde os selvagens até o mais ilustrado europeu. 8 Em quatro categorias principais se podem grupar os matizes que apresentam. Segundo seus caracteres mais acentuados, elas se dividem em: grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas.


[Comunicações grosseiras.]


134. Comunicações grosseiras são as concebidas em termos que chocam o decoro. 2 Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros. 3 Repugnam a quem quer que não seja inteiramente baldo de toda a delicadeza de sentimentos, pela razão de que, acordemente com o caráter dos Espíritos, elas serão triviais, ignóbeis, obscenas, insolentes, arrogantes, malévolas e mesmo ímpias.


[Comunicações frívolas.]


135.As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem. 2 Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em que muito se fala para nada dizer. 3 Tais Espíritos saem-se às vezes com tiradas espirituosas e mordazes e, por entre facécias vulgares, dizem não raro duras verdades, que quase sempre ferem com justeza. 4 Em torno de nós pululam os Espíritos levianos, que de todas as ocasiões aproveitam para se intrometerem nas comunicações. 5 A verdade é o que menos os preocupa; daí o maligno encanto que acham em mistificar os que têm a fraqueza e mesmo a presunção de neles crer sob palavra. 6 As pessoas que se comprazem nesse gênero de comunicações naturalmente dão acesso aos Espíritos levianos e falaciosos. Delas se afastam os Espíritos sérios, do mesmo modo que na sociedade humana os homens sérios evitam a companhia dos doidivanas.


[Comunicações sérias.]


136. As comunicações sérias são ponderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. 2 Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. 3 Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa-fé. 4 Por isso é que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica.

5 No tocante a comunicações sérias, cumpre se distingam as verdadeiras das falsas, o que nem sempre é fácil, porquanto, exatamente à sombra da elevação da linguagem, é que certos Espíritos presunçosos, ou pseudo-sábios, procuram conseguir a prevalência das mais falsas ideias e dos mais absurdos sistemas. 6 E, para melhor acreditados se fazerem e maior importância ostentarem, não escrupulizam de se adornarem com os mais respeitáveis nomes e até com os mais venerados. 7 Esse um dos maiores escolhos da ciência prática; dele trataremos mais adiante, com todos os desenvolvimentos que tão importante assunto reclama, ao mesmo tempo que daremos a conhecer os meios de premonição contra o perigo das falsas comunicações. [Item 303.]


[Comunicações instrutivas.]


137. Instrutivas são as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. 2 São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. 3 Para se retirarem frutos reais dessas comunicações, preciso é que elas sejam regulares e continuadas com perseverança. 4 Os Espíritos sérios se ligam aos que desejam instruir-se e lhes secundam os esforços, deixando aos Espíritos levianos a tarefa de divertirem os que em tais manifestações só veem passageira distração. 5 Unicamente pela regularidade e frequência daquelas comunicações se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos que as dão e a confiança que eles merecem. 6 Se, para julgar os homens, se necessita de experiência, muito mais ainda é esta necessária, para se julgarem os Espíritos.

7 Qualificando de instrutivas as comunicações, supomo-las verdadeiras, pois o que não for verdadeiro não pode ser instrutivo, ainda que dito na mais imponente linguagem. 8 Nessa categoria, não podemos, conseguintemente, incluir certos ensinos que de sério apenas têm a forma, muitas vezes empolada e enfática, com que os Espíritos que os ditam, mais presunçosos do que instruídos, contam iludir os que os recebem. Mas, não podendo suprir a substância que lhes falta, são incapazes de sustentar por muito tempo o papel que procuram desempenhar. A breve trecho, traem-se, pondo a nu a sua fraqueza, desde que alguma sequência tenham os seus ditados, ou que eles sejam levados aos seus últimos redutos.


[Meios de comunicação.]


138. São variadíssimos os meios de comunicação. 2 Atuando sobre os nossos órgãos e sobre todos os nossos sentidos, podem os Espíritos manifestar-se à nossa visão, por meio das aparições; 3 ao nosso tato, por impressões tangíveis, visíveis ou ocultas; 4 à audição pelos ruídos; 5 ao olfato por meio de odores sem causa conhecida. 6 Este último modo de manifestação, se bem muito real, é, incontestavelmente, o mais incerto, pelas múltiplas causas que podem induzir em erro. Daí o nos não demorarmos em tratar dele. 7 O que devemos examinar com cuidado são os diversos meios de se obterem comunicações, isto é, uma permuta regular e continuada de pensamentos. 8 Esses meios são: as pancadas, a palavra e a escrita. Estudá-los-emos em capítulos especiais.


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