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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Fundamental

Módulo VI — Reencarnação

Roteiro 3


Retorno à vida corporal: o planejamento reencarnatório


Objetivo Geral: Possibilitar entendimento da reencarnação sob a ótica da Doutrina Espírita.

Objetivo Específico: Explicar como é realizado o planejamento reencarnatório.



CONTEÚDO BÁSICO


  • De acordo com a Doutrina Espírita, o planejamento reencarnatório pode ser concebido pelo próprio Espírito que deseja reencarnar ou por Espíritos mais esclarecidos, especialmente designados para esta tarefa. Na primeira situação, o Espírito […] escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 258.

  • Na outra situação, Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir, como fazeis com a criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha […]. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 262.

  • Cada entidade reencarnante apresenta particularidades essenciais na recorporificação a que se entrega na esfera física […]. Os Espíritos categoricamente superiores […] podem plasmar por si mesmos […] o corpo em que continuarão as futuras experiências […]. Os Espíritos categoricamente inferiores, na maioria das ocasiões, […] entram em simbiose fluídica com as organizações femininas a que se agregam […] em moldes inteiramente dependentes da hereditariedade […]. Entre ambas as classes, porém, contamos com milhões de Espíritos medianos na evolução, portadores de créditos apreciáveis e dívidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de preparo e esmero de previsão. André Luiz: Evolução em Dois Mundos. Primeira parte, Capítulo 19 — Particularidades da reencarnação.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Apresentar, no início da reunião, os objetivos específicos do tema, comentando-os rapidamente.


Desenvolvimento:

  • Explicar como é realizado o planejamento reencarnatório, tendo como base os subsídios. É importante que esta exposição seja objetiva e que destaque os principais pontos necessários à compreensão do tema. Se possível, utilizar projeções ou outro recurso que auxilie a transmissão das ideias.

  • Em seguida, solicitar à turma que se organize em grupos, formados por afinidade, para a realização das seguintes tarefas:

    a) Leitura do caso: A história de Stella (veja anexo 1);

    b) Anotações ou destaques que facilitem a compreensão do texto;

    c) Troca de ideias entre os colegas do grupo, a respeito de pontos que revelam a ocorrência de um planejamento reencarnatório para as personagens citadas no texto lido;

    d) Respostas ao questionário inserido no anexo 2;

    e) Indicação de um participante para apresentar, em plenário, as conclusões do trabalho em grupo.

  • Pedir aos relatores que se posicionem perante a turma e apresentem as conclusões do trabalho em grupo.

  • Ouvir, atentamente, as respostas dadas pelos grupos, anotando os pontos relevantes.


Conclusão:

  • Fazer considerações sobre o trabalho realizado, destacando as impressões que o caso despertou na turma.

  • Observação: É importante que essas apresentações não fiquem repetitivas nem monótonas. Sugere-se, como exemplo de dinamização, que cada relator apresente somente a resposta de uma ou de duas perguntas do questionário. Os demais relatores participam com ideias complementares, enriquecendo, assim, a apresentação dos colegas.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório se houve entendimento no assunto estudado.


Técnica(s):

  • Exposição; estudo de caso (simplificado).


Recurso(s):

  • Subsídios do roteiro; transparências; retroprojetor; lápis/ caneta; folha de papel; texto: A história de Stella; questionário.



 

SUBSÍDIOS


Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova. (1) Partindo desta assertiva, compreendemos que não há improvisação nos procedimentos que antecedem as experiências reencarnatórias. Existe, na verdade, uma planificação fundamentada na lógica e na moralidade, tendo em vista o progresso espiritual da criatura humana. Neste sentido, a escolha das provas no planejamento reencarnatório merece cuidados especiais por parte dos Espíritos planejadores.

Conscientes das implicações desses esclarecimentos, ocorrem-nos automaticamente algumas indagações: Quando é definido o momento da reencarnação? Quais são as condições que determinam que é chegada a hora do retorno à vida corporal? Podemos selecionar as provas ou experiências que vivenciaremos no plano físico? Que critérios são utilizados, por exemplo, para a escolha dos nossos pais e demais familiares, ou da cidade e país em que renasceremos? Como são definidas questões relativas ao casamento, aos filhos, à profissão?

A Doutrina Espírita coloca ao nosso dispor esclarecidas respostas para essas e outras questões: O homem, que tem consciência da sua inferioridade, haure consoladora esperança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que venha a achar se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustém-no, porém, e lhe reanima a coragem a ideia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao cabo da sua carreira, não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o Espírito a utilizará em nova existência. (2)

A reencarnação, porém, não dispensa planejamento, mesmo em se tratando das reencarnações mais simples. Este planejamento pode ser elaborado pelo próprio Espírito que deseja ou necessita reencarnar, desde que ele tenha condições morais e intelectuais para tanto. O planejamento, pode, no entanto, ser delegado a um Espírito esclarecido, caso o reencarnante não ofereça, no momento, condições para planejar a própria reencarnação, ou opinar sobre a mesma. O Espírito mais adiantado em moralidade e em conhecimento […] escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio. (3) Neste assunto, como em outros, sabemos que não existe o livre-arbítrio absoluto, mesmo em se tratando de Espíritos verdadeiramente superiores. Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. […] Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito. (4)

É importante destacar que o planejamento reencarnatório prevê as linhas gerais dos acontecimentos que poderão ocorrer no mundo físico. (5) Os Orientadores Espirituais nos esclarecem: Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta da posição em que vos achais; são, muitas vezes, consequências das vossas próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este ou aquele êxito. Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos profundos, sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades de caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias, se fores bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz. (6)

Independentemente de um Espírito ter elaborado ou participado efetivamente do próprio planejamento reencarnatório, não há garantias de que esse planejamento seja cumprido total ou parcialmente. Sabemos […] haver Espíritos que desde o começo tomam um caminho que os exime de muitas provas. Aquele, porém, que se deixa arrastar para o mau caminho, corre todos os perigos que o inçam. Pode um Espírito, por exemplo, pedir a riqueza e ser lhe esta concedida. Então, conforme o seu caráter, poderá tornar se avaro ou pródigo, egoísta ou generoso, ou ainda lançar se a todos os gozos da sensualidade. (7)

Percebe-se, por essas elucidações, como a questão do planejamento reencarnatório está ligada às consequências do uso do nosso livre-arbítrio, situação que sempre reflete o nosso nível de evolução moral e intelectual. O livre-arbítrio, repetidamente utilizado de forma incorreta, restringe a nossa capacidade de opinar em um novo planejamento. É por esta razão que os Espíritos dedicados a esse gênero de tarefa consideram todas as ações que executamos, antes e depois da desencarnação, definindo critérios norteadores do planejamento reencarnatório que nos cabe. Efetivamente, logo após a morte do corpo físico, sofre a alma culpada minucioso processo de purgação, tanto mais produtivo quanto mais se lhe exteriorize a dor do arrependimento, e, apenas depois disso, consegue elevar se a esferas de reconforto e reeducação. Se a moléstia experimentada na veste somática foi longa e difícil, abençoadas depurações terão sido feitas, pelo ensejo de autoexame […]. Todavia, se essa operação natural não foi possível no círculo carnal, mais se lhe agravam os remorsos, depois do túmulo, por recalcados na consciência, a aflorarem, todos eles, através de reflexão […]. Criminosos que mal ressarciram os débitos contraídos, instados pelo próprio arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em que arruinaram a vida íntima […]. Caluniadores que aniquilaram a felicidade alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os padecimentos das vítimas […]. Tiranetes diversos, volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes que desferiram nos outros, e os viciados de toda sorte […] experimentam agoniada insatisfação, qual ocorre também aos desequilibrados do sexo […]. As vítimas do remorso padecem, assim; por tempo correspondente às necessidades de reajuste, larga internação em zonas compatíveis com o estado espiritual que demonstram. (13)

Passado esse período de perturbação espiritual, […] tão logo revele os primeiros sinais de positiva renovação para o bem, regista [o Espírito] o auxílio das Esferas Superiores, que, por agentes inúmeros, apoiam os serviços da Luz Divina onde a ignorância e a crueldade se transviam na sombra. Qual doente, agora acolhido em outros setores pela encorajadora convalescença de que dá testemunho, o devedor desfruta suficiente serenidade para rever os compromissos assumidos na encarnação recentemente deixada, sopesando os males e sofrimentos de que se fez responsável […]. Muita vez, ascendem a escolas beneméritas, nas quais recolhem mais altas noções da vida, aprimoram-se na instrução, aperfeiçoam impulsos e exercem preciosas atividades, melhorando os próprios créditos; todavia, as lembranças dos erros voluntários, ainda mesmo quando as suas vítimas tenham já superado todas as sequelas dos golpes sofridos, entranham-se-lhes no Espírito por “sementes de destino”, de vez que eles mesmos, em se reconhecendo necessitados de promoção a níveis mais nobres, pedem novas reencarnações com as provas de que carecem para se quitarem consciencialmente consigo próprios. Nesses casos, a escolha da experiência é mais que legítima, porquanto, através da limpeza de limiar, efetuada nas regiões retificadoras, e pelos títulos adquiridos nos trabalhos que abraça, no plano extrafísico, merece a criatura os cuidados preparatórios da nova tarefa em vista, a fim de que haja conjugação de todos os fatores para que reencontre os credores ou as circunstâncias imprescindívei s, junto aos quais se redima perante a Lei. (14)

Os Espíritos no início da sua evolução, ou portadores de grande perturbação espiritual, ou ainda que demonstram persistente estado de rebeldia perante a Lei de Deus, estão temporariamente impedidos de opinar no próprio planejamento reencarnatório. Nesta situação, a experiência reencarnatória é tutelada por um Espírito esclarecido, apresentando características de compulsoriedade. Como o Espírito não tem condições de programar a sua reencarnação, Deus lhe supre a inexperiência [no caso do Espírito recém-criado], traçando-lhe o caminho que deve seguir, como fazeis com a criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe acontece extraviar se, tomando o mau caminho, pordes atender os conselhos dos bons Espíritos. (8) Deus impõe ainda a tutela de um Espírito esclarecido sobre outro […] quando este, pela sua inferioridade ou má-vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação. (9)

Entretanto, reencarnações se processam, muita vez, sem qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no Plano físico, providências essas comparáveis às que assumimos no mundo com enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém no espaço de tempo em que se lhes perdura a enfermidade ou em que se mantenham sob as determinações da justiça. São os problemas especiais, em que a individualidade renasce de cérebro parcialmente inibido ou padecendo mutilações congênitas, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho. (15)

O momento preciso para iniciar um planejamento reencarnatório é infinitamente variável de Espírito para Espírito. Depende do grau de entendimento de cada um. Sabe-se, por exemplo, que o Espírito leva mais tempo para fazer a escolha das suas provas quando acredita na eternidade das penas após a desencarnação. (10)

O que motiva um Espírito a fazer a escolha de suas provações, ou concordar com a escolha feita por outro Espírito, é […] a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e a progredir mais depressa. Uns, portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações, objetivando suportá-las com coragem; outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder, muito mais perigosas, pelos abusos e má aplicação a que podem dar lugar, pelas paixões inferiores que […] desenvolvem; muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contato com o vício. (11) O certo é que se […] soubermos, porém, suar no trabalho honesto, não precisaremos suar e chorar no resgate justo. E não se diga que todos os infortúnios da marcha de hoje estejam debitados a compromissos de ontem, porque, com a prudência e a imprudência, com a preguiça e o trabalho, com o bem e o mal, melhoramos ou agravamos a nossa situação, reconhecendo-se que todo dia, no exercício de nossa vontade, formamos novas causas, refazendo o destino. (16)

Em suma, podemos afirmar que os planejamentos reencarnatórios são muito diversificados, porque diversas são as necessidades humanas. Cada entidade reencarnante apresenta particularidades essenciais na recorporificação a que se entrega na Esfera física, quanto cada pessoa expõe característicos diferentes quando se rende ao processo liberatório, não obstante o nascimento e a morte parecerem iguais. Os Espíritos categoricamente superiores, quase sempre, em ligação sutil com a mente materna que lhes oferta guarida, podem plasmar por si mesmos, e, não raro, com a colaboração de instrutores da Vida Maior, o corpo em que continuarão as futuras experiências, interferindo nas essências cromossômicas, com vistas às tarefas que lhes cabem desempenhar. Os Espíritos categoricamente inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo tiranizante, entram em simbiose fluídica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual […], sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da hereditariedade […]. Entre ambas as classes, porém, contamos com milhões de Espíritos medianos na evolução, portadores de créditos apreciáveis e dívidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de preparo e esmero de previsão. (17)

No Livro de André Luiz E a Vida Continua…, psicografia de Francisco Cândido Xavier, há o relato, no início do capítulo vinte e seis, sobre a existência de um Instituto de Serviço para Reencarnação no plano espiritual. (18) Na colônia Nosso Lar (livro Nosso Lar, do mesmo autor espiritual), o planejamento reencarnatório está afeto ao Ministério do Auxílio. (20) Na Colônia Correcional Maria de Nazaré, voltada para atendimento aos suicidas, existe o Departamento de Reencarnação localizado no extremo da Colônia, segundo as informações que fazem parte do livro Memórias de um Suicida, obra mediúnica de Yvonne do Amaral Pereira, capítulo quinto, segunda parte (12). Os livros Missionários da Luz, capítulos 12 e 13, e E a Vida continua, capítulos 16 a 26, trazem relatos elucidativos sobre o planejamento reencarnatório e as condições de execução das reencarnações. (18), (19)



 

ANEXO 1


ESTUDO DE CASO SIMPLIFICADO
A História de Stella

A seguinte história foi relatada por Edgar Cayce, notável médium americano, cuja última encarnação que temos notícias ocorreu no período de 1877-1945.

Stela Kirby, uma senhora simpática, tranquila e algo tímida, sempre teve vida difícil, sobretudo depois que, por motivos conjugais e financeiros, se viu na contingência de educar a única filha às próprias custas. Amigos aconselharam-na, então, a trabalhar na área de enfermagem.

Tempos depois, Stella foi encaminhada a uma família rica que procurava alguém para cuidar de um parente enfermo. No acerto das condições de trabalho, ficou estipulado que Stella receberia bom salário e local para morar com a filha, em aposentos próprios, na residência dos seus empregadores.

Quando Stella viu, pela primeira vez, o enfermo do qual deveria cuidar, quase desmaiou, chocada com a situação do mesmo. Tratava-se de um homem de 57 anos, em completo estado de retardamento mental. Sua cama era cercada por uma jaula de ferro. O doente ficava, a maior parte do dia, sentado, rasgando a roupa que lhe vestiam; recusava-se a comer, mantendo-se em permanente estado de imundície, devido à falta de controle das funções fisiológicas; o olhar era vago, perdido em si mesmo; a inexpressividade ao falar indicava que não tinha a menor consciência do que ocorria à sua volta.

Tomada de coragem, Stella entrou na jaula para cuidar do seu paciente, mas, devido às condições reinantes, passou tão mal que teve que correr ao banheiro, por não poder controlar as náuseas. Presa de angustiante sentimento de desânimo, imaginou que a tarefa poderia ser superior às suas forças.

Entretanto, ao buscar auxílio junto aos benfeitores espirituais, por intermédio da mediunidade de Edgar Cayce, estes esclareceram […] que já duas vezes no passado os caminhos de Stella e daquele homem se haviam cruzado. No Egito, ele havia sido filho dela; o asco que ora sentia por ele, no entanto, provinha de uma existência no Oriente Médio, na qual ele fora um rico filantropo que, no entanto, levava uma vida de devassidão, numa espécie de harém, onde praticava abusos de toda sorte. Stella fora, então, uma das infelizes que tinham de se submeter aos seus caprichos. (21) O reencontro de ambos, na presente reencarnação, visava ao perdão mútuo, reajustando-os perante a Lei de Deus.

Stella foi também esclarecida por Cayce que, se soubesse agir com afeto, o doente responderia aos seus cuidados. Cabia-lhe, portanto, aprender a amar o enfermo, disposta a reparar o passado desditoso. Abandoná-lo não seria […] solução, porque a ligação entre os dois continuaria em suspenso, a invadir os domínios de futuras existências. Stella jamais ouvira falar de reencarnação. Cayce lhe disse, ainda, que numa outra existência, na Palestina, ela cuidara de crianças defeituosas e que, portanto, estava habilitada ao trabalho junto ao paciente. Ela voltou à tarefa com nova carga de coragem e nova compreensão dos seus problemas. Para encurtar a história: o pobre homem de fato respondeu ao tratamento carinhoso de Stella; começou a alimentar-se espontaneamente, a conservar-se limpo e vestido. Com o olhar pacificado ele seguia Stella, sem perdê-la de vista um minuto. (21)



 

ANEXO 2


ESTUDO DE CASO SIMPLIFICADO
Questionário

1. Onde, na história, encontramos evidências de um planejamento reencarnatório?

2. Que ideias o texto oferece para justificar as evidências indicadas na resposta anterior?

3. Que trecho da história indica que, efetivamente, não há improvisação nos procedimentos que antecedem as experiências reencarnatórias?

4. Seria correto afirmar que todos as personagens citadas na história conceberam, por livre iniciativa, o próprio planejamento reencarnatório? Por quê?

5. Tendo como referência as informações que os Espíritos transmitiram a Cayce, que hipóteses poderiam ser concebidas para justificar o estado de debilidade mental do enfermo?

6. Por que o afeto de Stella, em especial, teve o poder de melhorar as condições espirituais do doente?

7. Por que outras pessoas, inclusive os familiares do enfermo, não conseguiram obter os resultados alcançados por Stella?

8. Um ponto — que não escapa à história — diz respeito ao enfermo: ter renascido em uma família rica, a qual poderia assegurar-lhe conforto e recursos materiais. Que explicação espírita poderíamos dar para tal fato, considerando a exposição que foi realizada pelo monitor no início da aula?

9. Será que o médium Edgar Cayce estaria, de alguma forma, vinculado à problemática evidenciada na história? Justifique a resposta.

10. E os pais do enfermo? Teriam eles alguma ligação com Stella? Por que tiveram que passar pela provação de receber aquele Espírito, em especial, como filho?




ANEXO III


Reencarnação

(Jesus Gonçalves)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 171, comentário, p. 121.

2. Idem - p. 122.

3. Id. - Questão 258, p. 171.

4. Id. - Questão 258-a, p. 171.

5. Id. - Questão 259, p. 171.

6. Idem, ibidem - p. 171-172.

7. Id. - Questão 261, p. 172-173.

8. Id. - Questão 262, p. 173.

9. Id. - Questão 262-a, p. 173.

10. Id. - Questão 263, p. 173.

11. Id. - Questão 264, p. 174.

12. PEREIRA, Yvonne do Amaral. Memórias de um Suicida. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Segunda parte. Item: Prelúdios da reencarnação, p. 377.

13. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Evolução em Dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira parte, Capítulo 19 (Alma e reencarnação), item: Depois da morte, p. 187-188.

14. Idem - Item: Sementes de destino, p. 189-190.

15. Id. - Item: Reencarnações especiais, p. 190-191.

16. Id. - Item: Reencarnação e evolução, p. 193.

17. Id. - Item: Particularidades da reencarnação, p. 194.

18. XAVIER, Francisco Cândido. E a Vida Continua… Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulos 16 a 26, p. 155-296.

19. Idem - Missionários da luz. Pelo Espírito André Luiz. 40. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 12 (Preparação de experiências), p. 195-226. Capítulo 13 (Reencarnação), p. 227-296.

20. Id. - Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. 55. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 8, p. 55-56.

21. MIRANDA, Hermínio C. Reencarnação e Imortalidade. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1976. Capítulo 21, p. 244-245. (História adaptada) [Citação do rodapé da pág. 210]


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