Roteiro 3
Desigualdade das riquezas: as provas da riqueza e da pobreza
Objetivo Geral: Possibilitar entendimento da lei de igualdade e das desigualdades existentes entre os homens.
Objetivos específicos: Explicar a razão da desigualdade das riquezas. — Justificar a necessidade das provas da riqueza e da pobreza.
CONTEÚDO BÁSICO
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A desigualdade das riquezas não se originará da das faculdades, em virtude da qual uns dispõem de mais meios de adquirir bens do que outros? Sim e não. Da velhacaria e do roubo, que dizes? Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 808.
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Mas, a riqueza herdada, essa não é fruto de paixões más.
Que sabes a respeito? Busca a fonte de tal riqueza e verás que nem sempre é pura. Sabes, porventura, se não se originou de uma espoliação ou de uma injustiça? […] Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 808a.
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Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a seu grado, não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente desses bens. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 16, item 10.
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Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria?
Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com frequência. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 814.
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A miséria provoca as queixas contra a Providência, a riqueza excessos. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 815.
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A alta posição do homem neste mundo e o ter autoridade sobre os seus semelhantes são provas tão grandes e tão escorregadias como a desgraça, porque, quanto mais rico e poderoso é ele, tanto mais obrigações tem que cumprir e tanto mais abundantes são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder. A riqueza e o poder fazem nascer todas as paixões que nos prendem à matéria e nos afastam da perfeição espiritual. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 816 - comentário.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
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Apresentar os objetivos da aula.
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Em seguida, lançar no quadro-de-giz / flip-chart a seguinte pergunta: Riqueza ou pobreza — qual a prova mais difícil?
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Ouvir as respostas, comentando-as.
Desenvolvimento:
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Dividir a turma em pequenos grupos.
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Entregar a cada grupo uma ficha com um texto retirado dos subsídios.
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Pedir aos participantes que façam o seguinte:
a) Leitura das fichas;
b) Análise e discussão das ideias aí expressas;
c) Preparação de miniaula em que conste defesa ou refutação dessas ideias;
d) Apresentação da miniaula, não ultrapassando o tempo de cinco minutos.
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Observações:
— Cada ficha deve conter numa face o texto selecionado e, no verso, a fonte bibliográfica (os livros destas referências podem ser colocados a disposição dos grupos para consultas).
— Os textos escolhidos deverão abranger, em seu conjunto, todo o conteúdo dos Subsídios.
— Cada grupo pode utilizar esquemas, diagramas ou outros recursos didáticos disponíveis na apresentação da miniaula.
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Ouvir as apresentações dos grupos, comentando-as.
Conclusão:
Avaliação:
Técnica(s):
Recurso(s):
SUBSÍDIOS
1. Desigualdades das riquezas
Para trabalhos que são obra dos séculos, teve o homem de extrair os materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de os executar com maior segurança e rapidez. Mas, para levá-los a efeito, precisa de recursos: a necessidade fê-lo criar a riqueza, como o fez descobrir a Ciência. (3) A riqueza, contudo, nunca esteve repartida igualmente entre os homens, fato que sempre preocupou os pensadores de todos os tempos.
Nesse aspecto, porém, é importante, observar que inutilmente se buscará resolver o problema da desigualdade das riquezas […] desde que se considere apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. É, aliás, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade das caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhas que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade; que, admitido desse ela a cada um o necessário, já não haveria o aguilhão que impele os homens às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. (4)
Nada obstante, deve-se considerar, na análise dessa questão, o fato de que, nem sempre a causa da desigualdade das riquezas está na diversidade das faculdades, em virtude da qual uns dispõe de mais condições de adquirir bens do que outros. Muitas vezes, a desigualdade na repartição das riquezas se origina, como dizem os Espíritos Superiores, da velhacaria e do roubo. (9) Mesmo a riqueza herdada não está isenta dessa origem, uma vez que pode ter sido fruto da espoliação ou da injustiça. (10) Entretanto, acima de tudo se vê a ação de Deus, que distribui entre os homens, a seu grado, os bens da Terra, que lhe pertencem, […] não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente desses bens. Tanto eles não constituem propriedade individual do homem, que Deus frequentemente anula todas as previsões e a riqueza foge àquele que se julga com os melhores títulos para possuí-la. Direis, porventura, que isso se compreende no tocante aos bens hereditários, porém, não relativamente aos que são adquiridos pelo trabalho. Sem dúvida alguma, se há riquezas legítimas, são estas últimas, quando honestamente conseguidas, porquanto uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, da sua aquisição, não resulta dano para ninguém. […] Mas, do fato de um homem devera si próprio a riqueza que possua, seguir-se-á que, ao morrer, alguma vantagem lhe advenha desse fato? Não são amiúde inúteis as precauções que ele toma para transmiti-la a seus descendentes? Decerto, porquanto, se Deus não quiser que ela lhes vá ter às mãos, nada prevalecerá contra a sua vontade. (6)
A riqueza é poderoso instrumento de progresso. Desse modo, […] não quer Deus que ela permaneça longo tempo improdutiva, pelo que incessantemente a desloca. Cada um tem de possuí-la, para se exercitar em utilizá-la e demonstrar que uso sabe fazer dela. Sendo, no entanto, materialmente impossível que todos a possuam ao mesmo tempo, e acontecendo, além disso, que, se todos a possuíssem, ninguém trabalharia, com o que o melhoramento do planeta ficaria comprometido, cada um a possui por sua vez. Assim, um que não na tem hoje, já a teve ou terá noutra existência; outro, que agora a tem, talvez não na tenha amanhã. Há ricos e pobres, porque sendo Deus justo, como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. (5)
2. As provas da riqueza e da miséria
Ensina o Espiritismo que Deus concedeu as riquezas e o poder a uns e a miséria a outros para […] experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com frequência. (11)
Pode aparecer estranho que os Espíritos escolham provas dolorosas, como a da miséria. Com efeito, sob […] a influência das ideias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso. Tal a razão de lhe parecer natural sejam escolhidas as que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais. Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos. Assim, pois, o Espírito pode escolher prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto. (8)
Contudo, tanto a prova da miséria como a da riqueza são difíceis de serem suportadas, porque, enquanto a […] miséria provoca as queixas contra a Providência, a riqueza incita a todos os excessos. (12) O rico entretanto possui, de um modo geral, mais instrumentos para fazer o bem do que o pobre. Todavia, nem sempre o faz. […] Torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável. Com a riqueza, suas necessidades aumentam e ele nunca julga possuir o bastante para si unicamente. (13)
Em verdade, a […] alta posição do homem neste mundo e o ter autoridade sobre os seus semelhantes são provas tão grandes e tão escorregadias como a desgraça, porque, quanto mais rico e poderoso é ele, tanto mais obrigações tem que cumprir e tanto mais abundantes são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder.
A riqueza e o poder fazem nascer todas as paixões que nos prendem à matéria e nos afastam da perfeição espiritual. Por isso foi que Jesus disse: “Em verdade vos digo que mais fácil é passar um camelo por um fundo de agulha do que entrar um rico no Reino dos céus.” (13)
Qual, então, o melhor emprego que se pode dar à riqueza? Procurai — nestas palavras: “Amai-vos uns aos outros”, a solução do problema. Elas guardam o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí toda traçada a sua linha de proceder. Na caridade está, para as riquezas, o emprego que mais apraz a Deus. […] Rico!… dá do que te sobra; faze mais: dá um pouco do que te é necessário, porquanto o de que necessitas ainda é supérfluo. Mas, dá com sabedoria. Não repilas o que se queixa, com receio de que te engane; vai às origens do mal. Alivia, primeiro; em seguida, informa-te, e vê se o trabalho, os conselhos, mesmo a afeição não serão mais eficazes do que a tua esmola. Difunde em tomo de ti, como os socorros materiais, o amor de Deus, o amor do trabalho, o amor do próximo. […] A riqueza da inteligência deves utilizá-la como a do ouro. Derrama em torno de ti os tesouros da instrução; derrama sobre teus irmãos os tesouros do teu amor e eles frutificarão. (7)
Ressalte-se, no entanto, que somente a fé inabalável na vida futura — fé que o Espiritismo faculta — propiciará melhores condições de enfrentamento tanto da prova da miséria quanto a da riqueza. (1) É que para […] quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se toma simples passagem, breve estada num país ingrato. As vicissitudes e tribulações dessa vida não passam de incidentes que ele suporta com paciência, por sabê-las de curta duração, devendo seguir-se-lhes um estado mais ditoso. (1) Passa a perceber, então, […] que grandes e pequenos estão confundidos, como formigas sobre um montículo de terra; que proletários e potentados são da mesma estatura, e lamenta que essas criaturas efêmeras a tantas canseiras se entregam para conquistar um lugar que tão pouco as elevará e que por tão pouco tempo conservarão. Daí se segue que a importância dada aos bens terrenos está sempre em razão inversa da fé na vida futura. (2)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 2, item 5, p. 70.
2. Idem, ibidem - p. 71.
3. Idem - Capítulo XVI, item 7, p. 291.
4. Id. - Item 8, p. 291-292.
5. Id. - Item 8, p. 292-293.
6. Id. - Item 10, p. 294-295.
7. Id. - Item 11, p. 295-296.
8. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, questão 266, p. 199.
9. Id. - Questão 808, p. 423.
10. Id. - Questão 808a, p. 423-424.
11. Id. - Questão 814, p. 426.
12. Id. - Questão 815, p. 426.
13. Id. - Questão 816, p. 426.