Roteiro 1
Destruição necessária e destruição abusiva
Objetivo Geral: Possibilitar entendimento das leis de destruição e de conservação.
Objetivos específicos: Indicar a finalidade da destruição existente na Natureza. — Estabelecer a diferença entre destruição necessária e destruição abusiva.
CONTEÚDO BÁSICO
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As criaturas são instrumentos de que Deus se serve para chegar aos fins que objetiva. Para se alimentarem, os seres vivos reciprocamente se destroem, destruição esta que obedece a um duplo fim: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornar se excessiva, e utilização dos despojos do invólucro exterior que sofre a destruição. Este invólucro é simples acessório e não a parte essencial do ser pensante. A parte essencial é o princípio inteligente, que não se pode destruir e se elabora nas metamorfoses diversas por que passa. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 728-a.
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A destruição necessária ocorre na Natureza tendo em vista a natural transformação biológica, a renovação e até a melhoria das espécies. Dessa forma, os Espíritos Superiores nos esclarecem: Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 728.
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A destruição abusiva não está prevista na lei natural porque coloca em risco a vida no Planeta. Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. Por isso foi que Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 729.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
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Apresentar em cartaz, ou projeção, o seguinte problema: Deus criou a necessidade de os seres vivos se destruírem para se alimentarem uns à custa dos outros. Como conciliar esse fato com a bondade de Deus?
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Pedir aos participantes que, em duplas, discutam e busquem resolver o problema, sem consulta aos subsídios do roteiro.
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Ouvir as conclusões das dúvidas, comentando-as sucintamente.
Desenvolvimento:
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Solicitar à turma divisão em pequenos grupos para realizar a seguinte tarefa:
a) Leitura dos subsídios;
b) Elaboração de argumentos, retirados do texto lido, que sustentam a tese: A lei de destruição está de acordo com a bondade de Deus;
c) Listagem de exemplos que caracterizem a destruição abusiva existente no nosso Planeta.
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Escolha de um ou dois colegas para apresentarem, em plenária, as conclusões do trabalho.
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Ouvir o relato dos grupos, prestando os esclarecimentos devidos.
Conclusão:
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Fazer a integração do assunto, reforçando os seguintes pontos:
a) Finalidade da destruição existente na Natureza;
b) Diferença entre destruição necessária e destruição abusiva.
Avaliação:
Técnica(s):
Recurso(s):
SUBSÍDIOS
Há duas formas de destruição no Planeta: uma é benéfica, a outra é abusiva. A primeira […] não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos. (7) A segunda, não prevista na lei de Deus, resulta da imperfeição moral e intelectual do homem, em razão da predominância […] da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. (10)
A destruição recíproca dos seres vivos é, dentre as leis da Natureza, uma das que, à primeira vista, menos parecem conciliar se com a bondade de Deus. Pergunta-se por que lhes criou ele a necessidade de mutuamente se destruírem, para se alimentarem uns à custa dos outros. Para quem apenas vê a matéria e restringe à vida presente a sua visão, há de isso, com efeito, parecer uma imperfeição na obra divina. É que, em geral, os homens apreciam a perfeição de Deus do ponto de vista humano; medindo-lhe a sabedoria pelo juízo que dela formam, pensam que Deus não poderia fazer coisa melhor do que eles próprios fariam. Não lhes permitindo a curta visão, de que dispõem, apreciar o conjunto, não compreendem que um bem real possa decorrer de um mal aparente. Só o conhecimento do princípio espiritual, considerado em sua verdadeira essência, e o da grande lei de unidade, que constitui a harmonia da criação, pode dar ao homem a chave desse mistério e mostrar lhe a sabedoria providencial e a harmonia, exatamente onde apenas vê uma anomalia e uma contradição. (1)
A verdadeira vida, tanto do animal como do homem, não está no invólucro corporal, do mesmo modo que não está no vestuário. Está no princípio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo. Esse princípio necessita do corpo, para se desenvolver pelo trabalho que lhe cumpre realizar sobre a matéria bruta. O corpo se consome nesse trabalho, mas o Espírito não se gasta; ao contrário, sai dele cada vez mais forte, mais lúcido e mais apto. […] Por meio do incessante espetáculo da destruição, ensina Deus aos homens o pouco caso que devem fazer do envoltório material e lhes suscita a ideia da vida espiritual, fazendo que a desejem como uma compensação. Objetar-se-á: não podia Deus chegar ao mesmo resultado por outros meios, sem constranger os seres vivos a se entredestruírem? Desde que na sua obra tudo é sabedoria, devemos supor que esta não existirá mais num ponto do que noutros; se não o compreendemos assim, devemos atribuí-lo à nossa falta de adiantamento. Contudo, podemos tentar a pesquisa da razão do que nos pareça defeituoso, tomando por bússola este princípio: Deus há de ser infinitamente justo e sábio. Procuremos, portanto, em tudo, a sua justiça e a sua sabedoria e curvemo-nos diante do que ultrapasse o nosso entendimento. (2)
Uma primeira utilidade, que se apresenta de tal destruição, utilidade, sem dúvida, puramente física, é esta: os corpos orgânicos só se conservam com o auxilio das matérias orgânicas, matérias que só elas contêm os elementos nutritivos necessários à transformação deles. Como instrumentos de ação para o princípio inteligente, precisando os corpos ser constantemente renovados, a Providência faz que sirvam ao seu mútuo entretenimento. Eis por que os seres se nutrem uns dos outros. Mas, então, é o corpo que se nutre do corpo, sem que o Espírito se aniquile ou altere. Fica apenas despojado do seu envoltório. (3)
Há também considerações morais de ordem elevada. É necessária a luta para o desenvolvimento do Espírito. Na luta é que ele exercita suas faculdades. O que ataca em busca do alimento e o que se defende para conservara vida usam de habilidade e inteligência, aumentando, em consequência, suas forças intelectuais. Um dos dois sucumbe; mas, em realidade, que foi o que o mais forte ou o mais destro tirou ao mais fraco? A veste de carne, nada mais; ulteriormente, o Espírito, que não morreu, tomará outra. (4)
A […] lei de destruição é, por assim dizer, o complemento do processo evolutivo, visto ser preciso morrer para renascer e passar por milhares de metamorfoses, animando formas corporais gradativamente mais aperfeiçoadas, e é desse modo que, paralelamente, os seres vão passando por estados de consciência cada vez mais lúcidos, até atingir, na espécie humana, o reinado da Razão. (11)
A denominada lei de destruição melhor se conceituaria, no dizer dos Instrutores Espirituais, como lei de transformação. O que ocorre, na realidade, é a transformação e não a destruição, tanto no que concerne à matéria quanto no que se refere ao Espírito. A célebre anunciação de Lavoisier (15) — na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma — foi uma antevisão científica, no campo da matéria, do que os Espíritos viriam confirmar mais tarde ao Codificador. Tomada como transformação, a norma aplica-se também ao Espírito eterno, indestrutível, mas em contínua mutação, obedecendo à evolução e ao progresso sob os processos mais variados e complexos. (12)
Nos seres inferiores da criação, naqueles a quem ainda falta o senso moral, em os quais a inteligência ainda não substituiu o instinto, a luta não pode ter por móvel senão a satisfação de uma necessidade material. (5) A destruição mútua existente entre os animais, mantida às custas da cadeia alimentar; atende à lei natural de preservação e diversidade biológica das espécies da Natureza. No homem, há um período de transição em que ele mal se distingue do bruto. Nas primeiras idades, domina o instinto animal e a luta ainda tem por móvel a satisfação das necessidades materiais. Mais tarde, contrabalançam-se o instinto animal e o sentimento moral; luta então o homem, não mais para se alimentar, porém, para satisfazer à sua ambição, ao seu orgulho, à necessidade, que experimenta, de dominar. Para isso, ainda lhe é preciso destruir. Todavia, à medida que o senso moral prepondera, desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruir, acaba mesmo por desaparecer, por se tornar odiosa. O homem ganha horror ao sangue. Contudo, a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito, pois, mesmo chegando a esse ponto, que parece culminante, ele ainda está longe de ser perfeito. Só à custa de muita atividade adquire conhecimento, experiência e se despoja dos últimos vestígios da animalidade. Mas, nessa ocasião, a luta, de sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual. O homem luta contra as dificuldades, não mais contra os seus semelhantes. (6)
A sabedoria divina dotou os seres vivos de dois instintos opostos: o de destruição e o de conservação. Ambos funcionam como princípios da natureza. Pelo primeiro, os seres se destroem reciprocamente, visando diferentes fins, entre os quais a alimentação com os despojos materiais. (12) Deus coloca […] o remédio ao lado do mal […] para manter o equilíbrio e servir de contrapeso. (9)
É por essa razão que as […] criaturas são instrumentos de que Deus se serve para chegar aos fins que objetiva. Para se alimentarem, os seres vivos reciprocamente se destroem, destruição esta que obedece a um duplo fim: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tomar se excessiva, e utilização dos despojos do invólucro exterior que sofre a destruição. Esse invólucro é simples acessório e não a parte essencial do ser pensante. A parte essencial é o princípio inteligente, que não se pode destruir e se elabora nas metamorfoses diversas por que passa. (8)
A destruição abusiva é, sob qualquer pretexto, um atentado à lei de Deus. Nesse sentido, o […] homem tem papel preponderante diante dos demais seres vivos, ao dizimar, em larga escala, os demais seres da criação, seja buscando alimentar a crescente população humana, seja aproveitando os despojos animais e vegetais em inúmeras indústrias de transformação, que lhe proporcionam múltiplas utilidades. (13)
Infelizmente, existem significativas e graves destruições no nosso Planeta em razão da desmedida ambição humana. A título de sustentação de preços de mercado, teóricos economistas, há algumas décadas, sustentavam a vantagem da destruição de produtos e colheitas, como aconteceu no Brasil, na década de 1930, quando milhares e milhares de toneladas de café foram queimadas, numa demonstração inequívoca de insensibilidade, de egoísmo e de ignorância dos responsáveis por tais desmandos. Enquanto se estendiam os campos de queima de café no Sul do país, em estúpida destruição, populações inteiras do Nordeste e do Norte não tinham meios de adquirir café para a sua alimentação. […] Outros abusos que têm provocado a reação e os protestos das populações esclarecidas de todo o Planeta, por sua profunda repercussão no relacionamento entre os seres vivos e o meio ambiente, são os problemas ecológicos. Relativamente recente tem sido a conscientização das populações para esse tipo de destruição, que o homem, consciente ou inconscientemente, vem provocando na terra, nas águas é na atmosfera. […] Não se pode deixar de reconhecer que os novos processos tecnológicos, aliados à enorme proliferação dos estabelecimentos fabris, sem os necessários cuidados capazes de evitar a poluição, vão causando a destruição da vida animal nos rios, lagos e mares, com o contínuo lançamento de dejetos e resíduos industriais nas águas, ao mesmo tempo que fábricas e máquinas de toda espécie contribuem para poluir a atmosfera. Some-se a tudo isso a destruição contínua das florestas e de muitas espécies animais e ainda a ameaça das bombas, usinas e lixo atômico e tem-se um quadro sombrio das condições materiais do mundo contemporâneo, agravando-se pelo descuido, imprevidência e deseducação, gerando o desequilíbrio mesológico e perspectivas pouco animadoras. (14)
Sabemos, entretanto, que a destruição abusiva irá desaparecer, paulatinamente, da Terra, em razão do progresso moral e intelectual do ser humano. Atualmente já existe um número significativo de indivíduos e organizações, espalhados pelo mundo, seriamente trabalhando para que a vida no Planeta se desenvolva num clima de equilíbrio, o que demonstra uma conscientização mais ampla a respeito desse assunto.
ANEXO
(Antônio Fernandes da Silveira Carvalho)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 3, item 20, p. 95-96.
2. Idem - Item 21, p. 96-97.
3. Id. - Item 22, p. 97.
4. Id. - Item 23, p. 97-98.
5. Id. - Item 24, p. 98.
6. Idem, ibidem - p. 98-99.
7. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro 89. Ed. FEB, 2007. Questão 728, p. 389.
8. Id. - Questão 728a, p. 389-390.
9. Id. - Questão 731, p. 390.
10. Id. - Questão 735, p. 391.
11. CALLIGARIS Rodolfo. As Leis Morais. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Item: A lei de destruição, p. 90.
12. SOUZA Juvanir Borges de. Tempo de Transição. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Capítulo 35 (A lei de destruição), p. 285.
13. Idem, ibidem - p. 285-286.
14. Idem, ibidem - p. 287-288.
Nota:
15. LAVOISIER, Antoine (1743-1794): químico francês, guilhotinado durante a Revolução Francesa, é considerado o Pai da Química Moderna. Este lúcido cientista muito contribuiu para o avanço da Ciência nos campos da química geral e química orgânica.