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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Fundamental

Módulo XVII — A Perfeição Moral

Roteiro 1


Os caracteres da perfeição moral


Objetivo Geral: Favorecer o entendimento da perfeição moral e de como alcançá-la.

Objetivos específicos: Dizer quais os caracteres da perfeição moral. — Identificar os obstáculos que dificultam a conquista da perfeição moral e os recursos para vencer esses obstáculos.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem […]. Com efeito, se amais aos que vos amam, que recompensa tendes? […] Portanto, deveis ser perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito. Mateus, 5.44, 46 e 48.

  • Se à criatura fosse dado ser tão perfeita quanto o Criador, tornar-se-ia ela igual a este, o que é inadmissível. […] Aquelas palavras [de Jesus], portanto, devem entender se no sentido da perfeição relativa, a de que a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade. Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: em amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem. Mostra ele, desse modo que a essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 17, item 2.

  • O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 895.

  • Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical?

    Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todas há egoísmo. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 913.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Apresentar, em cartaz, as seguintes palavras de Jesus: Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai Celestial (Mateus, 5.48). Em seguida, solicitar aos participantes que opinem sobre esta citação evangélica.

  • Ouvir as ideias emitidas, fazendo os esclarecimentos cabíveis.


Desenvolvimento:

  • Logo após, dividir a turma em pequenos grupos, para a realização das seguintes tarefas:

    1. Ler os subsídios do roteiro.

    2. Discutir o seu conteúdo;

    3. Apresentar um resumo do assunto, no qual constem:

    a) os caracteres da perfeição moral;

    b) os obstáculos que dificultam a sua conquista;

    c) os recursos de que dispomos para vencer esses obstáculos.

  • Solicitar ao representante de cada grupo que apresente as conclusões do trabalho.

  • Ouvir as conclusões e prestar os esclarecimentos devidos.


Conclusão:

  • Encerrar o estudo esclarecendo à turma porque todo o mal deriva do egoísmo.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório se os alunos realizarem, de forma correta, as tarefas propostas.


Técnica(s):

  • Interpretação de texto; trabalho em pequenos grupos; exposição.


Recurso(s):

  • Texto de Mateus; subsídios do roteiro; papel; lápis/caneta.



 

SUBSÍDIOS


Os caracteres da perfeição, apresentados por Jesus, no Evangelho, desdobram-se em três pontos fundamentais: amar os vossos inimigos; fazer o bem aos que vos odeiam, e orar pelos que vos perseguem e caluniam. (2) E isso porque — explica o Mestre Divino — se somente amarmos os que nos amam, que recompensa teremos disso? Não fazem o mesmo os publicanos? Se somente saudarmos os nossos irmãos, que fazemos com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os pagãos? Concluindo o seu ensinamento, diz Jesus: Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial. (2)

Comentando esse ensino, assinala Kardec:

Pois que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, esta proposição: Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial, tomada ao pé da letra, pressuporia a possibilidade de atingir se a perfeição absoluta. Se à criatura fosse dado ser tão perfeita quanto o Criador, tornar-se-ia ela igual a este, o que é inadmissível. […] Aquelas palavras, portanto, devem entender se no sentido da perfeição relativa, a de que a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade. Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: Em amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem. Mostra ele, desse modo, que a essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes.

Com efeito, se se observam os resultados de todos os vícios e, mesmo, dos simples defeitos, reconhecer-se-á nenhum haver que não altere mais ou menos o sentimento da caridade, porque todos têm seu princípio no egoísmo e no orgulho, que lhes são a negação; e isso porque tudo o que sobreexcita o sentimento da personalidade destrói, ou, pelo menos, enfraquece os elementos da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento. Não podendo o amor do próximo, levado até ao amor dos inimigos, aliar se a nenhum defeito contrário à caridade, aquele amor é sempre, portanto, indício de maior ou menor superioridade moral, donde decorre que o grau da perfeição está na razão direta da sua extensão. (3)

Pode dizer-se, em decorrência disso, que a […] virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso. […] Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho. A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de estadear se. Advinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas. (6)

Entretanto, de todas as virtudes qual a mais meritória? Os Espíritos Superiores respondem:

Toda virtude tem o seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade. (7)

Frequentemente, as qualidades morais são como, num objeto de cobre, a douradura que não resiste à pedra de toque. Pode um homem possuir qualidades reais, que levem o mundo a considerá-lo homem de bem. Mas, essas qualidades, conquanto assinalem um progresso, nem sempre suportam certas provas e às vezes basta que se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a descoberto. […] O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro. (8)

Dizem os Espíritos Superiores que, de todos os vícios aquele que se pode considerar radical é o egoísmo. […] Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. (9)

Note-se entretanto que, fundando-se o egoísmo no interesse pessoal, só poderá ser extirpado do coração à medida que o homem se instrui a respeito das coisas espirituais, o que fará que dê menos valor aos bens materiais. (10)

Com efeito, ensinam os Orientadores Espirituais que de […] todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas. Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o egoísmo. (11)

O egoísmo é irmão do orgulho e procede das mesmas causas. É uma das mais terríveis enfermidades da alma, é o maior obstáculo ao melhoramento social. Por si só ele neutraliza e torna estéreis quase todos os esforços que o homem faz para atingir o bem. (14)

Portanto, o […] egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê­la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer se a si mesmo, do que para vencer os outros. (1) Essa coragem, porém, vai sendo por nós adquirida à medida que despertamos para o sentimento do dever, inserto na própria consciência.

Todos nós trazemos gravados no íntimo do ser […] os rudimentos da lei moral. É neste mundo mesmo que ela recebe um começo de sanção. Qualquer ato bom acarreta para o seu autor uma satisfação íntima, uma espécie de ampliação da alma; as más ações, pelo contrário, trazem, muitas vezes, amargores e desgostos em sua passagem. (12) Por sua vez, o […] dever é o conjunto das prescrições da lei moral, a regra pela qual o homem deve conduzir se nas relações com seus semelhantes e com o Universo inteiro. Figura nobre e santa, o dever paira acima da Humanidade, inspira os grandes sacrifícios, os puros devotamentos, os grandes entusiasmos. Risonho para uns, temível para outros, flexível sempre, ergue-se perante nós, apontando a escadaria do progresso, cujos degraus se perdem em alturas incomensuráveis. (13)

Afirma o Espírito Lázaro, em comunicação inserida em O Evangelho segundo o Espiritismo que: O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos mais elevados. Quero aqui falar apenas do dever moral e não do dever que as profissões impõem.

Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir se, por se achar em antagonismo com as atrações do interesse e do coração. Não têm testemunhas as suas vitórias e não estão sujeitas à repressão suas derrotas. O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio. O aguilhão da consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos sofismas da paixão. Fielmente observado, o dever do coração eleva o homem; como determiná-lo, porém, com exatidão? Onde começa ele? Onde termina? O dever principia, para cada um de vós, exatamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação a vós. (4)

Assim finaliza o referido Instrutor Espiritual: O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da Humanidade. Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de refletir as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a beleza da sua obra resplandeça a seus próprios olhos. (5)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 11, item 11, p. 210-211.

2. Idem - Capítulo 17, item 1, p. 305-306.

3. Idem, ibidem, item 2, p. 306.

4. Id. - Item 7, p. 313-314.

5. Idem, ibidem - p. 314-315.

6. Id. - Item 8, p. 315.

7. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 893, p. 461.

8. Id. - Questão 895, p. 462-463.

9. Id. - Questão 913, p. 470.

10. Id. - Questão 914, p. 470.

11. Id. - Questão 917, p. 471-472.

12. DENIS, Léon. Depois da Morte. Tradução de João Lourenço de Souza. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Capítulo 42 (A vida moral), p. 251.

13. Id. - Capítulo 43 (O dever), p. 254.

14. Id. - Capítulo 46 (O egoísmo), p. 268.


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