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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Complementar

Módulo VI — Obsessão e Desobsessão

Roteiro 4


Desobsessão


Objetivo Geral: Possibilitar entendimento da obsessão e da desobsessão sob a ótica espírita.

Objetivos específicos: Identificar os meios de prevenir a obsessão. — Explicar o processo da desobsessão.



CONTEÚDO BÁSICO


  • A prevenção da obsessão consiste na prática do bem e na confiança em Deus. […] Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco, Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer “Senhor! Não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal.” Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 469.

  • Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor. Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela. Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. […] O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação. […] Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor. Allan Kardec: A Gênese. Capítulo XIV, item 46.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Fazer breve síntese sobre conceito e causas da obsessão, estudados no roteiro 1 deste módulo.

  • Apresentar os objetivos deste roteiro, introduzindo o assunto.


Desenvolvimento:

  • Pedir aos alunos que formem um grande círculo. Em seguida, apresentar as questões referentes ao assunto deste roteiro, estudado em casa, conforme orientação anterior.

    Quais os meios que a Doutrina Espírita nos oferece para prevenir a Obsessão? Como ocorre o processo da desobsessão?

  • Esclarecer que cada participante disporá de um minuto para responder às questões.

  • Indicar um aluno para cronometrar o tempo de seus colegas.

  • Dar início à discussão ouvindo o primeiro participante. Terminado o minuto da fala, seu vizinho continua a discussão completando, refutando ou levantando dúvidas. A atividade continua até que todos tenham participado. Passar, então, à questão seguinte, procedendo de igual modo.

  • Estimular um maior aprofundamento da discussão; se necessário, pedir aos participantes que contribuam com novos enfoques.

  • Observação: O monitor deve continuamente utilizar um tom moderado, acalmando ânimos, incentivando a emissão de ideias positivas, contendo com delicadeza os mais falantes e, sempre que necessário, tecer apreciações em torno das ideias relevantes ao entendimento do assunto.


Conclusão:

  • Fazer a integração do assunto destacando os pontos principais sobre desobsessão.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório, se as ideias apresentadas refletirem entendimento do assunto.


Técnica(s):

  • Exposição, discussão circular.


Recurso(s):

  • Subsídios do roteiro; questões para a discussão circular.



 

SUBSÍDIOS


Algumas pessoas deploram que haja Espíritos maus. De fato, não é sem um certo desencanto que encontramos a perversidade neste mundo, onde só gostaríamos de encontrar seres perfeitos. Desde que as coisas são assim, nada podemos fazer: é preciso aceitá-las como são. É a nossa própria inferioridade que faz com que os Espíritos imperfeitos pululem à nossa volta; as coisas mudarão quando nos tornarmos melhores, como já ocorreu nos mundos mais adiantados. […] Ver e compreender o mal é uma maneira de nos preservarmos contra ele. (3)

Todos possuímos desafetos de existências passadas e, no estágio de evolução em que ainda respiramos, atraímos a presença de entidades menos evolvidas, que se nos ajustam ao clima do pensamento, prejudicando, não raro, involuntariamente, as nossas disposições e possibilidades de aproveitamento da vida e do tempo. A desobsessão vige, desse modo, por remédio moral específico, arejando os caminhos mentais em que nos cabe agir, imunizando-nos contra os perigos da alienação e estabelecendo vantagens ocultas em nós, para nós e em torno de nós, numa extensão que, por enquanto, não somos capazes de calcular. Através dela, desaparecem doenças-fantasmas, empeços obscuros, insucessos, além de obtermos com o seu apoio espiritual mais amplos horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciáveis para agir, diante do próximo, com desapego e compreensão. (9)


1. Prevenção das obsessões

Terapêuticas diversas merecem estudos para a supressão dos males que flagelam a Humanidade. Antibióticos atacam processos de infecção, institutos especializados examinam a patologia do câncer, a cirurgia atinge o coração para sanar o defeito cardíaco e a vacina constitui defesa para milhões. Ao lado, porém, das enfermidades que supliciam o corpo, encontramos, aqui e além, as calamidades da obsessão que desequilibram a mente. […] Vemo-las instaladas em todas as classes, desde aquelas em que se situam as pessoas providas de elevados recursos da inteligência àquelas outras onde respiram companheiros carecentes das primeiras noções do alfabeto, desbordando, muita vez, na tragédia passional que ocupa a atenção da imprensa ou na insânia conduzida ao hospício. Isso tudo, sem relacionarmos os problemas da depressão, os desvarios sexuais, as síndromes de angústias e as desarmonias domésticas. (8)

Assim, é necessário considerarmos que em todo processo patológico, seja do corpo físico ou da alma, a prevenção, ou a profilaxia, é a base de uma vida sadia. Profilaxia é o conjunto de medidas preventivas que evitem o aparecimento de doenças. No caso da obsessão — sendo esta doença da alma — , a profilaxia é de vital importância. Como vimos, existe a obsessão porque existe inferioridade em nós. (4) A prevenção da obsessão consiste na prática do bem e na confiança em Deus. Sendo assim, os Espíritos da Codificação nos orientam: […] Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer. “Senhor! não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.” (2) […], a única profilaxia eficaz contra a obsessão é a do Evangelho. É praticar o bem e ser bom. (5)


2. O processo da desobsessão

Atendendo ao trabalho da desobsessão nos arredores de Gádara, vemos Jesus a conversar fraternalmente com o obsesso que lhe era apresentado, ao mesmo tempo que se fazia ouvido pelos desencarnados infelizes. Importante verificar que ante a interrogativa do Mestre, a perguntar-lhe o nome, o médium, consciente da pressão que sofria por parte das Inteligências conturbadas e errantes, informa chamar se “Legião”, e o evangelista acrescenta que o obsidiado assim procedia “porque tinham entrado nele muitos demônios”. Sabemos hoje com Allan Kardec, conforme palavras textuais do Codificador da Doutrina Espírita, no item 6 do capítulo XII, “Amai os vossos inimigos”, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, que “esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais”. No episódio, observamos o Cristo entendendo-se, de maneira simultânea, com o médium e com as entidades comunicantes, na benemérita empresa do esclarecimento coletivo, ensinando-nos que a desobsessão não é caça a fenômeno e sim trabalho de amor conjugado ao conhecimento e do raciocínio associado à fé. (7)

Analisando o problema da obsessão — num grau de maior gravidade — Kardec expõe o seguinte: Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor. Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela. Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. […] O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação. […] Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor. (1)

Ainda com respeito ao trabalho de desobsessão — considerado nas suas inúmeras facetas — , destacamos, a seguir, alguns trechos do livro Missionários da Luz — do autor espiritual André Luiz — nos quais podemos constatar a importância e complexidade do trabalho dos Espíritos incumbidos de atender a obsidiados e obsessores, trabalho esse secundado pelos encarnados participantes das chamadas reuniões de desobsessão.

Tendo obtido permissão do instrutor Alexandre para acompanhá-lo ao trabalho de desobsessão, num Centro Espírita, André Luiz obtém deste Espírito orientador preciosas lições sobre o assunto. Eis o teor da conversa, iniciada pelo autor espiritual do livro:

— Já conhece todos os casos? — indaguei.

— Todos — respondeu Alexandre, sem hesitar. — Dos cinco que constituirão o motivo da próxima reunião, apenas uma jovem revela possibilidades de melhoras mais ou menos rápidas. Os demais comparecerão simplesmente para socorro, evitando agravo nas provas necessárias.

Considerando muito interessante a menção especial que se fazia, perguntei:

— Gozará a jovem de proteção diferente?

O instrutor sorriu e esclareceu:

— Não se trata de proteção, mas de esforço próprio. O obsidiado, além de enfermo, representante de outros enfermos, quase sempre é também uma criatura repleta de torturantes problemas espirituais. Se lhe falta vontade firme para a autoeducação, para a disciplina de si mesma, é quase certo que prolongará sua condição dolorosa além da morte. […]

— A jovem a que me referi está procurando a restauração das forças psíquicas, por si mesma; tem lutado incessantemente contra as investidas de entidades malignas, mobilizando todos os recursos de que dispõe no campo da prece, do autodomínio, da meditação. Não está esperando o milagre da cura sem esforço e, não obstante terrivelmente perseguida por seres inferiores, vem aproveitando toda espécie de ajuda que os amigos de nosso plano projetam em seu círculo pessoal. A diferença, pois, entre ela e os outros, é a de que, empregando as próprias energias, entrará, embora vagarosamente, em contacto com a nossa corrente auxiliadora, ao passo que os demais continuarão ao que tudo faz crer, na impassibilidade dos que abandonam voluntariamente a luta edificante. […]

Observei, agradavelmente surpreendido, as emissões magnéticas dos que se reuniam ali, em tarefa de socorro, movidos pelo mais santo impulso de caridade redentora. Nossos técnicos em cooperação avançada valiam-se do fluxo abundante de forças benéficas, improvisando admiráveis recursos de assistência, não só aos obsidiados, mas também aos infelizes perseguidores. De todos os enfermos psíquicos, somente a jovem resoluta a que nos referimos conseguia aproveitar nosso auxílio cem por cento. Identificava-lhe o valoroso esforço para reagir contra o assédio dos perigosos elementos que a cercavam. Envolvida na corrente de nossas vibrações fraternas, recuperara normalidade orgânica absoluta, embora em caráter temporário. Sentia-se tranquila, quase feliz.

Apesar de manter se em trabalho ativo, Alexandre chamou-me a atenção, assinalando o fato. — Esta irmã — disse o orientador- permanece, de fato, no caminho da cura. Percebeu a tempo que a medicação, qualquer que seja, não é tudo no problema da necessária restauração do equilíbrio físico. Já sabe que o socorro de nossa parte representa material que deve ser aproveitado pelo enfermo desejoso de restabelecer se. Por isso mesmo, desenvolve toda a sua capacidade de resistência, colaborando conosco no interesse próprio. Observe. Efetivamente, sentindo-se amparada pela nossa extensa rede de vibrações protetoras, a jovem emitia vigoroso fluxo de energias mentais, expelindo todas as ideias malsãs que os desventurados obsessores lhe haviam depositado na mente, absorvendo, em seguida, os pensamentos regeneradores e construtivos que a nossa influenciação lhe oferecia. […] — Apenas o doente convertido voluntariamente em médico de si mesmo atinge a cura positiva. No doloroso quadro das obsessões, o princípio é análogo. Se a vítima capitula sem condições, ante o adversário, entrega-se-lhe totalmente e torna-se possessa, após transformar se em autômato à mercê do perseguidor. Se possui vontade frágil e indecisa, habitua-se com a persistente atuação dos verdugos e vicia-se no círculo de irregularidades de muito difícil corrigenda, porquanto se converte, aos poucos, em pólos de vigorosa atração mental aos próprios algozes. Em tais casos, nossas atividades de assistência estão quase circunscritas a meros trabalhos de socorro, objetivando resultados longínquos. Quando encontramos, porém, o enfermo interessado na própria cura, valendo-se de nossos recursos para aplicá-los à edificação interna, então podemos prever triunfos imediatos. (10)

É fundamental compreender que, na terapêutica da desobsessão, o Espiritismo possui recursos valiosos, auxiliando a combater as influências negativas. No entanto, àquele que se candidata aos benefícios desses recursos, Emmanuel recomenda: […] natural esperes auxílio, mas é necessário igualmente que te auxilies. Refaze as forças físicas, sob a inspiração da ciência curativa que a Providência Divina te assegura na Terra, mas satisfaze também à medicação da alma, através de leituras edificantes, em cujos textos a Doutrina Espírita te ajude a retomar o controle de espírito, promovendo o governo da casa íntima. Cultiva a oração, sem, esquecer o trabalho sadio que te valorize o tempo e a presença, angariando, sobretudo, alguma atividade beneficente que te faça mais útil à felicidade do próximo, em necessidades talvez maiores que as tuas. Reage contra quaisquer impressões de mágoa ou ressentimento, evita, quanto possível, as circunstâncias em que a tua posição de convalescente seja suscetível de queda, e guarda-te no convívio de irmãos cujos laços de entendimento e de afinidade te garantam o equilíbrio que ainda não pudeste, de todo, recuperar. […] Meditemos no esforço generoso daqueles que nos amparam e saibamos colaborar com eles, a benefício nosso. O enfermo mais ricamente assistido deve cooperar com o médico que o atende, para que se possa curar. (6)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 47. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo XIV, item 46, p. 305.

2. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 469, p. 248.

3. Idem - Revista Espírita. Jornal de Estudos Psicológicos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Poesias traduzidas por Inaldo de Lacerda Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Ano 1958. Item: Obsediados e Subjugados, 414-415.

4. SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão e Desobsessão. Quarta parte. Capítulo 1 (Profilaxia das Obsessões), p. 187.

5. Idem, ibidem - p. 188.

6. XAVIER, Francisco Cândido. Encontro Marcado. Pelo Espírito Emmanuel. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Item 56. Na Cura da obsessão, p. 170.

7. Idem - Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Item: Um Livro Diferente, p. 13-14.

8. Id. - Item: Desobsessão, p. 17-18.

9. Id. - Capítulo 64 (Benefícios da Desobsessão), p. 222.

10. Idem - Missionários da Luz. 39. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 18 (Obsessão), p. 311.


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