Roteiro 4
Natureza das comunicações mediúnicas
Objetivo Geral: Dar condições de entendimento do fenômeno mediúnico sob a ótica espírita.
Objetivo Específico: Explicar a natureza das comunicações mediúnicas.
CONTEÚDO BÁSICO
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As comunicações mediúnicas podem ser agrupadas, segundo a sua natureza, em grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo X, itens 133 a 137.
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Comunicações grosseiras são as concebidas em termos que chocam o decoro […] Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo X, item 134.
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As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo X, item 135.
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As comunicações sérias são ponderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo X, item 136.
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Instrutivas são as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. […] Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo X, item 137.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
Desenvolvimento:
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Em seguida, solicitar aos participantes que se organizem em 4 grupos e, respectìvamente, façam leitura e resumo escrito dos itens 2 a 5 dos Subsídios.
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Observação: colocar à disposição dos grupos lápis/caneta e papel.
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Pedir-lhes que indiquem, então, um colega para relatar, em plenária, o resumo elaborado pelo grupo.
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Ouvir os relatos, esclarecendo possíveis dúvidas.
Conclusão:
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Destacar, ao término da reunião, pontos significativos relacionados à natureza dos diferentes tipos de comunicação mediúnica estudados, enfatizando a diferença entre mensagem mediúnica séria e mensagem mediúnica instrutiva.
Avaliação:
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O estudo será considerado satisfatório, se os participantes apresentarem, no resumo, o significado de comunicação mediúnica grosseira, frívola, séria e instrutiva.
Técnica(s):
Recurso(s):
SUBSÍDIOS
1. Natureza das comunicações mediúnicas
As comunicações que recebemos dos Espíritos podem ser boas ou más, justas ou falsas, profundas ou frívolas, consoante a natureza dos que se manifestam. Os que dão provas de sabedoria e erudição, são Espíritos adiantados no caminho do progresso; os que se mostram ignorantes e maus, são os ainda atrasados, mas que com o tempo hão de progredir. Os Espíritos só podem responder sobre aquilo que sabem, segundo o seu estado de adiantamento, e ainda dentro dos limites do que lhes é permitido dizer nos, porque há coisas que eles não devem revelar, por não ser ainda dado ao homem tudo conhecer. (10) Dessa forma, as manifestações mediúnicas dos desencarnados […] hão de refletira elevação, ou a baixeza de suas ideias, o saber e a ignorância deles, seus vícios e suas virtudes […]. (1) Da diversidade de qualidades e aptidões dos Espíritos, resulta que não basta dirigirmonos a um Espírito qualquer para obtermos uma reposta segura a qualquer questão; porque, acerca de muitas coisas, ele não nos pode dar mais que sua opinião pessoal, a qual pode ser justa ou errônea. Se ele é prudente, não deixará de confessar a sua ignorância sobre o que não conhece; se é frívolo ou mentiroso, responderá de qualquer forma, sem se importar com a verdade; se é orgulhoso, apresentará suas ideias como verdades absolutas. (11)
Sendo assim, é sempre oportuno lembrar o conselho do apóstolo João: “Não creiais em todos os Espíritos, mas examinai se eles são de Deus”. (Primeira Epístola de João: 4.1) A experiência demonstra a sabedoria desse conselho. Há imprudência e leviandade em aceitar sem exame tudo o que vem dos Espíritos. É de necessidade que bem conheçamos o caráter daqueles que estão em relação conosco. (11) Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica e isenta de contradições; nela se respira a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral; ela é concisa e despida de redundâncias. Na dos Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, o vácuo das ideias é quase sempre preenchido pela abundância de palavras. Todo pensamento evidentemente falso, toda a máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, toda manifestação de malevolência, de presunção ou arrogância, são sinais incontestáveis da inferioridade dos Espíritos. (12)
Em quatro categorias principais se podem grupar os matizes que [as comunicações dos Espíritos] apresentam. Segundo seus caracteres mais acentuados, elas se dividem em: grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas. (1)
2. Comunicações mediúnicas grosseiras
São […] as concebidas em termos que chocam o decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros. Repugnam a quem quer que não seja inteiramente baldo de toda a delicadeza de sentimentos, pela razão de que, acordemente com o caráter dos Espíritos, elas serão triviais, ignóbeis, obscenas, insolentes, arrogantes, malévolas e mesmo ímpias. (2) Os Espíritos inferiores são, mais ou menos, ignorantes; seu horizonte moral é limitado, perspicácia restrita; eles não têm das coisas senão uma ideia muitas vezes falsas e incompleta, e, além disso, conservam-se ainda sob o império dos prejuízos terrestres, que eles tomam, às vezes, por verdades; por isso, são incapazes de resolver certas questões. E podem induzir nos em erro, voluntária ou involuntariamente, sobre aquilo que nem eles mesmos compreendem. (13)
Pode estabelecer se como regra invariável e sem exceção que […] a linguagem dos Espíritos está sempre em relação com o grau de elevação a que já tenham chegado. (7) Assim, a linguagem […] dos Espíritos inferiores ou vulgares sempre algo refletem das paixões humanas. Toda expressão que denote baixeza, pretensão, arrogância, fanfarronice, acrimônia, é indício característico de inferioridade e de embuste, se o Espírito se apresenta com um nome respeitável e venerado. (8)
3. Comunicações mediúnicas frívolas
As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem. Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em que muito se fala para nada dizer. Tais Espíritos saem-se às vezes com tiradas espirituosas e mordazes e, por entre facécias vulgares, dizem não raro duras verdades, que quase sempre ferem com justeza. Em torno de nós pululam os Espíritos levianos, que de todas as ocasiões aproveitam para se intrometerem nas comunicações. A verdade é o que menos os preocupa; daí o maligno encanto que acham em mistificar os que têm a fraqueza e mesmo a presunção de neles crer sob palavra. As pessoas que se comprazem nesse gênero de comunicações naturalmente dão acesso aos Espíritos levianos e falaciosos. Delas se afastam os Espíritos sérios, do mesmo modo que na sociedade humana os homens sérios evitam a companhia dos doidivanas. (3) A frivolidade das reuniões [mediúnicas] dá como resultado atrair os Espíritos levianos que só procuram ocasião de enganar e mistificar. (15)
Em vão se alega a utilidade de certas experiências curiosas, frívolas e divertidas, para convencer os incrédulos; é a um resultado contrário que se chega. O incrédulo, já propenso a escarnecer das mais sagradas crenças, não pode ver uma coisa séria naquilo de que se zomba, nem pode respeitar o que não lhe é apresentado de modo respeitável; por isso, retira-se sempre com má impressão das reuniões fúteis e levianas, onde não encontra ordem, gravidade e recolhimento. O que, sobretudo, pode convencê-lo, é a prova da presença de seres cuja memória lhe é cara […]. Mas, pelo fato mesmo de ele ter respeito, veneração e amor à pessoa cuja alma se lhe apresenta, fica chocado e escandalizado ao vê-la mostrar se em uma assembleia irreverente […]. As reuniões dessa natureza fazem sempre mais mal que bem, porque afasta da Doutrina maior número de pessoas do que atraem; além de que, prestam-se à crítica dos detratores, que assim acham fundados motivos para zombarias. (16)
4. Comunicações mediúnicas sérias
As comunicações sérias são ponderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar se de boa-fé. Por isso é que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica. No tocante a comunicações sérias, cumpre se distingam as verdadeiras das falsas, o que nem sempre é fácil, porquanto, exatamente à sombra da elevação da linguagem, é que certos Espíritos presunçosos, ou pseudo-sábios, procuram conseguir a prevalência das mais falsas ideias e dos mais absurdos sistemas. E, para melhor acreditados se fazerem e maior importância ostentarem, não escrupulizam de se adornarem com os mais respeitáveis nomes e até com os mais venerados. Esse um dos maiores escolhos da ciência, [espírita] prática […]. (4)
Os Espíritos superiores não vão às reuniões fúteis, como um sábio da Terra não vai a uma assembleia de rapazes levianos. O simples bom-senso nos diz que isso não pode ser de outro modo; se acaso, porém, eles aí se mostram algumas vezes, é somente com o fim de dar um conselho salutar, combater vícios, reconduzir ao bom caminho os que dele se iam afastando; então, se não forem atendidos, retiram-se. Forma juízo completamente errôneo aquele que crê que Espíritos sérios se prestem a responder a futilidades, a questões ociosas em que se lhes manifestem pouca afeição, falta de respeito e nenhum desejo de se instruir e ainda menos que eles venham dar se em espetáculo para desfastio dos curiosos. Vivos [encarnados], eles não o fariam; mortos [desencarnados], também o não fazem. (14)
5. Comunicações mediúnicas instrutivas
Instrutivas são as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. Para se retirarem frutos reais dessas comunicações, preciso é que elas sejam regulares e continuadas com perseverança. Os Espíritos sérios se ligam aos que desejam instruir se e lhes secundam os esforços, deixando aos Espíritos levianos a tarefa de divertirem os que em tais manifestações só veem passageira distração. Unicamente pela regularidade e frequência daquelas comunicações se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos que as dão e a confiança que eles merecem. Se, para julgar os homens, se necessita de experiência, muito mais ainda é esta necessária, para se julgarem os Espíritos. (5)
O conceito espírita de reunião mediúnica está, necessariamente, associado ao de reunião instrutiva, conforme os seguintes esclarecimentos de Allan Kardec: A primeira de todas é que sejam sérias, na integral acepção da palavra. Importa se persuadam todos que os Espíritos cujas manifestações se desejam são de natureza especialíssima; que, não podendo o sublime aliar se ao trivial, nem o bem ao mal, quem quiser obter boas coisas precisa dirigir se a bons Espíritos. Não basta, porém, que se evoquem bons Espíritos; é preciso, como condição expressa, que os assistentes estejam em condições propícias, para que eles assintam em vir. Ora, a assembleias de homens levianos e superficiais, Espíritos superiores não virão, como não viriam quando vivos (encarnados). Uma reunião só é verdadeiramente séria, quando cogita de coisas úteis, com exclusão de todas as demais. (9)
Qualificando de instrutivas as comunicações, supomo-las verdadeiras, pois o que não for verdadeiro não pode ser instrutivo, ainda que dito na mais imponente linguagem. Nessa categoria, não podemos, conseguintemente, incluir certos ensinos que de sério apenas têm a forma, muitas vezes empolada e enfática, com que os Espíritos que os ditam, mais presunçosos do que instruídos, contam iludir os que os recebem. Mas, não podendo suprir a substância que lhes falta, são incapazes de sustentar por muito tempo o papel que procuram desempenhar. A breve trecho, traem-se, pondo a nu a sua fraqueza, desde que alguma sequência tenham os seus ditados, ou que eles sejam levados aos seus últimos redutos. (6)
ANEXO
(Carmen Cinira)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 74. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo X, item 133, p. 181 .
2. Idem - Item 134, p. 181.
3. Id. - Item 135, p. 181-182.
4. Id. - Item 136, p. 182.
5. Id. - Item 137, p. 182-183.
6. Idem, ibidem - p.183.
7. Idem - Capítulo XXIV, item 263, p. 331.
8. Id. - Item 266, subitem 4.º, p. 333.
9. Idem - Capítulo XXIX, item 327, p. 423-424.
10. Idem - O Que é o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo II (Noções Elementares de Espiritismo), item 35. Comunicação com o mundo invisível, p. 163.
11. Id. - Item 36, p. 163.
12. Id. - Item 37, p. 164.
13. Id. - Item 38, p. 164.
14. Id. - Item 43, p. 165.
15. Id. - Item 44, p. 166.
16. Id. - Item 46, p. 166-167.