Roteiro 4
Limite do trabalho e do repouso
Objetivo Geral: Possibilitar entendimento das leis de sociedade e do trabalho.
Objetivos específicos: Identificar o limite do trabalho e do repouso — Justificar a necessidade do repouso.
CONTEÚDO BÁSICO
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Qual o limite do trabalho?
O das forças. Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 683.
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Que se deve pensar dos que abusam de sua autoridade, impondo a seus inferiores excessivo trabalho?
Isso é uma das piores ações. Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo, transgride a lei de Deus. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 684.
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O repouso serve para reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 682.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
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Pedir a alguns participantes que leiam o resumo escrito do texto O valor do trabalho, de autoria do Espírito Humberto de Campos, solicitado na atividade extraclasse da reunião anterior (anexo do roteiro 3).
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Fazer comentários a respeito dos resumos apresentados, prestando os esclarecimentos necessários.
Desenvolvimento:
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Em seguida, solicitar aos alunos que façam leitura silenciosa dos subsídios.
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Após a leitura, apresentar-lhes uma caixa com recortes de pequenos textos dos subsídios, orientando-os na realização da seguinte atividade:
a) Retirar um recorte da caixa;
b) Ler em voz alta o seu conteúdo, e explicá-lo.
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Ouvir a leitura e as explicações dos participantes, esclarecendo dúvidas.
Conclusão:
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Realizar, como fechamento do estudo, breve exposição sobre as questões 682, 683 e 684 de O Livro dos Espíritos.
Avaliação:
Técnica(s):
Recurso(s):
SUBSÍDIOS
Sendo o trabalho uma lei natural, o repouso é a consequente conquista a que o homem faz jus para refazer as forças e continuar o ritmo de produtividade. O repouso se lhe impõe como prêmio ao esforço despendido, sendo-lhe facultando o indispensável sustento nos dias da velhice, quando diminuem o poder criativo, as forças e a agilidade na execução das tarefas ligadas à subsistência (5) Assim, o limite do trabalho é o das próprias forças. […] Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem. (1)
Isso deixa claro que, sendo, como é, fonte de equilíbrio físico e moral, o trabalho deve ser exercido por tanto tempo quanto nos mantenhamos válidos. (3) É preciso buscar a medida do equilíbrio nessa questão, evitando, sempre que possível, comportamentos extremos: nem nos entregar à ociosidade degradante, filha da preguiça, nem nos impor um ritmo excessivo de trabalho, causador de enfermidades. A natureza exige o emprego de nossas energias e aqueles que se aposentam, sentindo-se ainda em pleno gozo de suas forças físicas e mentais, depressa caem no fastio, tornando-se desassossegados, irritadiços ou hipocondríacos. Alguns tentam eliminar o vazio de suas horas em viagens; outros, em diversões; quase todos, porém, se cansam de uma coisa e outra, entregando-se, por fim, ao alcoolismo, à jogatina e a outros vícios que lhes arruínam, de vez, tanto a saúde como a paz íntima. Abalizados psiquiatras e psicanalistas afirmam, com exato conhecimento de causa, que todos os seres humanos precisam encontrar alguma coisa que possa fazer, pois ninguém consegue ser feliz sem que se sinta útil ou necessário a alguém. (4) Por outro lado, as exigências e competições existentes no mudo moderno vêm contribuindo para que um número significativo de pessoas adotem comportamentos compulsivos, em relação à atividade laboral. São pessoas denominadas Workaholics (ou Work-a-holics), palavra inglesa usada para designar pessoas que têm compulsão por trabalho. Elas trabalham em excesso, vivem e respiraram trabalho vinte e quatro horas por dia.
Dividido o tempo entre o trabalho e o lazer, ação e espairecimento, ampliam-se as possibilidades da existência do homem que, então, frui a decorrência do progresso na saúde, nas manifestações artísticas, na cultura, no prazer, dispondo de tempo para as atividades espirituais, igualmente valiosas, senão indispensáveis para a sua paz interior. Mediante o “trabalho-remunerado” o homem modifica o meio, transforma o habitat, cria condições de conforto. Através do “trabalho-abnegação”, do qual não decorre troca nem permuta remuneração ele se modifica a si mesmo, crescendo no sentido moral e espiritual. (6)
O limite do trabalho e do repouso é observado, inclusive, no plano espiritual. André Luiz nos faz inúmeras referências a respeito deste assunto em sua obra. Em Nosso Lar, por exemplo, nos informa: Aqui, em verdade, a lei do descanso é rigorosamente observada, para que determinados servidores não fiquem mais sobrecarregados que outros; mas a lei do trabalho é também rigorosamente cumprida. (7) Em Os Mensageiros, há um relato do benfeitor Aniceto relacionado a uma específica distribuição de tarefas entre os colaboradores: Na oficina — disse-nos, bondoso — encontramos revigoramento imprescindível ao trabalho. Recebemos reforços de energia, alimentando-nos convenientemente para prosseguir no esforço, mas convenhamos que, para muito de nós, a noite representou uma série de atividades longas e exaustivas. Necessitamos de algum descanso. (8)
Se nos propomos retratar mentalmente a luz dos Planos Superiores, é indispensável que a nossa vontade abrace espontaneamente o trabalho por alimento de cada dia.
No pretérito, apreciávamo-lo por atitude servil de quantos caíssem sob o ferrete da injúria. A escola, as artes, as virtudes domésticas, a indústria e o amanho do solo eram relegados a mãos escravas, reservando-se os braços supostos livres para a inércia dourada. (9)
O trabalho escravo, ainda existente em muitas nações, inclusive no Brasil, foi uma prática muito comum no passado. Na época exclusivamente agrícola, a produção exigia uma mão-de-obra permanente, não-remunerada. Por muitos anos, após o período da revolução industrial, o trabalhador era remunerado, mas, em contrapartida, deveria assumir o ônus de uma desumana carga de trabalho, sem descanso ou com pouquíssimo tempo destinado ao repouso. Nesse sentido, o Espiritismo esclarece que devemos ser muito cuidadosos, pois não é correto abusar da autoridade, impondo aos subalternos excessivo trabalho. Segundo os Espíritos Orientadores, quem assim procede está cometendo […] uma das piores ações. Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo, transgride a lei de Deus. (2)
ANEXO
(Auta de Souza)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 683, p. 371.
2. Idem - Questão 684, p. 371.
3. CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais. 11. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo: Limite do trabalho, p. 62.
4. Idem, ibidem - p. 63-64.
5. FRANCO, Divaldo Pereira. Estudos Espíritas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. Capítulo 11 (Trabalho), p. 94.
6. Idem, ibidem - p. 95.
7. XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. 1. ed. especial, Rio de Janeiro: FEB, 2003. Capítulo 11 (Notícias do Plano), p. 67-68.
8. Idem - Os Mensageiros. Pelo Espírito André Luiz. 1. ed. especial, Rio de Janeiro: FEB, 2003. Capítulo 40 (Rumo ao campo), p. 247.
9. Idem - Pensamento e vida. Pelo Emmanuel. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 7 (Trabalho), p. 35-36.