O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O Céu e o Inferno — 2ª Parte.

ESPÍRITOS SOFREDORES.
(Idioma francês)

Capítulo IV.

[Exemplo 4.]

LISBETH.

(Bordeaux, 13 de fevereiro de 1862.)

1. — Um Espírito sofredor inscreve-se com o nome de Lisbeth.


1. Quereis dar-nos algumas informações a respeito da vossa posição, assim como da causa dos vossos sofrimentos? — R. Sede humilde de coração, submisso à vontade de Deus, paciente na provação, caridoso para com o pobre, consolador do fraco, sensível a todos os sofrimentos e não sofrereis as torturas que amargo.


2. Pareceis sentir as falhas decorrentes de contrário procedimento… O arrependimento deverá dar-vos alívio? — R. Não; o arrependimento é inútil quando apenas produzido pelo sofrimento. 2 O arrependimento profícuo tem por base a mágoa de haver ofendido a Deus, e importa no desejo ardente de uma reparação. 3 Ainda não posso tanto, infelizmente. Recomendai-me às preces de quantos se interessam pelos sofrimentos alheios, porque delas tenho necessidade.”


4 Este ensinamento é uma grande verdade; às vezes o sofrimento provoca um brado de arrependimento menos sincero, que não é a expressão de pesar pela prática do mal, visto como, se o Espírito deixasse de sofrer, não duvidaria reencetá-la. 5 Eis por que o arrependimento nem sempre acarreta a imediata libertação do Espírito; predispõe-no, porém, para ela, eis tudo; 6 é-lhe preciso, além disso, provar a sinceridade e firmeza da resolução, por meio de novas provações reparadoras do mal praticado. 7 Meditando-se cuidadosamente sobre todos os exemplos que citamos, encontrar-se-á nas palavras dos Espíritos, mesmo dos mais inferiores, profundos ensinamentos, pondo-nos a par dos mais íntimos pormenores da vida espiritual. 8 O homem superficial pode não ver nesses exemplos mais que pitorescas narrativas; mas o homem sério e refletido encontrará neles abundante manancial de estudos.


3. Farei o que desejais. Podereis dar-me alguns pormenores da vossa última existência corporal? Daí talvez nos advenha um ensinamento útil e assim tornareis proveitoso o arrependimento.

(O Espírito vacila na resposta, não só desta pergunta, como de algumas das que se seguem.)

R. Tive um nascimento de elevada condição. Possuía tudo o que os homens julgam a fonte da felicidade. 2 Rica, tornei-me egoísta; bela, fui vaidosa, insensível, hipócrita; nobre, era ambiciosa. 3 Calquei ao meu poderio os que se me não rolavam aos pés e oprimia ainda mais os que sob eles se colocavam, esquecida de que também a cólera do Senhor esmaga, cedo ou tarde, as mais altivas frontes.


4. Em que época vivestes? — R. Há cento e cinquenta anos, na Prússia.


5. Desde então não fizestes progresso algum como Espírito? — R. Não; a matéria revoltava-se sempre, e tu não podes avaliar a influência que ela ainda exerce sobre mim, a despeito da separação do corpo. 2 O orgulho agrilhoa-nos a brônzeas cadeias, cujos anéis mais e mais comprimem o mísero que lhe hipoteca o coração. 3 O orgulho, hidra de cem cabeças a renovarem-se incessantes, modulando silvos empeçonhados que chegam a parecer celeste harmonia! 4 O orgulho — esse demônio multiforme que se amolda a todas as aberrações do Espírito, que se oculta em todos os refolhos do coração; que penetra as veias; que absorve e arrasta às trevas da eterna Geena. Oh! sim… eterna!


5 Provavelmente, o Espírito diz não ter feito progresso algum, por ser a sua situação sempre penosa; a maneira pela qual descreve o orgulho e lhe deplora as consequências é, incontestavelmente, um progresso; 6 certo, quando encarnado e mesmo logo após a morte, ele não poderia raciocinar assim. 7 Compreende o mal, o que já é alguma coisa, e a coragem e o propósito de o evitar lhe advirão mais tarde.


6. Deus é muito bom para não condenar seus filhos a penas eternas. Confiai na sua misericórdia. — R. Dizem que isto pode ter um termo, mas onde e quando? Há muito que o procuro e só vejo sofrimento, sempre, sempre, sempre!”


7. Como viestes hoje aqui? — R. Conduzida por um Espírito que me acompanha muitas vezes. 2 — Desde quando o vedes, a esse Espírito? — R. Não há muito tempo. 3 — E desde quando tendes consciência das faltas que cometestes? — R. (Depois de longa reflexão.) Sim, tendes razão: foi daí para cá que principiei a vê-lo.


8. Compreendeis agora a relação existente entre o arrependimento e o auxílio prestado por vosso protetor? Tomai por origem desse apoio o amor de Deus, cujo fim será o seu perdão e misericórdia infinitos. — R. Oh! como desejaria que assim fosse. 2 — Creio poder prometer no nome, aliás sacratíssimo, daquele que jamais foi surdo à voz dos filhos aflitos. Pedi de coração e sereis ouvida. — R. Não posso; tenho medo.


9. Oremos juntos, Ele nos atenderá. (Depois da prece.) Ainda estais aí? — R. Sim. Obrigada! Não me esqueçais.


10. Vinde inscrever-vos aqui todos os dias. — R. Sim, sim, virei sempre.


2.O guia do médium: — Nunca esqueçais os ensinos que bebeis nos sofrimentos dos vossos protegidos e notadamente nas suas causas, visto serem lição que a todos aproveita no sentido de se preservarem dos mesmos perigos e de idênticos castigos.  2 Purificai os corações, sede humildes, amai-vos e ajudai-vos sem esquecerdes jamais a fonte de todas as graças, fonte inesgotável na qual podem todos saciar-se à vontade, fonte de água viva que desaltera e alimenta igualmente, fonte de vida e ventura eterna. 3 Ide a ela, meus amigos, e bebei com fé. Mergulhai nela as vossas vasilhas, que sairão de suas ondas pejadas de bênçãos; adverti vossos irmãos dos perigos em que podem incorrer. 4 Difundi as bênçãos do Senhor, que se reproduzem incessantes; e quanto mais as propagardes, tanto mais se multiplicarão. Está em vossas mãos a tarefa, porquanto, dizendo aos vossos irmãos: aí estão os perigos, lá os escolhos; vinde conosco a fim de os evitar; imitai-nos a nós que damos o exemplo; assim difundireis as bênçãos do Senhor sobre os que vos ouvirem.

5 Abençoados sejam os vossos esforços. O Senhor ama os corações puros: fazei por merecer-lhe o amor.

Saint Paulin.


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