Roteiro 1
Liberdade de pensar e liberdade de consciência
Objetivo Geral: Possibilitar entendimento da lei de liberdade.
Objetivos específicos: Esclarecer o significado de liberdade no relacionamento humano. — Estabelecer relação entre liberdade de pensar e liberdade de consciência. — Explicar como impedir os abusos da manifestação da consciência.
CONTEÚDO BÁSICO
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A liberdade no relacionamento humano é sempre relativa porque desde […] que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 826.
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Haverá no homem alguma coisa que escape a todo constrangimento e pela qual goze ele de absoluta liberdade?
No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr lhe peias. Pode-se-lhe deter o voo, porém, não aniquilá-lo. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 833.
Será a liberdade de consciência uma consequência da de pensar?
A consciência é um pensamento íntimo, que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 835.
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Para respeitar a liberdade de consciência, dever-se-á deixar que se propaguem doutrinas perniciosas, ou poder-se-á, sem atentar contra aquela liberdade, procurar trazer ao caminho da verdade os que se transviaram obedecendo a falsos princípios?
Certamente que podeis e até deveis; mas, ensinai, a exemplo de Jesus, servindo-vos da brandura e da persuasão e não da força, o que seria pior do que a crença daquele a quem desejaríeis convencer […]. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 841.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
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Solicitar aos participantes que façam, individualmente, uma leitura silenciosa das questões 825, 826, 833, 835 e 841 de O Livro dos Espíritos.
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Esclarecer que esta leitura será utilizada como referência para a realização da atividade grupal que será proposta em seguida.
Desenvolvimento:
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Concluída a atividade individual, dividir a turma em pequenos grupos, orientando-os na realização de uma acróstico, formado de 9 (nove) frases, n a partir da palavra LIBERDADE. A construção do acróstico prevê a utilização das seguintes regras:
a) Cada frase deve ser objetiva e iniciada por uma das letras da palavra LIBERDADE, escolhida como guia (veja exemplo no anexo);
b) É importante que exista um encadeamento de ideias nas nove frases, evitando a redação de frases soltas;
c) As frases elaboradas não podem fugir das ideias desenvolvidas nas questões de O Livro dos Espíritos, lidas no início da aula;
d) O grupo deve indicar um participante para apresentar, em plenária, o acróstico.
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Ouvir a leitura dos acrósticos e, após a conclusão da atividade, pedir à turma que indique o melhor, analisando em conjunto as razões da escolha.
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Em seguida, solicitar aos alunos que se organizem em círculo para a discussão do assunto do roteiro.
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Propor-lhes, então, questões claras e concisas relacionadas aos objetivos específicos da aula. As questões devem ser discutidas uma a uma. Esclarecer aos participantes que cada um disporá de um minuto para a sua manifestação: completando, refutando, levantando dúvidas ou apresentando ideias divergentes. Escolher um dos alunos para cronometrar a fala dos colegas.
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Dar início à discussão, ouvindo o primeiro participante. Terminado o minuto da fala, passar a palavra a outro, prosseguindo com a discussão até que todos tenham apresentado contribuições sobre o tema.
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Observação: É importante que os alunos não interrompam as falas nem façam apartes, de forma que todos tenham a chance de participar da discussão.
Conclusão:
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Apresentar uma síntese do assunto discutido, destacando as contribuições que, efetivamente, enriqueceram a atividade.
Avaliação:
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O estudo será considerado satisfatório se, a construção do acróstico seguiu as regras estabelecidas; a turma participou efetivamente da discussão, apresentando contribuições num clima de serenidade e de companheirismo.
Técnica(s):
Recurso(s):
SUBSÍDIOS
Liberdade é a faculdade que permite o indivíduo decidir ou agir conforme sua própria vontade. Desta forma, o […] homem é, por natureza, dono de si mesmo, isto é, tem o direito de fazer tudo quanto achar conveniente ou necessário à conservação e ao desenvolvimento de sua vida. Essa liberdade, porém, não é absoluta, e nem poderia sê-lo, pela simples razão de que, convivendo em sociedade, o homem tem o dever de respeitar esse mesmo direito em cada um de seus semelhantes. (10)
Para que o homem pudesse gozar de liberdade absoluta, seria necessário que ele vivesse isolado, como o eremita no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar. (1) A liberdade é, portanto, relativa, devendo ser adequada à liberdade do outro, pois a liberdade e o direito de uma pessoa terminam onde começam a liberdade e o direito do outro.
A compreensão da lei de liberdade nos faz perceber que, para progredir, precisamos uns dos outros e que todos temos direitos recíprocos, que precisam ser respeitados, uma vez que qualquer prejuízo que provoquemos ao semelhante, em decorrência dos nossos atos, não ficará impune perante a Lei de Deus. É por esta razão que o ensinamento de Jesus de não fazer aos outros o que não gostaríamos que os outros nos fizessem (Mateus, 7.12) — ensinamento conhecido como regra de ouro — estabelece os limites da nossa liberdade e nos orienta como viver em sociedade, conforme os direitos e os deveres que nos cabem. Perante Deus, o homem é responsável pelo seu pensamento.
A lei de liberdade é bem compreendida quando aprendemos a fazer relação entre a liberdade de pensar e a liberdade de consciência. Como sabemos, a liberdade de pensar é plena no ser humano: No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr lhe peias. […] (4) Voando nas asas do pensamento, a mente espiritual reflete as próprias ideias e as ideias das mentes com as quais se afiniza, nos processos naturais de sintonia. Nos seres primitivos, [a mente] aparece sob a ganga do instinto, nas almas humanas surge entre as ilusões que salteiam a inteligência, e revela-se nos Espíritos Aperfeiçoados por brilhante precioso a retratara Glória Divina. Estudando-a de nossa posição espiritual, confinados que nos achamos entre a animalidade e a angelitude, somos impelidos a interpretá-la como sendo o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar. (13) Compreende-se, pois, que o pensamento tudo move, […] criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar. […] (14) A consciência, nesse contexto, representa, como nos esclarecem os Espíritos da Codificação, um pensamento íntimo, que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos. (6) Ela é o […] centro da personalidade, centro permanente, indestrutível, que persiste e se mantém através de todas as transformações do indivíduo. A consciência é não somente a faculdade de perceber, mas também o sentimento que temos de viver, agir, pensar, querer. É una e indivisível. […] (12)
No entanto, à medida que os Espíritos evoluem, a consciência do bem e do mal está mais bem definida neles, de sorte que a liberdade de consciência, regulando as relações interpessoais, reflete […] um dos caracteres da verdadeira civilização e progresso. (7)
A consciência, entendida como faculdade de estabelecer julgamentos morais ou juízos de valor, é um atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua realidade e a realidade do outro. Os julgamentos feitos pela consciência e as interpretações de atos e fatos do cotidiano apresentam limitações, visto que estão fundamentados em parâmetros morais que cada um estabelece para si. É ela fruto de experiências e crenças individuais, elaboradas no contexto cultural onde a criatura humana está inserida, e que se manifesta de acordo com a evolução espiritual do ser. Assim, enquanto a liberdade de pensar é ilimitada, a liberdade de consciência sofre restrição, já que depende do nível evolutivo do Espírito.
A consciência não esclarecida pode alimentar ideias malsãs, gerar e provocar ações moral e eticamente abusivas, resultando na manifestação de sofrimentos e desarmonias para si mesma e para o próximo. Os embaraços à liberdade de consciência, a propagação de doutrinas perniciosas e a escravidão humana são exemplos de desvios provocados por Espíritos imperfeitos, dominados pelo orgulho e pelo egoísmo. Devemos agir com cautela quando condenamos as ações, as ideias ou as crenças das pessoas, a fim de que não atentemos contra a liberdade de consciência. No entanto, é oportuno considerar que reprimir […] os atos exteriores de uma crença, quando acarretam qualquer prejuízo a terceiros, não é atentar contra a liberdade de consciência, pois que essa repressão em nada tira à crença a liberdade, que ela conserva integral. (8) Por outro lado, sempre que nos é possível, podemos e devemos trazer ao caminho da verdade os que se transviaram, servindo-nos, a exemplo de Jesus, da brandura e da persuasão e não da força. (9) Como nos esclarecem os Espíritos superiores, se […] alguma coisa se pode impor, é o bem e a fraternidade. Mas não cremos que o melhor meio de fazê-los admitidos seja obrar com violência. A convicção não se impõe. (9)
Outro abuso da manifestação da consciência é a escravidão, ou seja, a submissão da vontade, do cerceamento da liberdade de ir e vir, de agir e de pensar do ser. A escravidão, independentemente das formas em que se manifeste, é contrária à lei de Deus, porque é um abuso de força, mesmo quando faz parte dos costumes de um povo. É contrária à Natureza a lei humana que consagra a escravidão, pois que assemelha o homem ao irracional e o degrada física e moralmente. (2) A escravidão humana é um mal. E o […] mal é sempre o mal e não há sofisma que faça se torne boa uma ação má. A responsabilidade, porém, do mal é relativa aos meios de que o homem disponha para compreendê-lo. Aquele que tira proveito da lei da escravidão é sempre culpado de violação da lei da Natureza. (3)
A despeito de todo sofrimento existente no Planeta, é certo que a Humanidade tem progredido, ocorrendo uma preocupação mundial de valorizar a paz entre os povos e entre os indivíduos: De século para século, menos dificuldade encontra o homem para pensar sem peias e, a cada geração que surge, mais amplas se tornam as garantias individuais no que tange à inviolabilidade do foro íntimo. […] Nas dissensões religiosas, as chamas das fogueiras foram substituídas pelas luzes do esclarecimento, e na catequese filosófica ou política, estejamos certos, daqui para o futuro, buscar-se-á empregar, cada vez mais, a força da persuasão ao invés da imposição pela força. (11)
ANEXO 1
MODELO DE CONSTRUÇÃO DE ACRÓSTICO
Donde vem o sentimento instintivo da existência de um Criador Supremo?
Este sentimento, escrito na nossa consciência, se origina no axioma: não há efeito sem causa.
Unidos pela força dessa informação, percebemos que, para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da criação.
Sendo assim — esclarece o Espiritismo — , se o poder de uma inteligência se julga pelas suas obras, Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
ANEXO 2
(Augusto dos Anjos)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 826, p. 430.
2. Idem - Questão 829 - comentário - p. 431.
3. Id. - Questão 830, p. 432.
4. Id. - Questão 833, p. 433.
5. Id. - Questão 834, p. 433.
6. Id. - Questão 835, p. 433.
7. Id. - Questão 837, p. 434.
8. Id. - Questão 840 - comentário - p. 434.
9. Id. - Questão 841, p. 435.
10. CALIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, p. 148.
11. Idem, ibidem - p. 149-150.
12. DENIS, Léon. O Problema do ser, do destino e da dor. 27. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Terceira parte, item 21, p. 323.
13. XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Capítulo 1, p. 11-12.
14. Idem, ibidem - p. 12.
Nota:
15. [Nos AFORISMOS do tema Liberdade poderão ser encontradas inúmeras frases que se adaptam ao acróstico]