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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Fundamental

Módulo X — Lei de liberdade

Roteiro 4


O princípio de ação e reação


Objetivo Geral: Possibilitar entendimento da lei de liberdade.

Objetivo Específico: Explicar o princípio de ação e reação, segundo o entendimento espírita.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Sendo infinita a Justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento mau que não tenha consequências fatais, como não há uma única ação meritória, um só bom movimento da alma que se perca […] Allan Kardec: O Céu e o Inferno. Primeira parte, Capítulo 7, § n.º 8 (Código Penal da Vida Futura).

  • Toda falta cometida, todo mal realizado, é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. Aquele que se quita numa existência não terá necessidade de pagar segunda vez. Allan Kardec: O Céu e o Inferno. Primeira parte, Capítulo 7, § n.º 9 (Código Penal da Vida Futura).

  • De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida. Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo 5, item 4.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Realizar breve introdução do assunto, de forma que fique explicado o entendimento espírita a respeito:

    a) Da lei de causa e efeito;

    b) Da diferença existente entre a lei de causa e efeito, propriamente dita, e a pena de Talião, do “dente por dente” e “olho por olho”.


Desenvolvimento:

  • Em seguida, solicitar aos participantes que se organizem em três grupos para, respectivamente, ler os relatos dos casos um, dois e três, constantes dos subsídios.

  • Pedir aos grupos que troquem ideias sobre o assunto lido, realizando, após, a tarefa que se segue:

    1. Fazer uma sinopse ou esquema dos principais pontos, classificados como perdas e como benefícios, no que se refere à manifestação da lei de causa e efeito na vida dos personagens;

    2. Destacar, nos pontos classificados, onde há infração à Lei de Liberdade e onde está manifestada a Justiça e Bondade Divinas;

    3. Indicar relatores para apresentar, em plenária, as conclusões do estudo do caso, orientando-se pelos seguintes passos:

    a) Um colega relata o caso resumidamente, em plenária;

    b) Outro participante expõe sobre os pontos classificados como perdas e benefícios;

    c) Um terceiro relator destaca, nos pontos classificados; inflações à Lei de Liberdade e manifestações da Justiça e Bondade Divinas.

  • Ouvir as conclusões dos grupos, esclarecendo possíveis dúvidas.

  • Observação: colocar à disposição dos grupos: fita adesiva, papel pardo ou cartolina, pincéis atômicos de cores variadas para, se necessário, serem utilizados nas apresentações.


Conclusão:

  • Explicar, ao final, o significado das palavras de Jesus (Mateus, 26.52): “Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.” Assim como as do apóstolo Paulo (Epístola aos Gálatas, 6.7, 8): “Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará.”


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório se os participantes realizarem corretamente o estudo de caso, seguindo as orientações recebidas.


Técnica(s):

  • Exposição; estudo de caso.


Recurso(s):

  • Subsídios do roteiro; citações do Novo Testamento.



 

SUBSÍDIOS


A “lei de ação e reação”, ou princípio de causa e efeito, está relacionada à Lei de Liberdade e à sábia manifestação da Justiça e Bondade Divinas.

Os atos praticados contra a Lei de Liberdade, própria ou alheia, nos conduzem à questão do livre-arbítrio, assim resumida: […] O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha da existência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos temos voluntariamente submetido. Cabe à educação combater essas más tendências. (7) Devemos ressaltar que sem […] o livre-arbítrio, o homem não teria nem culpa por praticar o mal, nem mérito em praticar o bem. E isto a tal ponto está reconhecido que, no mundo, a censura ou o elogio são feitos à intenção, isto é, à vontade. Ora, quem diz vontade diz liberdade. Nenhuma desculpa poderá, portanto, o homem buscar, para os seus delitos, na sua organização física, sem abdicar da razão e da sua condição de ser humano, para se equiparar ao bruto. (8). O homem possui o suficiente livre-arbítrio para tomar decisões, e, se […] ele cede a uma sugestão estranha e má, em nada lhe diminui a responsabilidade, pois lhe reconhece o poder de resistir, o que evidentemente lhe é muito mais fácil do que lutar contra a sua própria natureza. Assim, de acordo com a Doutrina Espírita, não há arrastamento irresistível: o homem pode sempre cerrar ouvidos à voz oculta que lhe fala no íntimo, induzindo-o ao mal, como pode cerrá-los à voz material daquele que lhe fale ostensivamente. (9)

Essa teoria da causa determinante dos nossos atos ressalta com evidência de todo o ensino que os Espíritos hão dado. Não é só sublime de moralidade, mas também, acrescentaremos, eleva o homem aos seus próprios olhos. Mostra-o livre de subtrair se a um jugo obsessor, como é livre é de fechar a sua casa aos importunos. Ele deixa de ser simples máquina, atuando por efeito de uma impulsão independentemente da sua vontade, para ser um ente racional, que ouve, julga e escolhe livremente de dois conselhos um. Aditemos que, apesar disto, o homem não se acha privado de iniciativa, não deixa de agir por impulso próprio, pois que, em definitiva, ele é apenas um Espírito encarnado que conserva, sob o envoltório corporal, as qualidades e os defeitos que tinha como Espírito. Conseguintemente, as faltas que cometemos têm por fonte primária a imperfeição do nosso próprio Espírito, que ainda não conquistou a superioridade moral que um dia alcançará, mas que, nem por isso, carece de livre-arbítrio. (9)

A Justiça e Bondade Divinas estão evidentes nas manifestações da lei de causa e efeito. Desde […] que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. (5) Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento mau que não tenha consequências fatais, como não há uma única ação meritória, um só bom movimento da alma que se perca, mesmo para os mais perversos, por isso que constituem tais ações um começo de progresso. (1) Se admitimos a Justiça de Deus, não podemos deixar de admitir que esse efeito tem uma causa; e se esta causa não se encontra na vida presente, deve achar se antes desta, porque em todas as coisas a causa deve preceder ao efeito; há, pois, necessidade de a alma já ter vivido, para que possa merecer uma expiação. (10) A expiação é, assim, a manifestação da lei de causa e efeito em decorrência de faltas anteriormente cometidas. Dessa forma, toda […] falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga. (2) O Espírito sofre, quer no mundo corporal quer no espiritual, a consequência das suas imperfeições. As misérias, as vicissitudes padecidas na vida corpórea, são oriundas das nossas imperfeições. (3)

O fato de haver uma relação de causalidade nos problemas, doenças e dores que enfrentamos — consequência de nossas ações — não significa que as causas estejam necessariamente em vidas anteriores. Muitos males que nos afligem têm origem em nosso comportamento na vida atual. E há enfermidades, limitações e deficiências físicas que são decorrentes de mau uso, isto é, usamos mal o corpo e lhe provocamos estragos. […] Isso acontece particularmente com vícios e indisciplinas que geram graves problemas de saúde. (13) Por esta razão, ensinam os Espíritos Superiores: De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida. Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam. (6) É na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores existências, pondo em prática resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se explicam as misérias e vicissitudes da vida mundana que, à primeira vista, parecem não ter razão de ser. Justa são elas, no entanto, como espólio do passado. (4)

A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria. (6)

O Entendimento […] da lei de Causa e Efeito nos permite compreender, em plenitude, a justiça perfeita de Deus. Sentimos que tudo tem uma razão de ser, que nada acontece por acaso. Males e sofrimentos variados que enfrentamos estão relacionados com o nosso passado [recente ou remoto]. É a conta a pagar. Mas há outro aspecto, muito importante: Se a dor é a moeda pela qual resgatamos o passado, Deus nos oferece abençoada alternativa — o Bem. Todo esforço em favor do próximo amortiza nossos débitos, tornando mais suave o resgate. (14)

Em Mateus, capítulo 26, versículos 47-52, encontramos referências ao princípio de ação e reação: “E estando ele ainda a falar, eis que veio Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo. Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é: prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus disse: Salve, Rabi. E o beijou. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Nisto, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus lhe disse: Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.” Lucas informa que, em seguida, Jesus tocou a orelha do homem e a curou. O apóstolo Paulo diz algo semelhante na Epístola aos Gálatas (capítulo 6, versículos 7 e 8): “Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará.”

Vemos, assim, que há […] uma relação de causalidade entre o mal que praticamos e o mal que sofremos depois. O prejuízo que impomos ao semelhante é débito em nossa conta, na contabilidade divina. (11) Entretanto, é oportuno lembrar que não devemos confundir a lei de causa e efeito com a pena de Talião ou com a legislação de Moisés, que preconizam “dente por dente” e “olho por olho”. A lei de causa e efeito, segundo o entendimento espírita, refere-se tanto à manifestação da justiça, bondade e misericórdia divinas quanto à necessidade evolutiva do ser humano de reparar erros cometidos, decorrentes das inflações cometidas contra a Lei de Liberdade. Quando […] Jesus afirma que quem usa a espada com a espada perecerá, ou Paulo proclama que tudo o que semearmos colheremos, reportam-se ao fato de que receberemos de volta todo o mal que praticarmos, em sofrimentos correspondentes, não necessariamente idênticos, o que equivaleria à sua perpetuação. […] As sanções divinas não dependem do concurso humano. Todo prejuízo causado ao semelhante provocará desajustes em nosso corpo espiritual, o perispírito, os quais, nesta mesma existência ou em existências futuras, se manifestarão na forma de males redentores. (12)

A literatura espírita é rica de inúmeros exemplos sobre a lei de causa e efeito. A título de ilustração, citaremos três casos. 

1.º Caso: Verdugo e vítima

O Espírito Irmão X, nos conta no livro Contos Desta e Doutra Vida a seguinte história: (17)


2.º Caso: Dívida agravada

O Espírito André Luiz nos relata no capítulo 12 [item 3], da obra Ação e Reação, páginas 215 a 219, a manifestação da lei de causa e efeito numa situação muito comum na atualidade. (15)


3.º Caso: Dívida e resgate

No livro Contos e Apólogos, capítulo 23, páginas 101 a 104, relata-nos Irmão X emocionante manifestação da lei de causa e efeito, ocorrida entre os séculos dezenove e vinte. (16)



 

ANEXO


Causa e Efeito

(Silva Ramos)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução de Manuel Justiniano Quintão. 53. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte. Capítulo 7 (Código Penal da Vida Futura), n.º 8, p. 91.

2. Idem - Item 9, p. 91-92.

3. Id. - Item 10, p. 92.

4. Id. - Item 31, p.99.

5. Idem - O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 123. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 5, item 3, p. 98.

6. Id. - Item 4, p. 98-99.

7. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, questão 872, p. 447.

8. Idem, ibidem - p. 448.

9. Idem, ibidem - p. 449-450.

10. Idem - O Que é o Espiritismo. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Terceira parte. Capítulo 3, questão 134, p. 224.

11. SIMONETTI, Richard. Espiritismo, Uma Nova Era. 3. ed. Rio de Janeiro: 1999 (O efeito e a causa), p.136.

12. Idem, ibidem - p. 138.

13. Idem, ibidem - p. 138-139.

14. Idem, ibidem - p. 141.

15. XAVIER, Francisco Cândido. Ação e Reação. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro. FEB. 2004. Capítulo 12 (Dívida agravada), p. 215-219.

16. Idem - Contos e Apólogos. Pelo Espírito Irmão X. 9. ed. Rio de Janeiro. FEB. 2000. Capítulo 23 (Dívida e resgate), p. 101-104.

17. Idem - Contos Desta e Doutra Vida. Pelo Espírito Irmão X. 11. ed. Rio de Janeiro. FEB. 2004. Capítulo 12 (Verdugo e Vítima), p. 59-62.


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