O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Estudos Espíritas

Índice |  Princípio  | Continuar

ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Fundamental

Módulo XI — Lei do Progresso

Roteiro 1


Progresso intelectual e progresso moral


Objetivo Geral: Possibilitar entendimento da lei do progresso e da contribuição do Espiritismo no processo evolutivo da Humanidade.

Objetivos específicos: Estabelecer relação entre progresso moral e progresso intelectual. — Identificar os maiores obstáculos ao progresso moral.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Há duas espécies de progresso, que uma a outra se prestam mútuo apoio, mas que, no entanto, não marcham lado a lado: o progresso intelectual e o progresso moral […]. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 785 - comentário.

  • O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?

    Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 780.

  • O progresso intelectual engendra o progresso moral fazendo […] compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre- arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 780-a.

  • Qual o maior obstáculo ao progresso?

    O orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual reduplica a atividade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e que do próprio mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de coisas, que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 785.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Realizar, no início da reunião, exposição sobre o conteúdo doutrinário da questão 780 de O Livro dos Espíritos, inclusive os itens a e b. É importante que esta exposição reflita o conteúdo básico das ideias expressas pelos Espíritos Superiores (veja anexo).


Desenvolvimento:

  • Dividir a turma em pequenos grupos, para a realização da seguinte tarefa:

    1. Ler os subsídios do roteiro;

    2. Extrair, da leitura realizada, as razões para o fato de o progresso moral nem sempre caminhar junto do progresso intelectual;

    3. Levantar alguns pontos que demonstram o avanço intelectual da humanidade de nossos dias;

    4. Explicar por que o progresso moral pode decorrer do progresso intelectual.

  • Ouvir os relatos, prestando esclarecimentos, se necessário.

  • Fazer a integração do assunto, enfatizando os seguintes pontos:

    a) Relação entre o progresso moral e o progresso intelectual;

    b) Os maiores obstáculos ao progresso moral.


Conclusão:

  • Fazer, em conjunto com a turma, uma reflexão a respeito do conteúdo do último parágrafo dos subsídios do roteiro, destacando a necessidade de progredir em inteligência e moralidade para ser feliz.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório se os participantes realizarem corretamente as tarefas propostas.


Técnica(s):

  • Exposição; trabalho em pequenos grupos; reflexão em equipe.


Recurso(s):

  • O Livro dos Espíritos; subsídios do roteiro; papel; lápis.



 

SUBSÍDIOS


A lei do progresso é inexorável. O homem não pode conservar se indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas. As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas ideias pouco a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estarem harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações. (7)

Há duas espécies de progresso, que uma a outra se prestam mútuo apoio, mas que, no entanto, não marcham lado a lado: o progresso intelectual e o progresso moral. Entre os povos civilizados, o primeiro tem recebido, no correr deste século, todos os incentivos. Por isso mesmo atingiu um grau a que ainda não chegara antes da época atual. Muito falta para que o segundo se ache no mesmo nível. Entretanto, comparando-se os costumes sociais de hoje com os de alguns séculos atrás, só um cego negaria o processo realizado. Ora, sendo assim, porque haveria essa marcha ascendente de parar, com relação, de preferência, ao moral, do que com relação ao intelectual? Por que será impossível que entre o século dezenove e o vigésimo quarto século haja, a esse respeito, tanta diferença quanta entre o décimo quarto século e o século dezenove? Duvidar fora pretender que a Humanidade está no apogeu da perfeição, o que seria absurdo, ou que ela não é perfectível moralmente, o que a experiência desmente. (9)

Na verdade, o atual progresso alcançado pela Humanidade representa um esforço evolutivo de milênios. Da sensação à irritabilidade, da irritabilidade ao instinto, do instinto à inteligência e da inteligência ao discernimento, séculos e séculos correram incessantes. A evolução é fruto do tempo infinito. (11) Outro ponto importante, merecedor de destaque, é que o progresso, moral ou intelectual, é sempre cumulativo. De átomo a átomo, organizam-se os corpos astronômicos dos mundos e de pequenina experiência em pequenina experiência, infinitamente repetidas, alarga-se-nos o poder da mente e sublimam-se-nos as manifestações da alma que, no escoar das eras imensuráveis, cresce no conhecimento e aprimora-se na virtude, estruturando, pacientemente, no seio do espaço e do tempo, o veículo glorioso com que escalaremos, um dia, os impérios deslumbrantes da Beleza Imortal. (12)

O progresso é, principalmente, resultado do esforço individual: quanto maior for o nosso empenho, melhores serão os resultados alcançados. O progresso nos Espíritos é o fruto do próprio trabalho; mas, como são livres, trabalham no seu adiantamento com maior ou menor atividade, com mais ou menos negligência, segundo sua vontade, acelerando ou retardando o progresso e, por conseguinte, a própria felicidade. Enquanto uns avançam rapidamente, entorpecem-se outros, quais poltrões, nas fileiras inferiores. São eles, pois, os próprios autores da sua situação, feliz ou desgraçada, conforme esta frase do Cristo: — A cada um segundo as suas obras. ( † ) Todo Espírito que se atrasa não pode queixar se senão de si mesmo, assim como o que se adianta tem o mérito exclusivo do seu esforço, dando por isso maior apreço à felicidade conquistada. (1)

O progresso intelectual e o progresso moral raramente marcham juntos, mas o que o Espírito não consegue em dado tempo, alcança em outro, de modo que os dois progressos acabam por atingir o mesmo nível. Eis por que se veem muitas vezes homens inteligentes e instruídos pouco adiantados moralmente, e vice-versa. (2) No entanto, o progresso intelectual pode engendrar o progresso moral fazendo […] compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos. (6)

Nesse sentido, a […] encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas ou más qualidades. A bondade, a maldade, a doçura, a violência, a benevolência, a caridade, o egoísmo, a avareza, o orgulho, a humildade, a sinceridade, a franqueza, a lealdade, a má-fé, a hipocrisia, em uma palavra, tudo o que constitui o homem de bem ou o perverso tem por móvel, por alvo e por estímulo as relações do homem com os seus semelhantes. (3)

Observando os diferentes graus evolutivos existentes na Humanidade terrestre, compreendemos que uma […] só existência corporal é manifestamente insuficiente para o Espírito adquirir todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra. Como poderia o selvagem, por exemplo, em uma só encarnação nivelar se moral e intelectualmente ao mais adiantado europeu? É materialmente impossível. Deve ele, pois, ficar eternamente na ignorância e barbaria, privado dos gozos que só o desenvolvimento das faculdades pode proporcionar lhe? O simples bom-senso repele tal suposição, que seria não somente a negação da justiça e bondade divinas, mas das próprias leis evolutivas e progressivas da Natureza. Mas Deus, que é soberanamente justo e bom, concede ao Espírito tantas encarnações quantas as necessárias para atingir seu objetivo — a perfeição. Para cada nova existência de permeio à matéria, entra o Espírito com o cabedal adquirido nas anteriores, em aptidões, conhecimentos intuitivos, inteligência e moralidade. Cada existência é assim um passo avante no caminho do progresso. (4) É importante considerar também que o […] Espírito progride igualmente na erraticidade, adquirindo conhecimentos especiais que não poderia obter na Terra [como encarnado] […]. O estado corporal e o espiritual constituem a fonte de dois gêneros de progresso, pelos quais o Espírito tem de passar alternadamente, nas existências peculiares a cada um dos dois mundos. (5)

De posse dessas informações, é possível reconhecer, mesmo numa criança, a soma de progresso que o Espírito já alcançou: basta observar-lhe as tendências instintivas e as ideias inatas. Essa observação nos esclarece, por exemplo, por que existem crianças que se revelam boas em um meio adverso, apesar dos maus exemplos que colhem, ao passo que outras são instintivamente viciosas em um meio bom, apesar dos bons conselhos que recebem. (10) Na verdade, essas crianças refletem […] o resultado do progresso moral adquirido, como as ideias inatas são o resultado do progresso intelectual. (10)

Devemos entender que, na essência, não existem obstáculos ao progresso intelectual, conforme nos ensina a Doutrina Espírita. O mesmo, porém, não se dá com o progresso moral. O maior obstáculo ao progresso moral são o orgulho e o egoísmo, segundo palavras de um dos Espíritos da Codificação, o qual, ao elucidar esta informação, nos diz: Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual reduplica a atividade daqueles vícios [orgulho e egoísmo], desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e que do próprio mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de coisas, que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura. (8)

O orgulho e o egoísmo, assim como todas as demais imperfeições capazes de retardar a marcha evolutiva da Humanidade, chegarão um dia ao seu término, pois Deus reserva ao ser humano um venturoso estado de plenitude espiritual. Entretanto, por ora, enquanto nos encontramos no processo evolutivo que a lei do progresso faculta, a […] suprema felicidade só é compartilhada pelos Espíritos perfeitos, ou, por outra, pelos puros Espíritos, que não a conseguem senão depois de haverem progredido em inteligência e moralidade. (2)



 

ANEXO 1

Análise da questão 780 de O Livro dos Espíritos

A questão 780 de O Livro dos Espíritos nos fornece, em essência, os seguintes esclarecimentos:

  • A lei de Progresso se manifesta sob duas formas: o progresso intelectual e o progresso moral.

  • O progresso moral nem sempre acompanha o progresso intelectual.

  • Pode acontecer que o adiantamento intelectual promova a melhoria moral, desde que o homem tenha compreensão do bem e do mal.

  • Essa compreensão favorece o desenvolvimento do livre-arbítrio, permitindo que as pessoas façam escolhas mais responsáveis e, consequentemente, mais acertadas.

  • A existência de povos ou pessoas instruídas, mas pervertidas, indica que lhes faltam o desenvolvimento do senso moral que, cedo ou tarde, virá.

  • O progresso completo constitui o objetivo. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.



 

ANEXO 2


Avante

(João Damasceno Vieira Fernandes)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução de Manuel Justiniano Quintão. 59. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte, Capítulo 3, item 7, p. 33-34.

2. Idem, ibidem - p. 34.

3. Id. - Item 8, p. 34.

4. Id. - Item 9, p. 34-35.

5. Id. - Item 10, p. 35-36.

6. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, questão 780-a, p. 408-409.

7. Id. - Questão 783, p. 410, comentário.

8. Id. - Questão 785, p. 411.

9. Id. - Questão 785 - comentário, p. 411.

10. Idem - O Que é o Espiritismo. 53. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 3,  item: O homem durante a vida terrena. Questão 120, p. 219.

11. XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Capítulo 4 (Na senda evolutiva), p. 23.

12. Idem, ibidem - p. 25.


Abrir